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O eucalipto no Cerrado do DF: plantio puro e sistema agrossilvipastoril

 

por Sebastião Pires de Moraes Neto

 

A região do Cerrado brasileiro cobre cerca de 150 milhões de hectares, ou 25% do território nacional, onde uma parte significante tem potencial para a produção vegetal. O eucalipto, sendo uma espécie de crescimento rápido e de importância comercial, é uma espécie promissora para ser utilizado nesta região, onde já tem sido muito plantado no Cerrado de Minas Gerais e São Paulo e, no momento, está existindo uma expansão de plantio desta espécie  no Planalto Central brasileiro. Na região do Cerrado do Distrito Federal e áreas edafoclimáticas similares, as espécies e procedências mais recomendadas são o Eucalytus urophylla (Flores, Indonésia), Eucalyptus camaldulensis (Petford, Queensland, Australia) e Eucalyptus cloeziana (Kennedy e Gympie, Queensland).

A madeira do E. urophylla tem densidade mediana e cor clara e pode ser utilizada para celulose, painéis de fibras, serraria, postes, dormentes e carvão. O Eucalyptus cloeziana, além de seu bom crescimento, apresenta fuste reto, livre de galhos e madeira dura e resistente de coloração castanho-amarelada, densidade mediana (maior do que Eucalyptus urophylla), apta para serraria, postes, dormentes, mourões e carvão.

A madeira de Eucalyptus  camaldulensis é de cor avermelhada e densidade similar a do Eucalyptus cloeziana, dura, muito durável e resistente aos cupins, apta para dormentes, construções pesadas, óleo essencial, marcenaria, tanino e carvão, e seu fuste nem sempre é reto. Para seu plantio são usados em geral espaçamentos de 3 m x 2 m, 3 m x 3 m, 1,5-3 m x 1,5 m (carvão) e  2-4 m x 4-16 m para sistemas agrossilvipastoris. Em solos arenosos, de baixa fertilidade, podem ser necessários, num espaçamento de 3 m x 2 m, a aplicação de adubos, com valores aproximados por hectare de: 80 kg de P2O5 e 50 kg de FTE BR12 (coquetel de micronutrientes) na cova de plantio ou na linha do sulco de plantio, 150 kg de N e 180 kg de K2O, em cobertura (coroa, semi-coroa ou na linha de plantio), de preferência aplicados em doses iguais,  em 4 vezes (2 vezes numa estação de chuva e 2 vezes na próxima estação de chuva), uma tonelada de calcário dolomítico e uma tonelada de gesso, de preferência espalhados no terreno e incorporados, para fornecimento de cálcio, magnésio e enxofre e  uma leve correção da acidez do solo. Para controle das formigas, recomenda-se a aplicação de iscas granuladas na época seca anterior ao plantio e, caso precise na época de chuva, usar fumigação.

Em sistemas agrossilvipastoris normalmente são usados espaçamentos para o eucalipto de 4 m x 10 m, onde no primeiro e segundo ano são plantadas culturas agrícolas (arroz, soja, milho, mandioca,...); sendo que para a mandioca é bom que haja uma distância de pelo menos 1,5 m do eucalipto, pois essa farinácea é muito agressiva; e no terceiro ano é  plantada a gramínea, associada ou não a uma leguminosa forrageira e, após sua formação, o gado é solto para o pastoreio.

As gramíneas que têm sido citadas em pesquisas por sua produtividade e tolerância ao sombreamento são a Brachiaria Brizantha cv Marandu (braquiarão), Brachiaria decumbens e Pennisetum purpureum (capim elefante). As leguminosas forrageiras (fixadoras de nitrogênio) que normalmente são associadas a essas gramíneas são Arachis pintoi, Calopogonium muconoides (calopogônio), Pueraria phaseoloides (cudzú tropical) e Centrosema pubescens. Nesses espaçamentos maiores (4 m x 10 m,) se o eucalipto for conduzido para fornecer madeira para serraria ou para laminação é interessante que os galhos das árvores sejam eliminados, obedecendo a proporção de se eliminar 1/3 da copa e deixar 2/3, a partir da permanência das árvores no campo de 2 anos. Após a primeira desrama, as subseqüentes podem ser realizadas anualmente. Em certos arranjos agrossilvipastoris ou  agrossilviculturais são utilizadas em vez da seguinte disposição: uma linha de plantio de eucalipto, espaço para pasto ou culturas agrícolas, outra linha de eucalipto, e assim por diante; aléias de eucalipto (em geral de 3 a 6 linhas contíguas formam uma aléia, com distâncias de 2 a 3 m entre linhas), onde a disposição seria: aléia, espaço para pasto ou culturas agrícolas, outra aléia, e assim por diante.
 

 * Artigo encaminhado ao Infobibos por Liliane Castelões Jornalista da Embrapa Cerrados. Contato: liliane@cpac.embrapa.br


Sebastião Pires de Moraes Neto possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade de São Paulo (1983), mestrado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (1992), doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998) e pós-doutorado em Nutrição Mineral de Plantas pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura - USP. Atualmente é pesquisador PA01 da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Cerrados, Planaltina-DF . Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Nutrição Florestal, atuando principalmente nos seguintes temas: efeito da luminosidade em plantas, substrato artificial para formação de mudas, melhoramento de espécies arbóreas.
Contato: spmoraesn@cpac.embrapa.br



Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

MORAES NETO, S.P. de O eucalipto no Cerrado do DF: plantio puro e sistema agrossilvipastoril. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/eucalipto/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 04/01/2008

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