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Importância do controle bacteriológico e micológico em incubatório

Ana Lúcia Sicchiroli Paschoal Cardoso
Eliana Neire Castiglioni Tessari

Atualmente o Brasil destaca-se por ter uma indústria avícola das mais modernas e eficientes do mundo. Isto é devido ao uso de tecnologia avançada, controle de qualidade e constante monitoramento microbiológico nas diversas etapas da produção, buscando com isso um rigoroso padrão de qualidade que reflita na escolha do produto pelo consumidor e na conquista de novos mercados no país e no exterior. A preocupação com a sanidade dos plantéis é uma constante, seja nas granjas, incubatórios e abatedouros.

O plano de biossegurança em produções avícolas, entre outros fatores, preconiza a manutenção de um ambiente livre ou com baixa incidência de micro-organismos que interfiram na produção, evitando a entrada de agentes patogênicos que possam afetar a sanidade, o bem-estar e o desempenho das aves.

O objetivo geral da incubação é produzir o melhor pintinho de forma mais eficiente possível. A incubação de um ovo segue os mesmos princípios básicos da criação de um lote para produção eficiente de carne.

Alguns incubatórios fundamentam seus programas de sanitização nos desinfetantes, porém, se alguma falha acontecer em algum outro ponto do processo, as consequências podem ser severas.

O controle microbiológico do incubatório deve ser baseado em programas de Boas Práticas de Produção que iniciam na granja com a garantia de produção de um ovo fértil e de qualidade, estendendo-se ao incubatório para entrega de pintinhos saudáveis.

O incubatório é um ambiente comum à cadeia avícola e fatores relacionados à incubação podem influenciar o desempenho e crescimento de frangos de corte. Assim, é importante que o ambiente do incubatório tenha manejo adequado e seja homogêneo. Estes necessitam de um programa contínuo de monitoria da população microbiológica que deve ser rotineiramente realizado e os resultados cuidadosamente interpretados e armazenados de maneira que permitam uma análise frequente.

Para que as aves possam expressar seu potencial genético e produtivo elas devem estar dentro de padrões de genética, nutrição, manejo, ambiente e microbiológico desde o primeiro dia de vida. O método de controle mais utilizado é realizado por meio de exposição de placas, devido sua simplicidade, custo e eficiência para avaliar os programas de desinfecção dos incubatórios. Esta técnica baseia-se na utilização de placas com meios de cultura específicos em locais pré-definidos no incubatório, tendo por finalidade avaliar o grau de contaminação do ambiente e das aves pelo crescimento de micro-organismos. Conforme o número de colônias de fungos e bactérias, estima-se o grau de contaminação, indicando o risco microbiológico que os pintinhos estão sendo expostos.

Os principais patógenos a serem controlados no incubatório, por ordem de importância quanto aos prejuízos que possam causar aos pintos de um dia, no que diz respeito à mortalidade embrionária, mortalidade ao nascer, nas bandejas, aumento de refugos e mortalidade nas primeiras semanas de idade são: Escherichia coli que serve como parâmetro quantitativo da contaminação bacteriana em um incubatório, Salmonella e Pseudomonas e fungos da espécie Aspergillus.

As bactérias de modo geral, incluindo a salmonela, podem penetrar no ovo pelos poros em menos de 30 minutos após a postura. Esta penetração é facilitada, nos primeiros minutos após a postura, pela umidade e temperatura natural do ovo. Condições durante a incubação (umidade e temperatura) favorecem o rápido aumento na população microbiana. Estudos mostram que quando se tem contaminação por salmonela no incubatório é frequente isolar o mesmo sorovar na ave adulta e no produto do abatedouro.

Nos incubatórios a contaminação dos ovos é uma importante causa de mortalidade de pintinhos por onfalite. Esta contaminação origina-se das fezes das matrizes, cujas bactérias penetram através da casca do ovo causando onfalite e mortalidade, que é maior se a infecção ocorrer no período de incubação. Pesquisas realizadas demostraram que 70% dos casos de onfalite e morte embrionária eram causadas por Escherichia coli e quando estes embriões não morriam os pintinhos apresentavam má reabsorção do saco vitelino, não ganhavam peso e apresentavam baixo desempenho.

O Aspergillus fumigatus é o fungo de maior importância que pode crescer num ambiente de incubatório. Existe uma associação entre a presença de grande número de colônias de Aspergillus fumigatus com o desenvolvimento de aspergilose clínica nos primeiros dias de vida do pintinho. No entanto, grande quantidade destes indica que há necessidade de uma melhor higienização dos ovos na granja ou no incubatório.

No processo criatório, as aves são submetidas a muitos estresses, que podem ser de nutrição, sanidade, ambiente e de manejo. Se aliarmos a estes uma contaminação microbiológica de risco desde o início, aí sim é provável que podemos comprometer o desempenho geral das aves. É certo também que contaminações microbiológicas no incubatório muito elevadas por si só podem causar perdas severas. Por exemplo, nos casos de aspergilose e onfalite as perdas podem variar de 0 a praticamente 100% dependendo do grau de contaminação.

Pelo fato de não ser possível estabelecer limites bem definidos indicando a partir de que grau ou número a contaminação é prejudicial, cada incubatório ao longo do tempo vai estabelecer seus padrões do que é normal ou aceitável. O monitoramento do incubatório, pela exposição de placas, tem o potencial de não apenas apontar a qualidade microbiológica dos pintinhos, mas também de contribuir na determinação da causa e da origem das eventuais contaminações. A formação de um histórico de dados ao longo dos meses e anos, facilita entender os fatores ou variáveis que comprometem em maior ou menor grau a qualidade sanitária das aves.

Pesquisadores do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (CAPTAA), unidade do IB localizada em Descalvado, SP, realizaram estudos visando avaliar as condições sanitárias dos incubatórios. Nessas pesquisas, ressaltou-se a importância de um monitoramento contínuo para fins de controle da qualidade microbiológica e de resultados confiáveis por meio de métodos utilizados no laboratório, mostrando que os benefícios do plaqueamento tornam-se uma importante ferramenta, se não indispensável numa operação avícola competitiva e moderna.

O CAPTAA presta serviços para incubatórios realizando o monitoramento microbiológico. Este monitoramento, inerente ao controle de qualidade destes locais, tem como finalidade avaliar a carga microbiológica na planta dos incubatórios, da superfície de seus equipamentos e dos ovos, a fim de que seus responsáveis possam estabelecer se as medidas sanitárias adotadas estão sendo eficazes no controle desses micro-organismos.

Origem: Instituto Biológico - www.biologico.sp.gov.br


Ana Lúcia Sicchiroli Paschoal Cardoso concluiu o mestrado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo em 2004. Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Biológico, Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola, Bastos-SP . Atua na área de microbiologia e imunologia, com ênfase em avicultura. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção científica e tecnológica são: antimicrobianos, aves, Salmonella, micoplasmas aviários, Aspergillus spp., doença respiratória, fungos, Campylobacter jejuni, PCR, hematologia aviária, frangos de corte, AFB1, FB1, efeitos tóxicos, água, aves, coliformes, qualidade da água, rede de abastecimento, Escherichia coli, teste de soroaglutinação rápida, elisa, teste de sensibilidade, carcaças de frango, incubatório, abatedouro avícola, segurança alimentar.
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/1723276835104805
Contato: alspcardoso@biologico.sp.gov.br

 

Eliana Neire Castiglioni Tessari concluiu o mestrado em Zootecnia (qualidade e produtividade animal) pela Universidade de São Paulo em 2004. Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Biológico, Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola, Bastos-SP. Atua na área de imunologia e bacteriologia, com ênfase em microbiologia aviaria. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: aves, Salmonella, coliformes, abatedouro avícola, coliformes, AFB1, FB1, parâmetros hematológicos, resposta imunológica humoral, frangos de corte; efeitos tóxicos, água, granjas avícolas e antimicrobiano.
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/5305955162115208

Contato: etessari@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CARDOSO, A.L.S.P.; TESSARI, E.N.C. Importância do controle bacteriológico e micológico em incubatório. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/controle/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 06/08/2009

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