Utilização da ultra-sonografia na avaliação de características de carcaça de ovinos

Mauro Sartori Bueno
Luiz Eduardo dos Santos
Eduardo Antonio da Cunha

Cecília José Veríssimo

A qualificação da carcaça de cordeiros, com vista a sua maior valorização pelo mercado consumidor, é feita com base na sua conformação e composição. Definem o valor da carcaça, a proporção entre as diferentes partes, ou cortes, quais sejam: o traseiro, o dianteiro, baixos e o costilhar; as proporções entre carne, osso e gordura e a distribuição desses diferentes tecidos em cada um dos cortes e leva em conta, ainda, as medidas de partes específicas relacionadas à características de maior interesse comercial.

O estudo da composição tecidual (ossos, gordura e músculos) da carcaça e de proporção de cortes, executado através da dissecação total da carcaça e de cada um dos cortes (traseiro, dianteiro e costilhar) é um processo trabalhoso e caro, todavia importante para possibilitar a correta avaliação do animal abatido, em termos do seu desempenho e das características da carcaça, dando condições para se buscar, de um lado, uma remuneração adequada ao produtor e, de outro, a garantia de atendimento às exigências do mercado, tanto nacional como de exportação.

Além do método de avaliação direta, as estimativas da composição das carcaças também podem ser feitas através de métodos de avaliação indireta, entre eles através da mensuração da espessura da gordura subcutânea tomada acima do músculo longissimus dorsi, medida essa que apresenta boa correlação com o teor total de gordura da carcaça. Também a medida da área e/ou altura da secção do músculo longissimus dorsi  (“olho de lombo”) pode ser utilizada na avaliação da carcaça visto apresentar coeficiente de correlação relativamente alto com a proporção de músculo na carcaça.

Estudos vem sendo conduzidos com o objetivo de avaliar a possibilidade de uso rotineiro da ultra-sonografia na determinação da gordura subcutânea, bem como da área e altura do “olho de lombo”, em cordeiros, visando o estudo das características de carcaça, visando facilitar, bem como reduzir custos no trabalho de avaliação dos animais.

O uso da ultra-sonografia possibilitaria ainda, por permitir a avaliação dos animais em “tempo real”, sem a necessidade do abate, o estudo do potencial de desempenho dos animais, no tempo, através da avaliação contínua dos mesmos, bem como a avaliação direta do potencial zootécnico de animais destinados ao uso futuro na reprodução.

Nessa linha de trabalho, animais de diferentes raças e cruzamentos, de ambos os sexos e com diferentes pesos, vem sendo avaliados, previamente ao abate, na Unidade de Ovinos, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Zootecnia Diversificada, do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa (SP), com o uso de equipamento de ultra-sonografia.

A leitura de ultra-som é tomada pela manhã, com auxílio de um aparelho Scan Vet 200 – Pie Medical, utilizando transdutor (“probe” - Animal Science Probe ASP-18), linear de 18 cm e 3,5 MHz , sendo os dados transferidos para um micro-computador portátil com auxílio do “software” ODT (Optical Data transfer – Pie Medical) 5 mhz). A leitura é feita no flanco de cada animal, à altura da 12/13 costelas, realizando três medidas consecutivas de cada lado do animal (para efeito de amostragem considerar-se-á a média das três medidas, para cada lado). Mensurou-se a altura da camada de gordura sub-cutânea, a altura máxima do músculo, o comprimento máximo e a área.

Posteriormente, após jejum de 24 horas (peso ao abate), os animais são abatidos.  As carcaças são pesadas (peso carcaça quente), sendo então armazenadas à temperatura de 3°C, por 48 horas e novamente pesadas (peso carcaça fria), determinando-se o rendimento de carcaça fria.

Os cortes para avaliação das carcaças são efetuados conforme descrito em BUENO et al. (2000b). Atribuiu-se nota para a cobertura de gordura das carcaças de 0 a 5; corta-se a carcaça ao meio e na meia carcaça esquerda mensura-se o comprimento interno, a profundidade do tórax, o perímetro (PP) e o comprimento da perna (CP), a relação entre estas(PP/CP) e determina-se  o  grau  de  compacidade  das  carcaças  (peso  da  carcaça fria/comprimento interno).

Em cada uma das meia-carcaças mede-se a altura máxima, o comprimento  máximo e a área de olho de lombo, bem como a espessura da gordura de cobertura no corte efetuado entre a 12a-13a costelas.

A meia carcaça esquerda é separada nos cortes: dianteiro, traseiro e costilhar e efetuando-se a separação física em ossos, gordura e músculos. As carcaças são moídas, homogeneizadas e tomadas amostras, que, após liofilização, são encaminhadas para determinação do teor de matéria seca (ms) e de extrato etéreo (ee).

Com os dados obtidos nesses estudos tem se procurado definir equações para a predição dos teores dos diferentes tecidos, músculos, ossos e gordura, no total da carcaça.

 


Mauro Sartori Bueno, Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA, Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil; Mestrado em Zootecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. ; Doutorado em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura)-[Cena]. Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Pós-Doutorado, Escola Superior Agrária de Bragança Instituto Politécnico de Bragança, ESAB-IPB, Portugal.
Contato:
msbueno@iz.sp.gov.br
 

Luiz Eduardo dos Santos; Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA, Graduação em Engenharia Agronômica. Universidade de São Paulo, USP, Brasil; Mestrado em Nutrição Animal - Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
Contato: cunha@iz.sp.gov.br

 

Eduardo Antonio da Cunha; Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA, Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Contato: cunha@iz.sp.gov.br

 

Cecília José Veríssimo, Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA, Graduação em Medicina Veterinária. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Brasil.Especialização em Curso de Especialização em Zootecnia (Ruminantes).
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Brasil. Mestrado em Zootecnia.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Contato: cjverissimo@iz.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citadas a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

BUENO, M. S.; CUNHA, E. A.; SANTOS, L. E. dos; VERÍSSIMO, C. J.. Utilização da ultra-sonografia na avaliação de características de carcaça de ovinos. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_2/ultra/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 30/05/2007