ASPECTOS TÉCNICOS DO CULTIVO DA FIGUEIRA

Rafael Pio
Edvan Alves Chagas
Wilson Barbosa
Fernando Antonio Campo Dall'Orto

 

          Frutífera da família Moraceae, originária da região arábica mediterrânea, apresenta folhas caducas que caem no outono-inverno. A figueira se desenvolve melhor nas regiões subtropicais temperadas, mas é de comportamento cosmopolita, com grande capacidade de adaptação climática. Apresenta porte arbustivo nos pomares paulistas, conduzidos sob poda drástica. Os figos destinam-se ao consumo in natura ou à industrialização, em forma de doces em calda (verdes e inchados), cristalizados, figada e secos do tipo rami.

Cultivar: Roxo de Valinhos ou clonal similar.

Mudas e época de plantio: as mudas são produzidas a partir de estacas enraizadas. A época de realização do plantio vai depender do tipo de mudas disponível: Mudas de raízes nuas: em junho a julho; em recipientes: em qualquer época, porém, de preferência, na estação das águas. Utilizar mudas provenientes de viveiros livres de nematóide; evitar o aproveitamento de filhotes que se formam junto do tronco das plantas adultas. A estaquia direta no campo é um processo de multiplicação que pode ser conveniente pela maior rapidez na implantação do figueiral, sob condições favoráveis de clima e solo.

Espaçamento: se o plantio for destinado ao consumo in natura, deve-se adotar o espaçamento de 2,5 x 2,5m ou 3 x 2m. Se o objetivo for figo para indústria, recomenda-se usar 3 x 1m ou 2,5 x 1,5m.

Mudas necessárias: 1.600/ha (mesa) e 3.300/ha (indústria).

Calagem e Adubação: de acordo com a análise de solo, aplicar o calcário para elevar a saturação por bases a 70%. Aplicar o corretivo em área total, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem.

As covas para o plantio devem ter dimensões de 40x40x40cm. A primeira camada de solo (até os 30 cm iniciais), é separada do subsolo (demais 30 cm) e misturada com 5Kg de esterco de galinha ou 20Kg de esterco de curral curtido, 1Kg de calcário, 100g de P2O5 e 50g de K2O. Essa mistura é colocada no fundo da cova, completando-se o que faltar com a terra provinda da raspagem superficial do terreno. A do subsolo é utilizada para a construção da bacia ao redor da muda, após o plantio.

No demais anos, realizar a adubação de acordo com a análise do solo e/ou foliar.

Irrigação: aconselhável nas estiagens da primavera de modo localizado e, de preferência, por gotejamento.

Outros tratos culturais: poda anual drástica de inverno e desbrotas, para manter a copa arejada, com 6 a 12 ramos por planta; manter espessa camada de cobertura morta, com capim gordura ou bagacilho de cana.

Controle de pragas e doenças: as principais pragas que atacam a figueira são: broca dos ponteiros, coleobrocas e broca da seca da figueira. Quanto às doenças, pode-se citar: nematóides, ferrugem, antracnose, podridão dos frutos maduros, secas dos ramos, bacteriose e mancha de cercospora. Para o controle recomenda-se realizar,    no inverno, a caiação do tronco e no período de  vegetação, aplicação de inseticidas + óleo mineral e fungicidas combinados com calda bordalesa ou produtos a base de cobre.

Colheita: o período de colheita vai depender da época de poda e do destino do fruto a ser produzido. De modo geral, colhe-se o fruto de novembro a maio.

Produtividade normal: 20 a 22 t/ha de frutos maduros ou inchados, ou 10 t/ha de verdes em pomares adultos racionalmente conduzidos.

Bibliografias Consultadas

BARBOSA, W.; POMMER, C.V.; RIBEIRO, M.D.; VEIGA, R.F.A. & COSTA, A.A. Distribuição geográfica e diversidade varietal de frutíferas e nozes de clima temperado no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.25, n.2, p.341-344, 2003.

CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; OJIMA, M. & RAIJ, B. van. Frutas de Clima Temperado: II. Pêra, figo, maçã, marmelo e pêssego em pomar compacto. In: RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. Campinas, Instituto Agronômico, 1996. (Boletim, 100) p. 139-140.

OJIMA, M.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W. & RAIJ, B. van. Frutas de Clima Temperado: I. Ameixa, nêspera, pêssego, nectarina e damasco-japonês (umê). In: RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. Campinas, Instituto Agronômico, 1996. (Boletim, 100) p. 137-138.

OJIMA, M.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R.; CASTRO, J.L. & SABINO, J.C. Pêssego, nectarina, ameixa, caqui, nêspera, nogueira-macadâmia, figo e pecã. In: INSTRUÇÕES AGRICOLAS PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS ECONÔMICAS. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. (Boletim, 200).


RAFAEL PIO, Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (2001), mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal de Lavras (2002) e doutorado em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (2005). Atualmente é professor da Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura de clima temperado, atuando principalmente nos seguintes temas: produção de mudas, manejo cultural e melhoramento genético de frutas de clima temperado com baixa exigência ao frio. É especialista com as seguintes frutas: marmelo, nêspera e figo.
Contato:
rafaelpio@unioeste.br

EDVAN ALVES CHAGAS, Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas (2000), Mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal de Lavras (2003) e Doutorado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual Paulista/FCAV/UNESP (2005). Atualmente é pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: Manejo, Propagação e Melhoramento de Fruteiras de Clima Temperado e Técnicas Biotecnológicas aplicadas ao Melhoramento de Fruteiras.
Contato: echagas@iac.sp.gov.br

FERNANDO ANTONIO CAMPO DALL`ORTO, Eng. Agrônomo formado pela ESALQ/USP e com Mestrado em Energia Nuclear na Agricultura, em 1982 (CENA). Iniciou suas atividades de pesquisa no Estado de São Paulo em 23 de agosto de 1973 e, atualmente, já há quinze anos, ocupa o cargo de Pesquisador Científico Nível VI, do Instituto Agronômico (IAC). Publicou inúmeros artigos técnicos e científicos em periódicos especializados, livros e capítulos de livros,  Boletins Técnicos, Circulares e na Série Documentos do IAC. Em suas atividades profissionais interagiu com inúmeros pesquisadores e outros colaboradores em autoria ou co-autoria de inúmeros trabalhos científicos, no lançamento comercial de inúmeros cultivares frutíferos e divulgando uma série de novas técnicas frutíferas. É bolsista produtividade do CNPq e atua na área de manejo e melhoramento de plantas frutíferas.

WILSON BARBOSA, Biólogo, concluiu o mestrado em Agronomia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em 1989. Atualmente é Pesquisador Científico VI, do Instituto Agronômico (IAC), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Publicou inúmeros artigos técnicos e científicos em periódicos especializados, livros e capítulos de livros,  Boletins Técnicos, Circulares e na Série Documentos do IAC. Em suas atividades profissionais interagiu com inúmeros pesquisadores e outros colaboradores em autoria ou co-autoria de inúmeros trabalhos científicos, no lançamento comercial de inúmeras cultivares frutíferas e divulgando uma série de novas técnicas frutíferas. É pesquisador produtividade do CNPq e já recebeu 2 prêmios na área de pesquisa e desenvolvimento agrícola. Atua na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e Uso de Recursos Genéticos de Frutíferas.
Contato:wbarbosa@iac.sp.gov.br


 

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Dados para citação bibliográfica(ABNT):

PIO, R.; CHAGAS, E.A.; BARBOSA, W.; DALL `ORTO, F.A.C.. Aspectos técnicos do cultivo da figueira. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_1/figueira/index.htm>. Acesso em: 29/11/2006


Publicado no Infobibos em  10/01/2007