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As plantas e a saúde animal

por Isabela Cristina Simoni

 

O emprego de plantas no tratamento ou prevenção de várias doenças infecciosas tem sido utilizado há muito tempo pela população em geral com finalidade medicinal. As comunidades rurais também utilizam as plantas para tratar doenças em animais domésticos.

 

A sanidade animal em criações convencionais e orgânicas permite a utilização de produtos naturais para a prevenção e o tratamento de enfermidades. É o caso do uso de fitoterápicos visando à promoção da saúde como estratégia de proteção a doenças e à oferta de alimentos nutritivos e sadios.

 

O uso de plantas também propicia o manejo adequado, a proteção e a conservação da biodiversidade da flora brasileira, bem como pode favorecer a recuperação de variedades locais e do meio ambiente.

 

O Instituto Biológico (IB-APTA), órgão ligado a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, preocupa-se com o bem estar da população e com a qualidade dos alimentos consumidos. Assim, vem estudando diferentes espécies de plantas de uso popular ou desconhecidas na busca de alívio para os problemas de sanidade animal.

 

Uma das estratégias utilizadas na busca de novos fármacos potencialmente úteis consiste em selecionar diferentes espécies de plantas de uso popular medicinal, aumentando assim as chances de se encontrar substâncias bioativas que possam ter importante atividade biológica, como os agentes antivirais. Encontrar princípios ativos, com propriedades antivirais em potencial, em extratos de plantas selecionadas aleatoriamente é muito difícil e oneroso. Portanto, a procura por substâncias ativas nas plantas medicinais deve ser baseada em critérios definidos como o uso medicinal.

 

O desenvolvimento dos antivirais teve grande impulso para combater as doenças infecciosas causadas por vírus, nas quais a prevenção não tem sido efetiva através do emprego de vacinas.

 

Trabalhos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal do Instituto Biológico utilizam principalmente extratos de folhas frescas ou secas de espécies nativas ou exóticas adaptadas, que apresentam atividade antiviral testada in vitro contra doenças infecciosas causadas por herpesvírus1 de animais. Estes trabalhos encontraram várias espécies promissoras.

 

Estudos foram realizados em diferentes biomas como o do cerrado e pantanal, tendo sido observada atividade em plantas tais como folhas secas de abacateiro, folhas frescas ou secas de café, folhas secas de murici-mirim e de gabiroba, entre outras. Espécies de Meliáceas como a Guarea guidona também mostraram atividade antiviral contra herpesvírus suíno, tanto o extrato bruto proveniente de folhas como o de frutos. O efeito antiviral dos extratos de folhas foi verificado durante os estágios iniciais da infecção viral.

 

Estas plantas são consideradas promissoras e estudos ainda devem ser conduzidos sobre a natureza da atividade inibidora observada contra os herpesvírus suíno e bovino antes do emprego nas criações dos animais domésticos.

 

1 Refere-se a vírus causadores de doenças em bovinos e em suínos
 


Isabela Cristina Simoni possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Santo Amaro (1980), mestrado em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual de Campinas (1984) e doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é pesquisador científico do Instituto Biológico. Tem experiência na área de Biologia Celular e Virologia, com ênfase em Cultivo de células in vitro, atuando principalmente nos seguintes temas: controle alternativo de patógenos, virus da doenca de gumboro, plantas medicinais, atividade antiviral contra herpesvírus animal, bioensaios, citotoxicidade, IBDV, BoHV-1, SuHV-1 e EHV-1.

CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9937885260969353

Contato: simoni@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

SIMONI, I.C.  As plantas e a saúde animal. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/SaudeAnimal/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 01/07/2009

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