Comportamento do Mercado Exterior de Flores e Plantas

Juliana Rolim Salomé

O Brasil participou em 2005 com cerca de 0,3% do mercado internacional de produtos da floricultura, que atualmente gira em torno de US$9,4 bilhões segundo dados do Commodity Trade Statistic Database, United Nations (Laws,2005).

O Brasil nunca foi um grande exportador de flores e plantas ornamentais, contudo a exportação de produtos da floricultura brasileira, em termos de valor, tem crescido, anualmente, desde 2001, após longo período de estagnação na década de noventa (Castro, 1998).

Grande parte desse resultado pode ser atribuído ao empenho do governo brasileiro em incentivar as exportações do setor, desde o início de 2001, e à determinação das empresas em conquistar novos mercados e de se adequar as exigências externas. Muitos produtores do setor têm know-how e tecnologia de ponta para atender os clientes com produtos de qualidade, seja em forma de mudas, bulbos e flores frescas seja em forma de folhagens (Kiyuna & Angelo, 2006).

Na Figura 1, podemos notar a evolução das exportações brasileiras de flores e plantas ornamentais (US$ milhões) em um período de 12 anos.

Figura 1. Evolução das Exportações Brasileiras de Flores e Plantas Ornamentais, de 1990 a 2000 e 2005.

Ano

1990

1991

1992

1993

1994

1995

US$ milhões

10

11,4

12,5

13

12,5

14

Ano

1996

1997

1998

1999

2000

2005

US$ milhões

11,6

10,6

12

13

12

25

Fonte: Elaborada pela autora com dados obtidos no DECEX 2001/2005

Em 2005 a exportação de flores e plantas ornamentais totalizou US$25,8 milhões, sendo os principais países de destino Holanda (46% do total), EUA (27% do total), Itália (9,7%do total), Japão (4,4% do total) e Bélgica (2,2% do total). Tal ordem de grandeza, juntamente com a situação da floricultura brasileira, a sua inserção geográfica no mundo e a questão dos fretes aéreos, determinam em parte, o motivo pelo qual as exportações brasileiras de plantas ornamentais ainda são baixas.  Contudo conforme a evolução, podemos notar um incremento representativo de valor do ano de 2000 para o de 2005. Também na figura 1, podemos notar que em 1994, o Brasil exportou us$ 12,5 milhões. Em 1995, apresentou o maior valor do período, onde alcançou US$ 14 milhões e nos anos seguintes as exportações vieram caindo até 2000, ou se mantendo, não conseguindo ultrapassar o valor de 1995. Contudo houve setores no Brasil, que aumentaram sua participação no ‘’ranking’’ dos produtos de plantas ornamentais exportados. Um deles é o de folhagem fresca que em 1998 exportou US$ 2 mil, no ano de 2000 chegou a US$ 500 mil, e em 2005 este valor foi da ordem de US$1,6 milhões.

A exportação de flores frescas, que desde 1996 apresentava-se em declínio, recuperou-se em 1999, voltando a crescer. Este fato foi devido ao aumento das exportações de rosas brasileiras, as quais nos últimos anos têm recebido altos investimentos, contribuindo de forma geral para a melhoria de sua qualidade. Em 1996 este valor era de US$ 400mil e em 2005 foi de US$5,2 milhões.

O setor de mudas em 1996, que apresentou valor de exportação da ordem de US$6,7 milhões, começou a decrescer em 1999, chegando a US$6,4 milhões. Em quantidades exportadas, contudo, notou-se um ligeiro crescimento, e em 2005 se apresentou como o principal produto exportado totalizando US$ 12,3 milhões. No que se refere ao setor de bulbos, rizomas e tubérculos, em 1996 o Brasil exportava US$ 2,8 milhões, passando em 2005 para US$ 6,7 milhões. Neste período houve uma queda nas exportações em quantidade, devido ao fato substituição dos bulbos de gladíolo por bulbos de amarílis, os quais possuem um maior preço. Assim embora neste período (1996 – 2000) tenham sido exportados menos bulbos, o valor recebido pelos exportadores foi maior (Motos, 2001).

Dentro deste panorama podemos então evidenciar o comportamento das quatro categorias dentro do mercado internacional de flores e plantas ornamentais. Em 1996 a categoria de mudas respondeu por 58% do total das exportações (em valores monetários), bulbos veio em seguida com 24%, flores com 0,03% e folhagem com aproximadamente 0%. Já em 2005 podemos notar que este cenário se modificou com relação à  algumas categorias; a categoria de mudas passou a responder por 48% de nossas exportações, bulbos por 25,9%, flores 19,4 % e folhagens 6,2% (dados baseados SECEX, 1996 a 2000 e 2006).

Em termos de importação o Brasil gastou cerca de US$ 4 milhões, em 1996, enquanto que no ano de 2000, esse valor subiu para próximo de US$ 5,0 milhões e em 2005 obteve um valor de US$5,6 milhões. Somente o segmento de bulbos, tubérculos e rizomas que representou em 1996, 17%, em 2000 passou a 35% e em 2005 para 37%. O segmento de mudas ornamentais também teve um acréscimo: em 1996 importou-se 12% do valor total, em 2000 passou-se a 23% e em 2005 para 44,6%. O aumento do valor das importações está mais correlacionado aos dois segmentos citados acima, pois estes contextualizam o “draw back”, no qual o Brasil importa materiais de propagação, reexportando a outros países bulbos já formados, mudas formadas, etc., ou então o país internacionaliza estes produtos no mercado.

Já a categoria de flores apresentou em 1996 59% do valor de importação, sendo que em 2000 passou para 41% e em 2005 para 17,8%, e a de folhagem não apresentou valores significativos, permanecendo ao redor de 0,6%.

BIBLIOGRAFIA

 

CASTRO, C.E.F. Cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. Campinas, v.4, 1998. 46 p.

KIYUNA, I.; ANGELO, J.A. Floricultura: desempenho do comércio exterior em 2005. Análises e Indicadores de Agronegócio, v.1, n.2, fev.2006.

LAWS, N. 2003: a strong year for floriculture. FloraCulture International, Batavia, v.15, n.2, p.26-29, 2005.

MOTOS, J.R. Apostila “Flor de Corte”. Holambra, 2000. 1-7 p.

 

* Origem: Apta Regional -  www.aptaregional.sp.gov.br


Juliana Rolim Salomé é Pesquisadora Científica APTA -Agência Paulista de Tecnologia nos Agronegócios - APTA - Pólo Regional do Centro Sul, UPD Piracicaba, na área de Economia, atuando em: administração rural, desenvolvimento regional, estudos de cadeia de produção, avaliação e análise econômica de projetos agropecuários, plantas medicinais e floricultura. Especialização em Gerenciamento Ambiental-USP Graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz -USP.

Contato: julianarolim@aptaregional.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

SALOMÉ, J.R. Comportamento do mercado exterior de flores e plantas. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_3/flores/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 27/07/2007

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