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Acidentes com Animais Peçonhentos

Fan Hui Wen
Ceila SAnt'Ana Malaque
Marília Miranda Franco

Acidentes Ofídicos

Serpentes causam grande temor e, ao mesmo tempo, fascínio. Histórias fantásticas sugerem que esses animais hipnotizam e podem matar em poucos minutos. Essas e outras crenças populares dão uma dimensão irreal ao acidente ofídico, muitas vezes interferindo de forma negativa no convívio entre as pessoas e os animais.

Prevenção

Existem algumas maneiras de prevenir os acidentes. Medidas simples como o uso de luvas, botas de cano alto e perneiras diminuem drasticamente a probabilidade de que um encontro entre um indivíduo e a serpente venha se tornar um acidente. Muito cuidado ao entrar em lugares escuros e manipular lixo e entulho ou colocar a mão em buracos. Cercanias de casas, celeiros, currais, canis e outros devem estar sempre limpos e capinados. O lixo deve ser acondicionado em recipientes fechados para não atrair animais como pequenos roedores, que fazem parte da dieta de serpentes.

Quando todos esses cuidados preventivos falham e os acidentes acontecem algumas medidas importantes devem ser tomadas para que os prejuízos e complicações sejam os menores possíveis.

O que acontece quando alguém é picado

Serpentes causam grande temor e, ao mesmo tempo, fascínio. Histórias fantásticas sugerem que esses animais hipnotizam e podem matar em poucos minutos. Essas e outras crenças populares dão uma dimensão irreal ao acidente ofídico, muitas vezes interferindo de forma negativa no convívio entre as pessoas e os animais. Existem algumas maneiras de prevenir os acidentes. Medidas simples como o uso de luvas, botas de cano alto e perneiras diminuem drasticamente a probabilidade de que um encontro entre um indivíduo e a serpente venha se tornar um acidente.

Muito cuidado ao entrar em lugares escuros e manipular lixo e entulho ou colocar a mão em buracos. Cercanias de casas, celeiros, currais, canis e outros devem estar sempre limpos e capinados. O lixo deve ser acondicionado em recipientes fechados para não atrair animais como pequenos roedores, que fazem parte da dieta de serpentes.

Quando todos esses cuidados preventivos falham e os acidentes acontecem algumas medidas importantes devem ser tomadas para que os prejuízos e complicações sejam os menores possíveis. No Brasil são registrados mais de 20.000 acidentes ofídicos por ano e a maioria acontece nos meses quentes e chuvosos. Existem quatro grupos (gêneros) de serpentes peçonhentas. O mais comum é composto por diversas espécies do gênero Bothrops, conhecidas popularmente como jararaca, jararacuçu, urutu-cruzeiro, caiçaca, jararaca-do-norte, entre outras.

O acidente botrópico geralmente causa alterações locais como dor, edema (inchaço) e equimoses (manchas roxas). Nem sempre as marcas deixadas pelas presas na pele são evidentes. Mais tardiamente, bolhas podem surgir e até necrose (morte dos tecidos acometidos). Outra complicação acontece quando bactérias que vivem na boca da cobra causam infecção na pele do paciente. Além das alterações locais, o sangue pode ser tornar incoagulável, predispondo a hemorragias (sangramentos) que podem por em risco a vida. Em segundo lugar vem a cascavel (gênero Crotalus). O acidente crotálico pode provocar fraqueza, turvação da vista, queda das pálpebras e paralisia de músculos da face.

O indivíduo pode queixar-se também de dores musculares e apresentar urina escura, o que pode contribuir para que haja comprometimento dos rins. Habitualmente não há alterações importantes no local da picada, apenas inchaço e formigamento discretos. Em alguns casos, não é possível identificar o ferimento das presas. O acidente causado pela surucucu ou surucucu-pico-de-jaca (gênero Lachesis) ocorre somente na Amazônia e na Mata Atlântica. Assim como no acidente botrópico, há sintomas no local da picada, como dor, edema, equimose e podem surgir bolhas, infecção e necrose. Além das hemorragias, pode haver também sudorese, náuseas e vômitos, cólicas abdominais, diarréia e bradicardia (diminuição da freqüência dos batimentos cardíacos) e hipotensão (queda da pressão arterial). Menos freqüentes são acidentes por coral (gênero Micrurus). O veneno é tóxico para os nervos e músculos provocando turvação visual, queda das pálpebras e paralisia muscular que pode comprometer a respiração do paciente. Não há manifestações locais importantes.

Primeiro Socorros

Após um acidente ofídico pouca coisa deve ser feita até chegar ao hospital. O paciente deve ser tranqüilizado e removido para o hospital ou centro de saúde mais próximo. O local da picada pode ser lavado com água e sabão. Na medida do possível, deve-se evitar que a pessoa ande ou corra, deixando-o deitado e com o membro elevado. Se possível, levar a serpente para identificação.

Não fazer uso de torniquetes (garrotes), incisões e passar substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra, outras) no local da picada. Essas medidas interferem negativamente, aumentando a chance de complicações como infecções, necrose e até mesmo amputação de um membro.

O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o soro antiofídico, específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto mais rapidamente for feita a soroterapia, menor será a chance de haver complicações; é difícil estabelecer um tempo limite para a aplicação do soro.

A escolha do soro e a quantidade dependem do diagnóstico que deve ser feito para cada tipo de acidente. Antes de se administrar o soro é preciso avaliar se há manifestações clínicas que indiquem que o indivíduo foi picado por uma serpente peçonhenta. Há muito mais serpentes não peçonhentas na natureza e, para essas, não há necessidade de tratamento específico. Deste modo, a soroterapia deve ser indicada por um médico, e a aplicação feita de acordo com a gravidade do envenenamento. Sua administração é por via intravenosa e não deve ser feita fora do ambiente hospitalar pois pode provocar reações alérgicas que podem ser graves e requerem tratamento imediato.

Acidentes por Artrópodes Peçonhentos

Aranhas e Escorpiões

Aranhas e escorpiões são animais encontrados muitas vezes no interior das casas, com uma tendência crescente a se adaptarem ao ambiente urbano, devido à facilidade de encontrarem alimento, como baratas. Inseticidas domésticos têm utilidade limitada no combate às aranhas e escorpiões; além de não impedir que entrem dentro das casas, existe o risco de causarem intoxicação.

Prevenção

A limpeza da casa e dos terrenos baldios é a medida mais adequada para diminuir a ocorrência de aranhas e escorpiões. O acúmulo de material de construção e entulho favorece a presença de escorpiões que encontram ambiente favorável para procriarem.

Nem sempre é possível impedir a proximidade desses animais e, nesse caso, sacudir a roupa ao vestir e bater sapatos e botas ao calçar são providências essenciais para se prevenir a ocorrência de acidentes.

O que acontece quando alguém é picado

No Brasil são registrados cerca de 12.000 acidentes araneídicos por ano, causados por 3 tipos de aranhas que podem causar problemas para o ser humano: Loxosceles (aranha marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva negra).

A aranha-marrom é muito comum no Sul do país, particularmente no Paraná. Não é agressiva e só pica quando comprimida contra a pele. Por isso, os acidentes acontecem principalmente enquanto as pessoas estão se vestindo ou dormindo. No momento da picada pode ocorrer uma leve dor e, após algumas horas, o local fica vermelho.

Por volta de 12 a 24 horas depois, a região torna-se arroxeada e esbranquiçada evoluindo nos dias seguintes para necrose (tecido morto). Às vezes, podem se formar feridas grandes e profundas que necessitam cirurgia plástica. É comum, nos primeiro dias depois da picada, aparecer vermelhidão pelo corpo, febre, mal-estar, náuseas e vômitos e, mais raramente, anemia e urina escura.

Os acidentes com aranha-armadeira ocorrem mais frequentemente quando as pessoas estão calçando sapato, fazendo limpeza em jardim, mexendo com legumes e frutas (especialmente a banana). Curiosamente, os acidentes acontecem com maior freqüência nos meses de abril e maio. Após a picada, há dor intensa no local, com inchaço, vermelhidão e às vezes uma sudorese fina. O acidente grave só ocorre em crianças. Nesta situação, vômitos, sudorese (suor) por todo o corpo, hipertensão (pressão alta), ou hipotensão (pressão baixa), aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos podem ocorrer.

Os acidentes por viúva-negra são raros no Brasil. Após a picada pode haver dor e vermelhidão local. Mais raramente ocorre sudorese em todo o corpo, tremores e contraturas musculares. A maioria das aranhas que habitam o interior das casas e constroem teias geométricas não é peçonhenta e a picada pode causar apenas um quadro alérgico, com vermelhidão e coceira no local da picada. Muito parecidos com os acidentes pela armadeira são os provocados por escorpião. A população desses animais vêm aumentando muito nos últimos anos, principalmente na região Nordeste, onde a adaptação ao meio urbano torna este tipo de acidente um grande problema na periferia das cidades. A picada pode causar dor forte e imediata no local da picada, vermelhidão discreta e sudorese fina. Mais raramente, alterações sistêmicas como vômitos, sudorese em todo o corpo, salivação excessiva, hipertensão, hipotensão e alteração nos batimentos cardíacos podem ocorrer, especialmente em criança.

Primeiros socorros

O tratamento dos acidentes causados por aranha armadeira e escorpião na maioria das vezes é voltado para controle da dor. Inicialmente, compressas mornas na região auxiliam a aliviar a dor até chegar ao hospital, onde será avaliada a necessidade ou não de soro.

O uso de pomadas no local nem sempre é recomendado pois pode alterar a cor da pele, além de não impedir a penetração do veneno. Assim como nos acidentes ofídicos, deve-se lembrar que torniquete, incisão e sucção no local da picada podem prejudicar ainda mais.

Capturar o animal que causou o acidente e trazê-lo junto com a pessoa picada facilita o diagnóstico e o tratamento correto. O soro antiaracnídico é utilizado para neutralizar as ações dos venenos das aranhas marrom e armadeira, e do veneno de escorpião e somente deve ser administrado com indicação médica.

De modo geral, as orientações em relação ao soro para os acidentes ofídicos são válidas também para as picadas de aranha e escorpião.

Lacráias e Centopéias

Não são considerados de importância médica pois os acidentes são benignos. A lacraia, quando pica, causa dor e vermelhidão local, sem outras repercussões. Já a centopéia
ou piolho-de-cobra, ao ser esmagada, solta uma tinta que mancha a pele (arroxeada) mas não provoca inflamação na região.

Acidentes com Taturanas

Prevenção

No verão, as taturanas costumam aparecer em árvores nativas ou frutíferas. Cuidado ao colher frutas ou manusear folhas e gravetos, lembrando sempre que o uso de luvas evita o acidente. Atenção especial deve ser dada às crianças que costumam subir em árvores e colocar as mãos nas taturanas.

O que acontece quando alguém se acidenta

Qualquer que seja o tipo de taturana, o contato com as cerdas pontiagudas faz com que o veneno contido nos espinhos seja injetado na pessoa. A dor na maioria dos casos é intensa, do tipo queimação. Pode aparecer também inchaço, vermelhidão e íngua.

Um tipo de taturana, conhecida como Lonomia, pode causar, além das alterações no local do contato, alteração na coagulação sanguínea, sangramento em gengiva, urina ou outras regiões do corpo. Raramente pode complicar com parada de funcionamento dos rins (insuficiência renal) ou sangramento mais intenso.

Primeiros socorros

Lavar bem o local com água corrente e fazer compressas frias com água ou gelo aliviam a dor na maioria dos casos.

Assim como nos outros acidentes, não adianta colocar sobre a queimadura nenhum produto químico ou orgânico (café, folhas, pasta de dente, gasolina, etc.).

Levar a taturana para identificação da espécie ajuda a distinguir a Lonomia das outras lagartas, pois neste caso, pode ser necessário o uso de soro para neutralizar o efeito
do veneno.

SOROS: onde encontrá-los

Todos os soros para tratamento dos acidentes humanos por animais peçonhentos são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde para hospitais credenciados. No Estado de São Paulo, a lista dos pontos estratégicos para o atendimento dos acidentes por animais peçonhentos está disponível no site: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/Zoo_uni1.htm.

No Instituto Butantan, o Hospital Vital Brazil atende os acidentados por animais peçonhentos e presta orientação telefônica aos profissionais de saúde. Funcionando ininterruptamente, com médicos 24 horas por dia, dispõe de 10 leitos para o atendimento pacientes picados por animais peçonhentos. Aqueles que necessitam soroterapia são internados e acompanhados pela equipe especializada, enquanto um serviço de pronto-atendimento funciona para esclarecimento diagnóstico e consultas ambulatoriais.

* Material Produzido originalmente pela DIVISÃO DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL do Instituto Butantan - www.butantan.gov.br, Contato: cultural@butantan.gov.br


Ficha Técnica: Dra. Fan Hui Wen, Dra. Ceila SAnt'Ana Malaque, Dra. Marília Miranda Franco



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

WEN, F.H.; MALAQUE, S.; FRANCO, M.M.  Acidentes com animais peçonhentos. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/acidentes/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 05/08/2009

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