Produção de feno de capim-elefante em pequena escala

 

 

Josiane Aparecida de Lima

Eduardo Antonio da Cunha

 

Atender as exigências nutricionais dos animais é fundamental para que ganhem peso em tempo compatível com o sistema de abate. Sendo assim, o fornecimento de volumoso de boa qualidade é uma prática fundamental e deve ser cuidadosamente planejada para atender às necessidades do rebanho, em níveis adequados, para que os animais atinjam o peso ideal de abate em menor espaço de tempo. Essa estratégia certamente proporcionará viabilidade econômica ao setor pecuário, sendo necessário apenas possuir visão amplia e integrada do processo produtivo.

Uma das formas de garantir volumoso com boa qualidade o ano todo é a produção de feno durante a fase de crescimento das forrageiras (verão); porém, a produção convencional de feno exige a utilização de implementos específicos que, via de regra, possuem valor elevado. Uma forma de produzir feno, com excelente valor nutritivo para ser fornecido ao rebanho o ano todo e com custo baixo, é utilizar a produção de verão da capineira de capim-elefante. Essa espécie forrageira possibilita a produção de feno com excelente valor nutritivo e de forma econômica, pois não há necessidade de implementos específicos e caros; são necessários apenas alguns cuidados básicos: bom manejo da capineira, colheita do capim quando este estiver com idade adequada e desidratação e armazenagem em local adequado.

O feno de capim-elefante é uma excelente opção para produtores que não dispõem de implementos específicos para produção feno e as atividades podem ser realizadas em sistema familiar ou com reduzido número de funcionários.

A seguir serão abordadas as principais etapas necessárias à produção de feno de boa qualidade, enfocando as estratégias importantes que devem ser adotadas para que o feno de capim-elefante tenha bom valor nutritivo e possa ser armazenado por longo período.

Idade de corte: Uma das principais características que torna o capim-elefante adequado para produção de feno é a alta proporção de folhas e a presença de caules finos em determinadas cultivares (como por exemplo o guaçu, lançado pelo Instituto de Zootecnia), que, além do bom valor nutritivo, facilitam a rapidez na desidratação, logicamente isso ocorre quando todo o processo é feito de forma adequada. A fase ideal para produzir o feno com excelente valor nutritivo é quando o capim estiver com idade entre 30 e 65 dias; dentro dessa faixa de idade a forrageira tem baixo teor de fibra, elevado teor protéico e alta digestibilidade.

Capim-elefante cultivar Guaçu

 

Colheita: Pode-se utilizar uma ensiladora para colher e picar o capim ou realizar a colheita manualmente e fracioná-lo em picadeira estacionária. As partículas devem ser pequenas (± 5 cm) para que a secagem se processe de forma rápida.

Colheita do capim-elefante com ensiladora.

  

Desidratação: Todas as etapas da produção são importantes para obtenção de feno de boa qualidade, mas a desidratação é a prática que exige especial atenção. Essa etapa deve ser concluída com rapidez, pois quanto mais lento for o processo de desidratação da forragem, maior será a perda quantitativa e qualitativa. Se a desidratação não for realizada corretamente e a forragem for armazenada com teor elevado de umidade, certamente perder-se-á toda a produção, resultando em prejuízo econômico. Feno armazenado com elevado teor de umidade (acima de 15%) favorece o desenvolvimento de microrganismos que causam mofo e são nocivos à saúde dos animais. A secagem do capim-elefante é realizada de forma simples, basta espalhar a forragem picada sobre um piso pavimentado e a camada deve ser fina para que a secagem se processe de forma rápida.

Revolvimento: Essa prática auxilia na rapidez da desidratação e deve ser realizada pelo menos a cada hora. Pode-se utilizar rastelo, forca ou qualquer ferramenta que possibilite o revolvimento das partículas do capim.

Armazenamento: A armazenagem é simples e barata e pode ser feita em sacos de ráfia ou a granel. Independente da forma de armazenamento é importante que as condições sejam seguras para que o feno permaneça com bom valor nutritivo e possa ser preservado por longo período. O local de armazenamento deve ser livre de umidade, bem ventilado e sem incidência direta de radiação solar sobre o feno e esse não deve ser colocado diretamente sobre o piso, pois poderá ocorrer transferência de umidade para a forragem.

Feno de capim-elefante armazenado em sacos de ráfia ou plástico.

 

   Aceitabilidade Os animais consomem muito bem o feno de capim-elefante, pois é um volumoso de alta aceitabilidade e proporciona bom ganho de peso, sendo obtido ganho de 190 g/dia/ovino da raça Santa Inês.

O feno de capim-elefante tem excelente aceitabilidade pelos animais

 

O sucesso na pecuária, entre outros fatores, está no planejamento para produção e conservação de forragem de boa qualidade e o feno de capim-elefante é uma forma de armazenamento de forragem para ser utilizada o ano todo, principalmente na época seca, garantindo, assim, disponibilidade de volumoso com bom valor nutricional. Essa estratégia é um dos suportes utilizados para garantir o abastecimento de carne e leite no mercado o ano todo.

 

Para produzir feno de capim-elefante com bom valor nutritivo não há necessidade de adoção de tecnologias complicadas e difíceis de serem executadas; ao contrário, é um processo relativamente simples, que exige apenas estratégias ou cuidados básicos para que o valor nutritivo da planta seja preservado. Desde que adequadamente produzido e armazenado, resguardando todos os cuidados necessários para a preservação do valor nutritivo, o feno será bem aceito pelos animais, o que refletirá positivamente na lucratividade do empreendimento, pois quanto melhor for a qualidade do feno menor será o gasto com concentrados para suprir as necessidades nutritivas dos animais.

 

Origem: Instituto de Zootecnia - www.iz.sp.gov.br


Josiane Aparecida de Lima possui graduação em ZOOTECNIA pela Universidade Federal de Lavras (1987), mestrado em ZOOTECNIA pela Universidade Federal de Lavras (1992), área de concentração "NUTRIÇÃO DE RUMINANTES" e doutorado em ZOOTECNIA pela Universidade Federal de Viçosa (1997), área de concentração "FORRAGICULTURA E PASTAGEM". Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Pastagem e Forragicultura, atuando principalmente nos seguintes temas: silagem, fenação, manejo e avaliação de pastagem.
CVLATTES http://lattes.cnpq.br/4325614245381776

Contato: josiane@iz.sp.gov.br

 

Eduardo Antonio da Cunha é Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - SAA, Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Contato: cunha@iz.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

LIMA, J.A. de; CUNHA, E.A. da Produção de feno de capim-elefante em pequena escala. 2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/FenoElefante/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 01/11/2008

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