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ABACAXI: IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E NUTRICIONAL

 

Silvia Antoniali
Juliana Sanches

 

O abacaxi [Ananas comosus (L) Merril] é uma autêntica fruta das regiões tropicais e subtropicais, consumido em todo o mundo, tanto ao natural quanto na forma de produtos industrializados. As excelentes características qualitativas dessa fruta refletem na sua importância socioeconômica1.
 

O mercado internacional de frutas é um mercado em expansão. Em 2002, foram produzidos cerca de 65 milhões de toneladas de frutas, valor resultante de um aumento aproximado de 3 milhões de toneladas desde o último biênio. Nesse período, a América Latina e os Países Caribenhos foram responsáveis por 57% das exportações mundiais das principais frutas tropicais frescas, entre as quais se destacam: manga, abacaxi, mamão papaia e abacate.
 

Em 2005, esse mercado gerou um volume de US$ 51,3 bilhões, um aumento de aproximadamente 53% em relação a 2002. Os principais mercados de destino das exportações mundiais foram os Estados Unidos, a Comunidade Européia, o Japão, o Canadá e a China (incluindo Hong Kong). Tais países são responsáveis por 86% de toda fruta tropical fresca importada. Em termos percentuais, as taxas de crescimento de importações de frutas são freqüentemente muito elevadas e uniformes para as frutas mais negociadas, tais como mangas e abacaxi.
 

Durante o mês de dezembro 2007, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 4,630 bilhões, o que representou um crescimento de 11,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações cresceram 29,2%, alcançando um valor de US$ 857 milhões. A balança comercial do agronegócio registrou um superávit de US$ 3,772 bilhões. As exportações do agronegócio em 2007 totalizaram US$ 58,415 bilhões, um recorde histórico para o setor. Em relação a 2006, as exportações apresentaram um aumento de US$ 8,992 bilhões, o que significou uma taxa de crescimento de 18,2%. Com isso, as exportações do agronegócio corresponderam a 36,4% das exportações totais brasileiras no período, que foram de US$ 160 bilhões. As importações apresentaram variação anual de 30,2%, totalizando US$ 8,719 bilhões. Como conseqüência, registrou-se um superávit da balança comercial do agronegócio de US$ 49,696 bilhões, também um recorde histórico.
 

O Brasil é o maior produtor mundial de frutas tropicais e, devido à diversidade de solo e de clima, é possível a produção de frutas de clima temperado e subtropical, produtos com potencial para o mercado externo. Destaca-se na produção mundial de frutas, ocupando a terceira posição, precedida da China e da Índia, com base em estatísticas divulgadas pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO).
 

A fruticultura brasileira vem, ao longo dos anos, se preparando para competir mais ativamente no mercado internacional e para aumentar sua participação na economia do País. Segundo o Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), em 2005 a fruticultura nacional movimentou US$ 5,8 milhões somente com produtos frescos e US$ 12,2 bilhões quando se consideram todos os derivados das frutas. De acordo com dados de 2005 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fruticultura brasileira representa algo em torno de 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola e 0,625% do nacional.
 

A produção mundial de abacaxi, em 2006, foi de aproximadamente 18,2 milhões de toneladas2. Cerca de 60% dessa produção concentrou-se nos seis principais países produtores, que são: Tailândia (15%), Brasil (14%), Filipinas (10%), China (8%), Índia (7%) e Costa Rica (7%).
 

No Brasil, berço da cultura e um dos maiores produtores mundiais, a cultura é economicamente explorada na maioria dos Estados, dando uma importante contribuição à geração de renda e emprego e, portanto, à fixação do homem no campo3.
 

As regiões Nordeste e Sudeste obtêm o maior cultivo, porém, a planta encontra excelentes condições para o seu desenvolvimento e produção em quase todo o território brasileiro. A região Sudeste participa com 30% da produção nacional de abacaxi e estima-se que na safra de 2008 o Estado de São Paulo atingirá o 4º lugar em produção, com um total de 173.318 mil frutos produzidos. A meso-região de Araçatuba contribuiu, em 2006, com 79% do abacaxi paulista e destes 66% foram produzidos no município de Guaraçaí, representando 52% da produção de abacaxi em São Paulo4.
 

A participação do Brasil no mercado externo de abacaxi é pequena, apesar de ser um fruto típico das regiões tropicais e subtropicais, e de o País sustentar a segunda maior produção mundial. No entanto, para se ter competitividade no mercado externo, é necessária a oferta de frutos de excelente qualidade.
 

Qualidade é a palavra-chave no mercado externo de frutas, embora seja pouco entendida no mercado brasileiro, razão pela qual sua exportação é tão baixa. A qualidade de um fruto reúne seus atributos sensoriais, o valor nutritivo e a segurança alimentar que ele oferece5. A qualidade interna dos frutos e suas características físicas são conferidas por um conjunto de constituintes físicos e químicos da polpa, responsáveis pelo sabor e aroma característicos e que são importantes para a sua aceitação final. Sabe-se que condições climáticas, estádios de maturação, diferenças varietais, nutrição mineral das plantas, entre outros fatores, exercem influência acentuada na composição química do abacaxi.
 

As cultivares Smooth Cayenne e Pérola lideram o mercado brasileiro, e esta última é bastante apreciada para o consumo tanto in natura como industrializados, pois apresentam ótima qualidade organoléptica, decorrente do sabor e aroma característicos, com boa fonte de vitaminas, açúcares e fibra, além de auxiliar no processo digestivo6.
 

O cultivar Smooth Cayenne é o mais plantado no mundo, correspondendo a 70% da produção mundial, conhecida também por abacaxi havaiano. Suas características de sabor e aroma, com um bom equilíbrio entre acidez e açúcar, tornam o abacaxi muito apreciado nas regiões produtoras e nos países importadores7. De alto valor nutricional, a polpa do abacaxi é energética e contém boas quantidades das vitaminas A, B1 e C.
 

No Brasil, apesar da importância da cultivar Smooth Cayenne em algumas regiões produtoras, sobretudo no Estado de São Paulo, há um amplo predomínio da cultivar Pérola, variedade quase que exclusivamente brasileira, que representa aproximadamente 80% da produção nacional8.
 

Há preferência do mercado externo pela cultivar Smooth Cayenne, em função de suas características externas e de coloração da polpa, enquanto o mercado interno prefere a Pérola, por seu sabor mais doce e menos ácido. O abacaxi, por ser uma fruta não-climatérica, o ponto de colheita apresenta uma influência marcante sobre o sabor, principalmente nas cultivares que apresentam acidez mais pronunciada. Além disso, a aplicação do etefon em frutos com maturidade fisiológica incompleta, visando a atender a uma janela de mercado, tem causado efeitos negativos na qualidade organoléptica do abacaxi9.
 

Atualmente o mercado exige produtos com alta qualidade, que se define com uma série de características que interferem no grau de excelência ou superioridade dos produtos. Uma grande mudança nos padrões de consumo de alimentos vem ocorrendo nas últimas décadas. Tem-se observado que os consumidores estão mais preocupados com a qualidade, quanto à escolha de seus alimentos.
 

Como a qualidade é um instrumento fundamental para se obter vantagens no mercado, pois é ela que influencia o comportamento do consumidor, é necessário ter informações acerca do produto, de modo que este possa satisfazer as necessidades do consumidor.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 CARVALHO, V. D.; BOTREL, N. Características da fruta para exportação. In: GORGATTI NETTO, A. et al. Abacaxi para exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996. 41p. (FRUPEX. Publicações Técnicas, 23).

2 FAO, FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Roma: FAOSTAT Database Gateway – FAO. Disponível em: < http://faostat.fao.org/ > Acesso em: 12 jun 2008.

3 SOUZA, J. da. S.; SOUZA, L. F. da. S. Aspectos econômicos. In: REINDHARDT, D. H., SOUZA, L. F. da. S.; CABRAL, J. R. S. (Org.). Abacaxi. Produção: aspectos técnicos. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura; Brasília, DF: EMBRAPA

Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. p. 10. (Frutas do Brasil, 7).

4 IBGE. Sistema IBGE de recuperação automática – Sidra 2006. Disponível em: <http//www.sidra.ibge.gov.br> Acesso em: 28 mai 2008.

5 CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.D. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2 ed. Lavras: FAEPE, 2005. 785p

6 GONÇALVES, N.B.; CARVALHO, V.D. de. Características da fruta. In: GONÇALVES, N.B. (Org.). Abacaxi: pós-colheita. Brasília: Embrapa Comunicação para transferência de Tecnologia. 2000. cap.2, p.13-27 (Frutas do Brasil, 5).

7 NASCENTE, A.S.; da COSTA, R.S.C.; COSTA, J.N.M. Cultivo do Abacaxi em Rondônia. Sistema de Produção, 3. Versão Eletrônica. Dez/2005: disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br acesso em: 29-05-2008.

8 REINHARDT, D. H., SOUZA, L. F.; CABRAL, J. R. S. Abacaxi: Aspectos técnicos da Produção. Cruz das Almas: EMBRAPA, 2000. 77 p.

9 SANTANA, Luciana Lima de Almeida; REINHARDT, Domingo Haroldo; MEDINA, Valdique Martins et al. Efeitos de modos de aplicação e concentrações de etefon na coloração da casa e outros atributos de qualidade do abacaxi 'Pérola'. Revista Brasileira de Fruticultura, ago. 2004, v.26, n.2, p.212-216.

 

Origem: Instituto Agronômico - www.iac.sp.gov.br


Silvia Antoniali possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997), mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (2000) e doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (2004). Atualmente é Pesquisadora Científica do em Tecnologia de Pós-Colheita do Centro de Engenharia e Automação - Instituto Agronômico (IAC/APTA/SAA). Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em Produtos Perecíveis, atuando principalmente nos seguintes temas: conservação, pós-colheita, banana, pimentão, alface , resfriamento rápido, temperatura.
Contato: santoniali@iac.sp.gov.br

 

Juliana Sanches possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998), Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (2002) e Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2006). Atualmente é Pesquisadora Científica do em Tecnologia de Pós-Colheita do Centro de Engenharia e Automação - Instituto Agronômico (IAC/APTA/SAA). Tem experiência na área de Pós-colheita de frutas e hortaliças, com ênfase em injúrias mecânicas, embalagem, refrigeração e produtos minimamente processados.
 



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

ANTONIALI, S.; SANCHES, J.  Abacaxi: importância econômica e nutricional. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/abacaxi/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 28/12/2008

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