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Triton: É sempre eficiente no Manejo da Fitomassa?

 

por Sandro Roberto Brancalião

 

O triturador de palha horizontal tem a peculiaridade de proporcionar uma maior uniformidade no manejo da fitomassa quando comparado à roçadora, sendo esta característica muito importante na operação posterior, quer seja a semeadura de determinada cultura, ou mesmo a aplicação de herbicidas após a rebrota que porventura  ocorrerá após a utilização deste equipamento. O Triton possui lâminas em forma de “L” que permitem uma fragmentação contínua e uniforme do colmo das plantas. Esta forma de ataque do órgão ativo do Triton, em comparação a tradicional roçadora, garante uma melhor qualidade de semeadura em Sistema Plantio Direto (SPD), devido a uniformização dos fragmentos da planta.

 

De acordo com as condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo, principalmente nas regiões Norte e Oeste, onde a temperatura é mais elevada e é menor a distribuição da precipitação ao longo do ano, a velocidade degradação da palhada em SPD é  maior.

 

Sendo assim, em plantas de cobertura, nas quais a relação carbono/nitrogênio é mais estreita, ou seja, abaixo de 25/1, não se recomenda a utilização de Triton, como exemplo na cultura da soja, sucedendo o milheto a leguminosa é semeada com o milheto em posição ereta. Entretanto se tomarmos com exemplo o sorgo, que é uma planta com perfilhos mais grossos e com teor de lignina na planta mais elevado, o manejo muitas vezes pode ser diferenciado, fazendo-se o uso do Triton.

 

O importante no processo de trituração da palha é a obtenção de fragmentos uniformes e compatíveis ao processo de semeadura, ou seja, no milho, o material vegetal é mais resistente do que em outras coberturas, sendo assim, pode-se regular o Triton, no milho para se obter fragmentos menores. Entretanto em uma cultura como a do trigo, centeio e triticale, a exigência será por fragmentos maiores, para uma melhor qualidade de semeadura. Com relação às gramíneas perenes tropicais, tomando como exemplo às do gênero brachiaria, a regulagem deve ser sempre visando a rebrota posterior do pasto. Ou seja, o manejo com Triton, deve permitir a rebrota da capineira, atendendo ao manejo que fora planejado pelo produtor.

 

Com relação à tomada de potência do trator (TDP), se aumentarmos a velocidade haverá uma fragmentação maior, e o implemento,  de acordo com o relevo, pode eventualmente  atuar mais profundamente, retirando fatias de solo, o que não é bom para a manutenção da cobertura, exagerando na utilização da energia no sistema, depauperando o solo e acelerando o consumo de combustíveis fósseis. Também é de substancial importância a altura em que o Triton atua, em relação ao solo. Numa palhada de milho, por exemplo, não se deve regular o implemento abaixo de 20 cm, do contrário proporcionará uma ineficiente cobertura do solo, mesmo com a utilização da cultura do milho.

 

 

IMPLEMENTOS
 

            Existem diversos equipamentos para realizar o manejo de pastagens e plantas de cobertura. Os sistemas conservacionistas preconizam manter a superfície do solo coberta o maior tempo possível e que essa cobertura esteja distribuída o mais uniforme possível (mínimo de 50%). O manejo da vegetação tem por finalidade cortar ou reduzir o comprimento da mesma e fornecer condições adequadas para a utilização de máquinas, semeadora de grãos finos, pneumáticas e multi-semeadora, atualmente, utilizadas na semeadura tanto de gramíneas e leguminosas solteiras, como de leguminosas e gramíneas conjuntamente.

 

      A roçadora tem por função cortar/picar a vegetação. Essa máquina tem por princípio de funcionamento a elevada rotação dos mecanismos ativos, que são lâminas horizontais paralelas à superfície do solo. A altura de corte pode variar de 2 a 20 cm e a largura de corte de 0,5 m (roçadoras simples) até 3,0 m (roçadoras triplas). A elevada rotação dos mecanismos ativos (800 a 2000 rpm) exige que a máquina tenha proteção nas laterais para impedir o arremesso de pedras o que pode acarretar em acidentes. As roçadoras tratorizadas podem ser de três tipos:

a) acionadas pela tomada de potência (TDP) do trator e acopladas ao sistema hidráulico de três pontos (SH3P), são as mais comuns, podendo ser centralizadas ou deslocadas. Em sua parte anterior têm-se os pontos de acoplamento aos braços inferiores do sistema hidráulico e a torre para acoplamento do terceiro ponto. Nesse tipo, a torre deve ser articulada para que a máquina trabalhe sempre nivelada em relação ao solo, aumentando assim a eficiência. O controle de altura de corte é feito com rodas e/ou patins. As lâminas são dobráveis para evitar impactos contra obstáculos, trabalhando como um sistema de segurança; existe também uma embreagem que absorve a diferença de rotação das lâminas quando em contato com algum obstáculo, preservando assim a TDP do trator e o próprio sistema de transmissão da máquina;

b) roçadora acionada pela TDP e acoplada à barra de tração (BT) do trator. A constituição orgânica é semelhante à anterior, porém, possui rodas locomotoras e também o cabeçalho.

c) roçadora acoplada à barra de tração do trator e acionada pelas próprias rodas locomotoras, as quais possuem garras especiais. A transmissão da rotação das rodas para as lâminas é realizada por um diferencial. Essas máquinas têm largura de corte em torno de 2,40 m, porém, exigem mais de 59 kW (80 cv) na barra de tração dos tratores.

 

Considera-se como bom rendimento para essas máquinas 1,5 ha/h. As roçadoras acopladas ao sistema hidráulico de três pontos e acionadas pela TDP apresentam aproveitamento de 50% a mais da potência do trator, quando comparadas à de arrasto, representando grande economia de combustível e necessidade de tratores menores.

 

      O Triton é uma máquina utilizada no manejo de restos culturais e de culturas de cobertura. Também, tem por função cortar/triturar a massa com maior intensidade que a roçadora, com boa uniformidade de distribuição. Seu funcionamento é por meio de elevada rotação de facas dispostas em um eixo horizontal paralelo ao solo, possui altura de corte variando de 1 a 25 cm e largura de corte de 1,5 a 3,5 m. As facas são dobráveis, com rotação de aproximadamente 3000 rpm, rotação esta que proporciona uma trituração bastante eficiente. Essas máquinas podem ser centralizadas em relação ao trator, deslocadas para as laterais e ainda dianteiras. São compostas de um chassi de chapas de ferro, possuem pontos para acoplamento aos braços inferiores do sistema hidráulico e torre para acoplamento ao terceiro ponto; rodas para o controle de profundidade; defletores para esparramação homogênea do material triturado; sistema de transmissão por eixo cardan para acionamento do rotor onde são acopladas as facas. O Triton é eficaz no manejo da aveia e ervilhaca, produz 50% de fragmentos menores que 25 cm, facilita operações posteriores e os fragmentos cortados não se alteram com a variação da velocidade.

 

O rolo faca, também denominado de rolo picador ou cilindro picador, tem como função o pré-acamamento da vegetação, podendo ser utilizado em aveia branca, aveia preta, aveia amarela.

 

 

MANEJO DA FITOMASSA
 

O manejo mecânico, que pode ser feito durante a colheita da cultura principal, pode ser realizado por equipamentos desenhados para essa finalidade como o triturador de palhas tratorizado horizontal, roçadora, rolo faca e grade de discos, ficando este último descartado no SPD.

 

Os diferentes manejos de plantas de cobertura podem ser realizados na fase de grão leitoso, o que propicia vantagens, principalmente por reduzir o  uso de produtos químicos e a fragmentação da vegetação, facilitando as operações subseqüentes. Porém, têm como desvantagem a aceleração da decomposição dessas plantas, que em alguns casos é prejudicial.

 

Em regiões quentes, em áreas de semeadura direta, onde a formação de geadas no inverno são pouco freqüentes, há alta probabilidade de rebrotes de algumas das espécies de plantas de cobertura, além da infestação de plantas daninhas de difícil controle, quando somente submetidos ao manejo mecânico. Isto leva-nos à utilização de mais um tipo de manejo para o devido controle. Resultados satisfatórios vêm sendo obtidos no manejo, tanto de plantas de cobertura, quanto de diferentes espécies de plantas daninhas, quando se utiliza forma integrada o manejo mecânico e a utilização de herbicidas.

 

      Desta forma, observam-se vantagens evidentes do uso de manejo integrado para regiões onde a formação de palha ainda apresenta-se ineficiente na cobertura do solo. Podendo-se utilizar o manejo para supressão de plantas daninhas, associação do controle com herbicidas, mas sempre objetivando a qualidade da semeadura a ser realizada posteriormente na área que está sendo manejada.

 

Na safrinha, além da utilização de plantas de cobertura, com ou sem valor agregado, é importante considerar a importância econômica creditada no milho safrinha, em especial na região do Vale do Paranapanema, onde esse  pacote tecnológico teve origem. Esta região tem uma melhor distribuição de chuvas e por isso o manejo com o Triton resulta em melhores aportes de fitomassa dentro do sistema, onde naturalmente a persistência de palha é maior, de acordo com as condições edafoclimáticas desta região.

 

Dentro do SPD, não se deve utilizar grade em hipótese nenhuma. Sendo que um dos princípios básicos deste sistema de manejo é a mínima mobilização do solo, além da máxima cobertura do solo.

 

Comparando-se a roçadora com o Triton, é importante salientar que o primeiro implemento macera muito o fragmento do tecido vegetal das plantas de cobertura, minimizando a seguir condições ótimas de garantia de persistência de palha no sistema.

 

                

Origem: Instituto Agronômico - IAC - www.iac.sp.gov.br


Sandro Roberto Brancalião possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista - Jaboticabal (1999), mestrado em Agronomia (Agricultura) - Unesp-Botucatu (2002) e doutorado em Agricultura - Unesp-Botucatu (2005). Atualmente é pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e Física do Solo, atuando principalmente nos seguintes temas: estrutura do solo, estabilidade de agregados, cereais no inverno, nitrogênio, milheto, sistema plantio direto, cultura da soja, desenvolvimento, matéria orgânica do solo, fracionamento da matéria orgânica do solo, dinâmica da matéria orgânica do solo, reciclagem de nutrientes, culturas de cobertura, culturas de reforma para cana-de-açúcar, integração lavoura & pecuária e manejo do solo.
Contato:
brancaliao@iac.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

BRANCALIÃO.S.R. Triton: É sempre eficiente no Manejo da Fitomassa?. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_3/Triton/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 16/09/2008

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