AMORA-PRETA: A PEQUENA FRUTA COM ELEVADO POTENCIAL DE CULTIVO

Edvan Alves Chagas,
Rafael Pio,
Wilson Barbosa,
Fernando Antonio Campo Dall’Orto
Vander Mendonça
 

            Dentre as várias opções de espécies frutíferas com boas perspectivas de comercialização, surge à amora-preta (Rubus sp.) como umas das mais promissoras. A amora-preta é uma das espécies que tem apresentado sensível crescimento nos últimos anos no Rio Grande do Sul, Sul de Minas Gerais e tem elevado potencial para São Paulo. No Rio Grande do Sul, a amora-preta tem tido grande aceitação pelos produtores, devido ao seu baixo custo de produção, facilidade de manejo, rusticidade e pouca utilização de defensivos agrícolas.

            A amora-preta, assim como a framboesa, faz parte de um grande grupo de plantas do gênero Rubus, bastante complexo e muito heterogêneo. São espécies expontâneas na Ásia norte ocidental, Europa, África do Norte, América do Norte e regiões de clima temperado do Hemisfério Sul.

No Rio Grande do Sul, a amora-preta tem tido grande aceitação pelos produtores, devido ao seu baixo custo de produção, facilidade de manejo, rusticidade e pouca utilização de defensivos agrícolas. A produtividade pode alcançar até 10.000 kg/ha/ano sob condições adequadas. No Estado de São Paulo, a região de Campos do Jordão é a mais representativa e em Minas Gerais os primeiros plantios estão sendo realizados em Caldas, Baependi e Barbacena. Regiões de clima temperado de altitude (superiores a 1.000 metros) são as preferencialmente exploradas.

As frutas podem ser usadas para consumo ‘in natura’ ou industrializados na forma de sucos naturais e concentrados, fruta em calda, polpa para sorvetes, corantes naturais e produtos geleificados, como geléias e doces cremosos. Além dessa versatilidade, a tecnologia de industrialização é simples e acessível.

            Outra característica peculiar aos pequenos frutos são suas propriedades nutraceuticas. A amora-preta in natura é altamente nutritiva. Contém 85% de água, 10% de carboidratos, com elevado conteúdo de minerais, vitaminas B e A e cálcio.  Pode ser consumida de outras formas como geléias, suco, sorvete e yogurtes

            A amora-preta é uma espécie arbustiva de porte ereto ou rasteiro, que produz frutos agregados, com cerca de 4 a 7 gramas de coloração negra e sabor ácido a doce-ácido. Apresentam em suas principais variedades comerciais espinhos, que exigem do operador da colheita muito cuidado com sua integridade física e com a qualidade do fruto. São plantas que só produzem em ramos de ano, sendo após a colheita eliminados, enquanto alguns ramos estão produzindo, outras hastes emergem e crescem renovando o material para a próxima produção.

Propagação

A propagação da amora-preta se faz através de estacas de raízes onde estas, por ocasião do repouso vegetativo, são preparadas e enviveiradas em sacolas plásticas. Podem ser usados brotos (rebentos), originados das plantas cultivadas. Também a propagação através de estacas herbáceas é uma das alternativas viáveis.

            Outra forma de obter muda de excelente qualidade é através da micropropagação via cultura de tecidos.

 

Cultivares

            Os principais cultivares recomendados para as diversas regiões brasileiras são: ‘Xavante’ e ‘Ébano’ (sem espinhos), ‘Guarani, ‘Tupi’, ‘Choctaw’, ‘Comanche’, ‘Cherokee’, ‘Caingangue’ e ‘Brazos’.

Sistema de cultivo

A amoreira-preta desenvolve-se bem em solos drenados e medianamente ácidos com pH em torno de 5,5 a 6,5. O manejo das plantas é simples, devendo-se tomar maiores cuidados com a adubação, controle de invasoras, podas de limpeza e desponte e, particularmente com a colheita, devido à elevada sensibilidade dos frutos. O plantio pode ser realizado tanto a céu aberto como em estufas.

 

Doenças e Pragas

Uma das principais doenças da cultura é a antracnose [Elsinoe veneta (Burkh) Jenkins], podendo levar à morte das hastes de frutificação. Outra doença bastante importante na cultura é chamada de enrosetamento [Cercosporella rubi (G. Wint) Plakidas], que ataca cultivares de crescimento ereto e decumbentes, sendo limitante para o gênero Rubus. Os sintomas são o aparecimento de rosetas que podem resultar numa mudança de fenótipo da planta, provocando redução de produção, da qualidade das frutas e em casos severos, até a morte da haste.

A presença de ferrugem nas folhas e podridões causadas por Botrytis nas frutas, são bastante comuns na época das chuvas, mas não vem a causar sérios problemas em pomares bem manejados.

Quanto a pragas, a incidência de ácaros e lagartas propiciam o enrolamento das folhas.

Comercialização

Quanto à forma de comercialização, observa-se, no mercado ‘in natura’, a presença de embalagens semelhantes às utilizadas para morango, onde, em cada “cumbuca”, são ofertados em torno de 120 a 150 gramas de frutas de amoreira-preta.


 

Edvan Alves Chagas

Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Pesquisador Científico do Centro APTA Frutas / Instituto Agronômico (IAC), Jundiaí (SP). Email: echagas@iac.sp.gov.br.

 

Rafael Pio

Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Professor Adjunto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon (PR). Email: rafaelpio@hotmail.com.

 

Wilson Barbosa

Biólogo, Pesquisador Científico do Centro Experimental Central/Instituto Agronômico (IAC); CP 28; CEP 13.001-970; Campinas/SP. E-mail: wbarbosa@iac.sp.gov.br.

 

Fernando Antonio Campo Dall’Orto

Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Pesquisador Científico do Centro APTA Frutas / Instituto Agronômico (IAC), Jundiaí (SP). Email: facampo@iac.sp.gov.br.

 

 

Vander Mendonça

Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Prof. Adjunto da Universidade Federal Rural do Semi-Árido Nordestino-UFERSA, Mossoró-RN. vander@ufersa.edu.br.

 

 

Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CHAGAS, E.A.; PIO, R.; BARBOSA, W.; DALL `ORTO, F.A.C..; MENDONÇA, V. Amora-preta: a pequena fruta com elevado potencial de cultivo. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_2/amora/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em  12/04/2007 

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