AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE PERCEVEJO E CIGARRINHA EM MILHO

Fernando Alves de Albuquerque
Luciana Maestro Borges
Thais de Oliveira Iácono
Nayra Cristiane de Souza Crubelati
André de Carvalho Singer

            Dentre as pragas que ocorrem na cultura do milho, o percevejo barriga-verde Dichelops spp. Destaca-se como uma das espécies mais prejudiciais, por alimentar-se na base das plântulas e atingir o tecido em formação, no ponto de crescimento (Gassen, 1996).   Juntamente com o percevejo barriga-verde, várias espécies de cigarrinhas, como Dalbulus maidis (DeLong e Wolcott), também podem causar danos às plantas de milho pela extração de seiva, injeção de saliva tóxica e, principalmente, pela inoculação de agentes causadores de doenças, como micoplasmas e vírus (Silva et al. 1993).

            O controle químico de Dichelops spp. e D. maidis pode ser realizado por meio de pulverização foliar de inseticidas ou por tratamento de sementes,  e o bom desempenho do inseticida thiamethoxam no controle destas pragas tem sido relatado em diversos trabalhos de pesquisa (Cruz et al., 1999, Bianco e Nishimura, 2000; Albuquerque et al., 2004).

            A associação do inseticida piretróide lambdacyhalotrina ao neonicotinóide thiamethoxam (Engeo Maxx) permite maior espectro de ação,  atuação em diferentes sítios toxicológicos dos insetos-praga e cria novas possibilidades de manejo para importantes pragas do milho.  Tendo em vista esses fatos, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de thiamethoxam (Cruiser 350 FS) aplicado via tratamento de sementes; thiamethoxam + lambdacyhalotrina (Engeo Maxx) aplicado via foliar, e combinações desses tratamentos, no controle de Dichelops spp. e D. maidis, na cultura do milho.

O experimento foi instalado no Município de Maringá  (PR), na safrinha de  2004, utilizando-se o híbrido Exceler, em sistema de plantio direto, com espaçamento de 0,9 m entre linhas. O plantio foi feito em 7/2/04 e a emergência das plantas ocorreu em 13/2/04. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados, com oito tratamentos e quatro repetições, sendo cada parcela constituída de oito linhas de plantas, com oito metros de comprimento.

Os tratamentos utilizados encontram-se descritos na Tabela 1.  O inseticida Cruiser 350 FS foi aplicado via tratamento de sementes, enquanto Engeo Maxx e combinações com o Cruiser 350 FS foram aplicados via pulverização foliar, aos dez dias após a emergência das plantas (D.A.E.). Na operação de pulverização de Engeo Maxx foi utilizado um pulverizador costal pressurizado, munido de cilindro de CO2 e bico do tipo leque 11005. Foram gastos aproximadamente 200 litros por hectare de calda.
 

Tabela 1. Características e doses dos produtos empregados no controle do percevejo barriga-verde Dichelops spp. e cigarrinha Dalbulus maidis na cultura do milho. Maringá (PR), 2004

Produtos  Ingrediente ativo  Dose p.c.(1) Dose i.a.(2)
1. Engeo Maxx thiamethoxam + lambdacyhalothrina 150 ml ha-1 21,15 g + 15,90 g
2. Engeo Maxx thiamethoxam + lambdacyhalothrina 200 ml ha-1 28,20 g + 21,20 g
3. Engeo Maxx thiamethoxam + lambdacyhalothrina 250 ml ha-1 35,25 g + 26,50 g
4. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

thiamethoxam

thiamethoxam + lambdacyhalothrina

600 ml/100 kg de sementes

150 ml ha-1

210 g

21,15 g + 15,90 g

5. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

thiamethoxam

thiamethoxam + lambdacyhalothrina

600 ml/100 kg de sementes

200 ml ha-1

210 g

28,20 g + 21,20 g

6. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

thiamethoxam

thiamethoxam + lambdacyhalothrina

600 ml/100 kg de sementes

250 ml ha-1

210 g

35,25 g + 26,50 g

7. Cruiser 350 FS thiamethoxam 600 ml/100 kg de sementes 210 g
8. Testemunha - - -
(1). P.C.: produto comercial. (2) I.A.: ingrediente ativo.

 

              A avaliação de percevejo barriga-verde foi realizada aos 31 D.A.E. (correspondendo a 21 dias após a pulverização), a partir da observação dos sintomas de ataque provocados pelos insetos em 40 plantas localizadas em duas linhas centrais de cada parcela, sendo consideradas como atacadas as plantas que apresentavam sintomas severos de ataque, ou seja, atrofiadas ou perfilhadas.

Danos provocados por percevejo barriga-verde em plantas de milho

          As avaliações de cigarrinha foram feitas aos 13 e 17 D.A.E. (três e sete dias após a pulverização) contando-se o número de insetos presentes ao longo de cinco metros de linha de plantas (25 plantas por parcela).

Avaliação de cigarrinhas

 

              Os resultados das avaliações foram submetidos à análise estatística pelo teste F e as médias comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. A porcentagem de eficiência dos inseticidas foi calculada por meio da fórmula de Abbott.

O resultado dos diferentes tratamentos empregados no controle do percevejo barriga-verde em plantas de milho encontra-se descrito na Tabela 2. Constatou-se que todos os tratamentos químicos diferiram estatisticamente da testemunha. Os tratamentos 1, 2 e 3, à  base de Engeo Maxx em pulverização, não diferiram estatisticamente entre si e tiveram desempenho insatisfatório, com taxas de controle de 40%, 45% e 55% respectivamente. Esses tratamentos diferiram significativamente dos 4, 5 e 6, à base de Cruiser 350 FS mais Engeo Maxx (150, 200 e 250 ml/ha), com taxas de controle de 81%, 83% e 89% respectivamente.
 

Tabela 2. Efeito de diferentes tratamentos empregados no controle de Dichelops spp. na  cultura do milho. Maringá (PR), 2004.
Tratamentos Dose p.c.

(31 D.A.E.) (1) 

Plantas atacadas (2) % Eficiência (3)
1. Engeo Maxx 150 ml ha-1 6,4  b 40
2. Engeo Maxx 200 ml ha-1 5,8  b 45
3. Engeo Maxx 250 ml ha 4,8  bc 55
4. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

150 ml ha-1

2,0  d 81
5. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

200 ml ha-1

1,8  d 83
6. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

250 ml ha-1

1,2  d 89
7. Cruiser 350 FS 600 ml/100 kg de sementes 3,0  cd 72
8. Testemunha - 10,6  a -
C.V. (%)   25,63  

(1) Dias após a emergência das plantas (correspondendo a 21 dias após a pulverização com Engeo Maxx).
(2) Média dos dados originais: médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
(3) Calculado pela fórmula de Abbott.


          O resultado dos diferentes tratamentos empregados no controle de D. maidis em plantas de milho encontra-se descrito na Tabela 3.  Aos 13 D.A.E. constatou-se que todos os tratamentos químicos diferiram estatisticamente da testemunha, mas não entre si, e apresentaram  bom desempenho no controle da cigarrinha do milho, com taxas de controle variando de 85% a 97%.
 

Tabela 3. Efeito de diferentes tratamentos empregados no controle de Dalbulus maidis na cultura do milho. Maringá  (PR), 2004.

Tratamentos Dose  p.c.

13 D.A.E. (1)

17 D.A.E. (2)

Média (3) % E (4) Média % E
1. Engeo Maxx 150 ml ha-1 1,5 b 85 2,8 b 73
2. Engeo Maxx 200 ml ha-1 0,8 b 92 2,0 bc 81
3. Engeo Maxx 250 ml ha-1 0,5 b 95 1,8 bc 83
4. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

150 ml ha-1

0,5 b 95 1,0 bc 91
5. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

200 ml ha-1

0,3 b 97 1,0 c 91
6. Cruiser 350 FS +

Engeo Maxx

600 ml/100 kg de sementes

250 ml ha-1

0,3 b 97 0,8 c 92
7. Cruiser 350 FS 600 ml/100 kg de sementes 1,5 b 85 2,5 bc 76
8. Testemunha - 10,0 a 10,5 a -
C.V. (%)   37,37   29,26  

(1) Dias após a emergência (correspondendo a três dias após a pulverização com Engeo Maxx).
(2) Dias após a emergência (correspondendo a sete dias após a pulverização com Engeo Maxx).
(3) Média dos dados originais: médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
(4) Calculado pela fórmula de Abbott.


          Aos 17 D.A.E., verificou-se que, novamente, todos os tratamentos químicos diferiram estatisticamente da testemunha. Os tratamentos 1, 2 e 3, à base de Engeo Maxx em pulverização, não diferiram entre si, os tratamentos 2 e 3 também não diferiram  dos tratamentos 4, 5 e 6, à base de Cruiser 350 FS + Engeo Maxx (150, 200 e 250 ml ha-1) em pulverização. Observou-se que, tanto as pulverizações de Engeo Maxx nas doses de 200 e 250 ml ha-1 quanto as aplicações de Cruiser 350 FS + Engeo Maxx em pulverização tiveram bom desempenho no controle da cigarrinha, com taxas de controle variando de 81% a 92%.

Como conclusão, pode-se afirmar que nos tratamentos testados observaram-se diferentes desempenhos no controle das diversas pragas avaliadas; os tratamentos à base de Cruiser 350 FS (600 ml/100 kg de sementes) + Engeo Maxx (150, 200 e 250 mL ha-1) em pulverização tiveram bom desempenho tanto no controle do percevejo barriga-verde quanto no controle da cigarrinha do milho.

 REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, F.A.; BORGES, L.M.; IACONO, T.O.; CRUBELATI, N.C.S.; SINGER, A.C.  Avaliação da eficiência de Engeo Maxx e Cruiser 350 FS no manejo de pragas da cultura do milho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 20, 2004, Gramado. Resumos... Gramado: SEB/Embrapa Uva e Vinho, 2004. p.326.

BIANCO, R.; NISHIMURA, M. Eficiência do thiamethoxam 700 WS no controle do percevejo barriga verde (Dichelops spp) e efeito no vigor inicial do milho. In:  CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 23., 2000, Uberlândia. Resumos... Sete Lagoas: ABMS/Embrapa Milho e Sorgo/Universidade Federal de Uberlândia, 2000. p.169.

CRUZ, I.; VIANA, P.A.; WAQUIL, J.M. Manejo das pragas iniciais do milho mediante o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos. Sete Lagoas: EMBRAPA: CNPMS, 1999. 39p. (Circular Técnica, 31).

GASSEN, D.N. Manejo de pragas  associadas  à  cultura  do  milho.  Passo Fundo: Aldeia Norte, 1996. 134p.

SILVA, H.P.; PEREIRA, O.A.P.; REZENDE, I.C. Controle do complexo “enfezamento do milho”  através do uso de inseticidas. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 19, p. 408, 1993.

* Trabalho apresentado no VIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, realizado em Assis de 21 a 23 de novembro de 2005 e publicada nos Anais do evento (impresso e CD-Rom)


Fernando Alves de Albuquerque possui graduação em Agronomia pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Agronomia (Entomologia Agrícola) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutorado em Agronomia (Proteção de Plantas) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004). Atualmente é Professor Titular da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitossanidade. Atuando principalmente nos seguintes temas: Milho - doenças e pragas, tripes, Amostragem, Thy.
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Contato: faalbuquerque@uem.br ou albuquerquefernando@bol.com.br

Luciana Maestro Borges é Aluna de Pós-graduação em Horticultura, FCA-UNESP, Fazenda Lageado, Botucatu (SP).
Thais de Oliveira Iácono
atualmente é Membro de grupo de pesquisa da Universidade Estadual de Maringá.
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thaisiacono@yahoo.com.br

Nayra Cristiane de Souza Crubelati é Acadêmica do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá, PR.
Contato:
nayracristiane@hotmail.com

André de Carvalho Singer é Acadêmico do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá, PR.
C
ontato: andre.singer@pop.com.br


 

Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

ALBUQUERQUE, F. A. de, BORGES, L.M., IÁCONO, T.O., CRUBELATI, N.C.S, SINGER, A.C. Avaliação da eficiência de inseticidas no controle de percevejo e cigarrinha em milho. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/eficiencia/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 07/11/2006

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