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Hortaliças
Beterraba (Beta vulgaris L.
)

Sebastião Wilson Tivelli
Paulo Espíndola Trani

Figura 1. Beterraba comercializada na forma de maços (folhas e raízes).
Foto: S. W. Tivelli

Hortaliça anual herbácea, pertencente à família Chenopodiaceae e cuja principal parte comestível é uma raiz tuberosa constituída, internamente, por faixas circulares de tecidos condutores de alimentos alternadas com faixas de tecidos contendo alimento armazenado. Estas são relativamente largas e escuras ou mais coloridas; as de tecidos condutores são mais estreitas e mais claras. A raiz pode ser consumida crua ou cozida, porém são nas folhas que estão concentradas as maiores quantidades de nutrientes e vitaminas por 100 gramas do produto, destacando-se cálcio, ferro, sódio, potássio e vitaminas A, B e C.

A beterraba é originária das regiões de clima temperado da Europa e do Norte da África. No Brasil, as Regiões Sudeste e Sul cultivam 77% do que é produzido. O Estado de  São Paulo planta em média 5.000 hectares dessa hortaliça por ano, produzindo 115.000 toneladas. Os principais municípios produ­tores encontram-se nos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de Sorocaba, Mogi das Cruzes e São Paulo. Os meses mais frescos são os preferidos para o seu cultivo.

Cultivares: All Green, Asgrow Wonder (Asgrow), Hib. Avenger (Ferry Morse), Hib. Boro (Bejo); Itapuã (Isla); Katrina (Feltrin); Hib. Kestrel (Sakata), Rangel (Horticeres), Hib. Redondo (Bejo), Rossete (Seminis), Stay Green (Rogers), Tall Top Early Wonder (Ferry Morse, Horticeres).

Época de plantio: o melhor desenvolvimento ocorre na faixa de 10 a 20°C. Em altitude inferior a 400 metros, semear de abril a junho; de 400 a 800 metros, de fevereiro a junho; acima de 800 metros, o ano todo. Na cultura de verão as cotações são superiores, mas o risco é maior, inclusive pela alta incidência de doenças. Sob temperatura elevada há formação de anéis claros na raiz, depreciando o produto.

Espaçamento definitivo: 20 a 30 cm x 10 a 15 cm.

Densidade: 155.000 a 350.000 plantas/hectare.

Propagação: por sementes. A "semente comercial" é um glomérulo com 2 a 4 sementes verdadeiras. No mercado encontram-se "sementes descortiçadas" obtidas da fragmentação mecânica dos glomérulos.

Sementes necessárias: (a) semeadura direta: 10 kg de semente comercial por hectare; (b) sistema de mudas em canteiro: 4 kg/ha; (c) sistema de mudas em bandeja: 1-2 kg/ha.

Técnica de plantio: cultivo em canteiros de 1,0 a 1,2 m de largura, 20 a 30 cm de altura e separados entre si por 40 a 50 cm. A semeadura é feita na profundidade de 1 a 2 cm, manual ou mecanicamente. A imersão dos glomérulos em água corrente, por 12 horas, melhora a emergência das plântulas. No sistema de plantio por mudas em canteiros, as mudas são transplantadas cerca de 20 a 30 dias após a semeadura, quando apresentam 5 a 6 folhas e 15 cm de altura. Para mudas formadas em bandeja, o transplante ocorre cerca de 20 dias após a semeadura.

Figura 2. Semeadura direta de beterraba com máquina pneumática e lavoura aos 70 dias após a semeadura. Fotos: S. W.Tivelli

                       

Controle da erosão: canteiros em nível.

Calagem e adubação: aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 80%. O teor mínimo de magnésio no solo deve ser de 8 mmolc/dm³. Cerca de 30 dias antes do plantio, aplicar 20 a 30 t/ha de esterco de curral bem curtido (sendo a dose maior para solos mais arenosos) ou um quarto dessa quantidade em esterco de galinha bem curtido. Aplicar, de acordo com a análise de solo, 20 a 30 kg/ha de N, 180 a 360 kg/ha de P2O5 e 60 a 180 kg/ha de K2O, incorporando-os ao solo, pelo menos, 10 dias antes da semeadura. Em solos deficientes, aplicar 2 a 4 kg/ha de boro (menor dose em solos arenosos) e 3 kg/ha de zinco, juntamente com o NPK, no plantio. Em cobertura, aplicar 80 a 160 kg/ha de N e 30 a 60 kg/ha de K2O, parcelando em três aplicações aos 15, 30 e 50 dias após a emergência das plântulas. Aplicar em pulverização, aos 15 e 30 dias após a emergência das plântulas (ou transplante das mudas), 5 g de molibdato de sódio ou molibdato de  amônio em 10 litros de água.

Controle de pragas e doenças: (a) pragas - lagarta-rosca, lagarta-elasmo, vaquinha, pulgão do colo. Produtos registrados no Estado de São Paulo para a cultura em 18/05/2006: carbaryl; (b) doenças mancha de Cercospora, nematóides (Meloidogyne, Aplelenchum avenae e Helicotylenchum dibystera), tombamento (Fusarium spp., Phoma betae, Phytophthora spp., Pythium spp., Rhizoctonia solani), podridão branca ou podridão de Sclerotium, mancha de Alternaria, mancha de Phoma, ramularia, Ralstonia solanacearum, Erwinia spp., Xanthomonas campestris pv. Betae e podridão branca ou podridão de sclerotium. Produtos registrados: azoxystrobin, difenoconazol, hidróxido de cobre, Kasugamycin, mancozeb, pencycuron, oxicloreto de cobre e tebuconazole.

Outros tratos culturais: (a) desbaste - operação indispensável, visto que o glomérulo contém duas ou mais sementes, originando, portanto, duas ou mais plantas; no sistema de semeadura direta o desbaste é feito em plantas com 5 a 6 folhas; (b) irrigação - indispensável, pois a falta de água torna as raízes lenhosas e diminui a produtividade. No sistema de semeadura direta, é preferível fazer várias irrigações leves durante o dia do que uma mais pesada, especialmente nos períodos mais quente do ano; (c) cobertura morta – esta prática cultural pode ser adotada para os sistemas de propagação por mudas, porém prejudica a germinação no sistema de semeadura direta.

Controle de plantas daninhas: (a) manual; (b) mecânico: com pequenas enxadas; (c) químico: produtos registrados no Estado de São Paulo para a cultura em 05/12/2005: metamitrona e paraquat; (d) físico: o fogo pode ser uma opção para os cultivos agroecológico e orgânico. Os canteiros são preparados com antecedência para as plantas daninhas germinarem e queimam-se as plantas com o auxílio de um maçarico usado em granjas de aves e suinos. Depois, transplanta-se as mudas revolvendo o solo o mínimo possível.

Colheita: (a) sistema de semeadura direta: início aos 60/70 dias após o plantio; (b) cultivo por mudas transplantadas: início aos 90/100 dias após o plantio. Ponto ideal de colheita: quando as raízes atingiram 6 a 8 cm de diâmetro, e estão ainda tenras.

Figura 3. Lavador para raízes de beterraba em Paranapanema (SP).
Foto: S. W. Tivelli

Produtividade normal: 15 a 30 t/ha de raízes tuberosas limpas.

Rotação: repolho, alface, cenoura, berinjela, feijão-vagem, adubos verdes, cereais.

Armazenamento e comercialização: após a colheita, as raízes são lavadas e, em seguida, comercializadas em maços, geralmente com uma dúzia de beterrabas e peso de 3 a 4 kg, ou em caixa tipo K, de 20 kg. Os maços, para transporte, são colocados em engradados (geralmente 9 por unidade) de 20 kg. A beterraba pode ser conservada por 10 a 15 dias, se mantida a 0 a 1°C e 95 a 98 % de umidade do ar.

 
Figura 4. Beterrabas embaladas em caixas K e engradados de 20 kg prontas para comercialização na Ceagesp.
Fotos: S. W.Tivelli
 

Sebastião Wilson Tivelli possui graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1986), mestrado em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1994), mestrado em Master Of Business Administration - Butler University (2002) e doutorado em Horticultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas (1999). Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Horticultura Sustentável, atuando principalmente nos seguintes temas: hortaliças, sistemas de produção agroecológicos (olericultura orgânica e produção integrada) e hortas urbanas e periurbanas. (Texto baseado na aplicação CVLattes)

Contato: tivelli@iac.sp.gov.br

 

Paulo Espíndola Trani possui mestrado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em Agronomia pela Universidade de São Paulo (1995) . Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas. Tem experiência na área de Agronomia , com ênfase em Fitotecnia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Daucus carota, Lactuca sativa, Calagem, rotação de cultura, efeito residual de calcário e alface e cenoura.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)

Contato: petrani@iac.sp.gov.br


Origem: Instituto Agronômico - www.iac.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

TIVELLI, S.W.; TRANI, P.E. Hortaliças: Beterraba (Beta vulgaris L.). 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/beterraba/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 30/09/2008

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