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As oliveiras no estado de são paulO

NPMSB/DSMM/CATI

 O Estado de São Paulo tem tradição de produzir frutíferas de clima temperado, como a uva, a ameixa, o pêssego, a nectarina etc. Entretanto, há uma fruteira oriunda das regiões quentes do Mediterrâneo, cujo fruto brasileiro, ainda não está no nosso cardápio diário. Trata-se da oliveira, planta que produz a azeitona, ou oliva, seja para consumo in natura, seja para a produção do seu óleo comestível, o azeite.

 A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), foi o órgão que introduziu, na década de 50, as primeiras oliveiras, no atual Núcleo de Produção de Mudas do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM/CATI), localizado em São Bento do Sapucaí, nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, a 1.000 m de altitude e vizinho de Campos do Jordão e de alguns municípios mineiros.

 O Eng.º Agr.º Osvaldo Andries, que pertencia ao Departamento de Produção Vegetal (PDV), ao qual o atual DSMM era ligado, foi quem trouxe esse material. Até o ano de 1969, o Eng.º Agr.º Shisuto José Murayama, então diretor daquela unidade, produziu mudas de oliveira por estaquia, com o uso de reguladores vegetais com ação hormonal. As estacas eram colocadas para enraizar em canteiros suspensos, com substrato, em estufa de vidro e, assim, foram produzidas apreciáveis quantidades de mudas.

Na época, as olivas eram processadas em soda cáustica (1%) e em salmoura (5%), por 5 semanas e, por fim, em banho-maria, e eram produzidas pelas diversas matrizes da unidade. A variedade Frantoio era a mais apreciada, tanto pelo tamanho quanto pela firmeza. Havia, também, a Ascolana, de tamanho grande, mas de polpa menos firme, e a Arbequina, menor que as demais, mas muito produtiva em azeitonas que produzem azeite de excelente qualidade. Não só em São Bento do Sapucaí havia oliveiras plantadas, mas grande parte estava no Município de Campos do Jordão e em Sapucaí-Mirim (MG), onde existe, ainda hoje, uma oliveira que chegou a produzir mais de 300 kg de azeitonas.

 Tendo em vista as medidas de retomada dos plantios da oliveira em nosso Estado, e nos vizinhos, com base em recentes pesquisas desenvolvidas pela EPAMIG, em Minas Gerais, e EMBRAPA, no âmbito nacional, atualmente o NPM/SB conta com uma grande coleção, incluindo os cultivares Ascolano, Arberquina e outros que têm demonstrado bom potencial de produção em épocas distintas.

 O Eng.º Agr.º Amélio José Berti, diretor do NPM/SB, afirma: “Há anos estamos observando o comportamento de diversas variedades de oliveiras e de outras fruteiras que obtivemos na unidade e, com as pesquisas realizadas no Sul de Minas Gerais, já se podem formar olivais em diversas regiões do país com grande chance de sucesso.”

 “O processo de produção de mudas de oliveiras, aqui em São Bento do Sapucaí, utiliza a enxertia, ou seja, semeia-se o caroço da azeitona que irá gerar o porta-enxerto e busca-se na planta matriz, o ramo que será nele enxertado”, diz a Dr.ª Silvana Catariana Bueno, técnica da unidade.

 “Nós vendemos as mudas que são encomendadas de acordo com as características que o agricultor necessita,” complementa Silvana.

 “Para este ano, há uma programação de produção de mudas, bem maior que a de anos anteriores, por percebermos que, paulatinamente, a oliveira está voltando a despertar o interesse que teve no passado,” informa o diretor daquela unidade da SAA.

 

 

 

Um pouco de história

 Antonio de Oliveira Pires, português de Leiria, foi, com certeza, o pioneiro da olivicultura no Estado de São Paulo. Chegando ao Brasil, deslocou-se a Campos do Jordão, para tratamento de saúde. Lá estando, vislumbrou a possibilidade de transformar a região em uma grande área produtora de azeitonas e de azeites. Pires estimulou o plantio dessa fruteira, sendo que, em 1965, já havia 10.000 árvores plantadas, estando 5.000 em produção e gerando cerca de 1.500 kg de azeite de qualidade igual, ou superior à dos óleos europeus, segundo análises realizadas pela então, Federação Rural do Estado de São Paulo.

Já em 1959, o Eng.º Agr.º Irineu Gonçalves da Silva, ligado ao PDV, da SAA, participava da organização e do funcionamento do primeiro lagar instalado na Pousada de Serra, com o objetivo de prensar azeitonas e produzir azeite.

 O jornal “O Estado de São Paulo” noticiava o acontecimento com a seguinte manchete: “Primeira fábrica de óleo de oliva”. O seu concorrente, o “Diário da Noite”, publicou a mesma notícia com este título: “um sonho português, azeite de oliva em campos do Jordão”.

 Oliveira Pires não reuniu recursos suficientes para modernizar o seu rústico lagar, deixando de adquirir, na época, modernos equipamentos holandeses de extração, e assim, não viu concretizado seu sonho de ver a Serra da Mantiqueira se transformar num extenso olival, mas a comunidade, reconhecendo seu esforço, outorgou-lhe o título de “Cidadão Jordanense”.

“Em breve, teremos um novo pomar de plantas matrizes de oliveiras em nossa unidade de mudas de São Bento do Sapucaí e, nessa ocasião, pretendemos prestar nossa homenagem a esses pioneiros, que lutaram pela implantação da olivicultura em São Paulo,” diz o Eng.º Agr.º Armando Azevedo Portas, diretor do DSMM.


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Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CATI- NPMSB/DSMM. As oliveiras no estado de São Paulo. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_2/oliveiras/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 15/06/2008

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