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Palmeiras ornamentais: a broca-do-olho-das-palmeiras

Francisco José Zorzenon

As palmeiras fazem parte integrante da paisagem de nosso País e são de grande importância na cadeia alimentar, fornecendo folhas, flores e frutos a inúmeras espécies de aves e mamíferos, dentre outras.

São largamente utilizadas como alimento e para a obtenção de óleos e ceras, de grande valor artesanal, além do emprego na ornamentação em praticamente todas as regiões do Brasil. O interesse pelas espécies nativas e tantas outras introduzidas revelam a versatilidade e o fascínio dos homens pelas palmeiras, sendo igualmente apreciadas em parques, jardins ou em plantações comerciais. A família Palmae (Arecaceae) abriga cerca de 3.500 espécies conhecidas, reunidas em 240 gêneros, predominantemente de regiões tropicais, ocorrendo raramente em climas com temperaturas mais amenas.

Muitas pragas são reconhecidas como limitantes às palmeiras, causando sérios comprometimentos no desenvolvimento e no aspecto estético, destruindo folhas, caule (estipe), flores, frutos, sementes e afetando diretamente o vigor e a beleza das plantas.

Uma das principais e mais importantes pragas fitossanitárias e estéticas das palmeiras é a chamada broca-do-olho-das-palmeiras ou broca-do-olho-do-coqueiro, cientificamente denominada Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1764.

Os adultos são besouros negro-aveludados, de grande tamanho, variando entre 46 a 50 mm de comprimento, “bico” longo e levemente recurvado e antenas em forma de cotovelo. Os machos possuem cerdas rígidas, em forma de escova, na parte superior do bico, diferindo das fêmeas, onde o bico é liso e mais afilado. As posturas são efetuadas nas partes tenras das palmeiras (olho ou gema apical) ou em ferimentos pré-existentes, numa média de 250 ovos por fêmea.

A larva não possui pernas (ápoda) e é de tamanho bastante avantajado em sua fase final de crescimento, chegando aos 75 mm de comprimento, possuindo corpo robusto, branco-amarelado, com cabeça bem desenvolvida e de coloração alaranjada. Consomem os tecidos sadios, fazendo galerias e deixando, no interior do estipe, uma coloração avermelhada característica devido provavelmente à ação de bactérias e fungos decompositores presentes nas fezes e restos de tecidos fermentados. Os sintomas mais evidentes do ataque da praga são o amarelecimento e murcha de folhas, tombamento e morte da planta.

R. palmarum adulto
Foto: F.J. Zorzenon
Larva de R. palmarum
Foto: F.J. Zorzenon

Próximo à pupação, a larva constrói, dentro do estipe, um casulo feito com as fibras da planta hospedeira. A praga é um inseto de hábito diurno e pode ser encontrada em todas as fases de desenvolvimento durante todo o ano.

Seu ciclo de vida é relativamente longo, sendo a média de 3 a 4 dias para ovo, 50 a 70 dias para larva, 24 dias para a pupa e 45 a 128 dias para adulto. Portanto, as larvas permanecem nas palmeiras mortas por um longo período, até a eclosão da fase adulta desde que haja quantidade de alimento e umidade suficientes. As palmeiras mortas, estando tombadas ou eretas em seu lugar de cultivo ou exposição, devem ser queimadas e enterradas, evitando-se assim novos focos de criação.

Os odores de fermentação oriundos de exudatos e ferimentos mecânicos pelo corte de folhas ou de estipes atraem insetos adultos e estes, sendo machos, liberam um feromônio (odor característico para cada espécie) de agregação, atraindo indivíduos de ambos os sexos para a planta hospedeira.

O uso de feromônios de agregação na forma de armadilhas é uma forma prática e eficiente no combate e monitoramento da praga. As armadilhas feromônicas consistem de baldes plásticos de 60 ou 100 litros (preferencialmente nas cores verde, amarelo, bege ou branco), em cuja tampa são feitos quatro orifícios circulares de aproximadamente 5 a 6 cm de diâmetro, nos quais são inseridos canos de PVC usados em construção civil, com aproximadamente 15 cm de comprimento, presos à tampa com cola de silicone. Os baldes plásticos deverão ser perfurados na sua base (furos com alguns milímetros) para o escoamento de água das chuvas.

A armadilha deverá conter o feromônio pendurado internamente na tampa e de aproximadamente dez toletes de cana ligeiramente macerados para a obtenção do odor de fermentação.

Armadilha feromônica
Foto: F.J.
Zorzenon

Deverão ser distribuídas na proporção de uma armadilha para dois hectares e monitoradas quinzenalmente para a destruição dos adultos capturados. Normalmente a ação atrativa do feromônio é de 60 dias e a da cana macerada, cerca de 15 dias.

A erradicação de plantas mortas, doentes, infestadas ou não por R. palmarum, junto às armadilhas feromônicas para o monitoramento e controle, mesmo fora da época de pico populacional da praga, são medidas racionais a serem seguidas metodicamente.

Origem: Instituto Biológico - www.biológico.sp.gov.br


Francisco José Zorzenon possui graduação em Biologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1988), especialização em Entomologia Urbana pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2004) e curso-técnico-profissionalizante pelo Colégio Agrícola Benedito Storani (1981) . Atualmente é PESQUISADOR CIENTÍFICO do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico. Tem experiência na área de Zoologia , com ênfase em Entomologia.
Contato: zorzenon@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citada a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

ZORZENON, F.J. Palmeiras ornamentais: a broca-do-olho-das-palmeiras. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/Broca-das-palmeiras/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 24/06/2008

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