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Café: o castigo da opulência(*)

por Celso Luis Rodrigues Vegro

“Mesmo numa época de loucura como aquela do fim da década de vinte, muitos homens de Wall Street permaneceram completamente lúcidos. Mas também ficaram muito quietos. O senso de responsabilidade da comunidade financeira pela comunidade em geral é bem menor do que se pensa. É quase nulo. Talvez isso lhe seja inerente. Numa comunidade em que a preocupação fundamental é fazer dinheiro, uma das regras necessárias é viver e deixar viver. Falar contra a loucura talvez seja arruinar os que sucumbiram a ela. Portanto, os homens prudentes de Wall Street mantêm quase sempre calados. Os bobos ficam assim com o campo todo à disposição. Ninguém os censura. Há sempre o receio, sobretudo, de que até uma autocrítica necessária possa ser desculpa para a intervenção do Governo. Este é o maior dos horrores.” 

GALBRAITH, J.K.1

 

Não se poderia sintetizar essa extensíssima citação, pois é de uma lucidez e de uma atualidade absolutamente ímpares. Também, não se poderia iniciar esta tradicional análise do mercado de café sem o ressoar do seguinte questionamento: será possível entender o contexto da atual crise sem conhecer a anterior, que até o ano passado era considerada a mais danosa já ocorrida no sistema econômico mundial? Nesses tempos em que a astrologia anda a acertar mais do que a economia, prever o que nos aguarda não passa de parolice em mesa de botequim. Entender um bocadinho sobre as origens que conduziram ao retumbante colapso de 19292, e  principalmente como foram arquitetadas as políticas para sua superação, talvez seja o melhor daquilo a que se possa nesse momento dedicar.

 

A década de 20 do século passado foi de uma exuberância sem igual, especialmente no contexto estadunidense. Disso resulta o mais contundente sinal da eminência de um colapso, ou seja, ele somente irrompe após um ciclo relativamente longo de opulência. Trata-se de uma obviedade, quer parecer que não, pois disso somente se dá conta, por incrível que pareça, depois que a crise já se instaurou. Os economistas da atualidade chamam a esse fenômeno de inflação de ativos, ou vulgarmente “bolha especulativa”, tendo uma porção delas a estourar nos últimos 20 anos, todavia, sem tão graves conseqüências como a imobiliária que abruptamente se esvaiu a partir de setembro do ano passado.

 

Nos anos 20, em âmbito estadunidense, o incremento do valor das ações aparentemente refletia uma elevação do lucro das companhias cujas ações eram transacionadas na Bolsa de Nova Iorque. Disso resultava que as cotações das mais hilárias companhias3 desconheciam movimentos descendentes, e tal pujança constava do cardápio diário das atenções desde o garçom de mesa, passando pelo taxista e alcançando evidentemente toda a elite econômica novaiorquina. Sem a presença dos assessores de investimento e dos corretores da Bolsa (ambos sempre a par das informações de dentro do mercado), nenhuma espécie de reunião poderia ter início, inclusive aquelas que não tinham por objetivo transacionar o que quer que fosse. Após quatro séculos, essa gente fez renascer as sibilas dos oráculos gregos. A confiança na ação do Federal Reserve (Banco Central norte-americano), como emprestador de última instância, era uma garantia de manutenção da exuberante trajetória.

 

Professores de economia (individualmente e em grupo) das mais reputadas universidade estadunidenses testemunhavam que se havia adentrado em uma era de bem-aventuranças sem igual na história da nação. Retornem-se às citações: “Os preços das ações alcançaram o que parece ser um nível permanente alto4”. Sob tais pareceres quem seria capaz de manter uma atitude prudente com relação à magnificência do mercado acionário? Porém grande parte das empresas holdings que atuavam na Bolsa faziam-no sob a égide de compra e venda cruzada de papéis de suas próprias companhias. Evidentemente, tal estratégia induzia a admiráveis altas e provocava verdadeira corrida pelos empréstimos pessoais dos incautos aplicadores do mercado a termo, que buscavam enriquecer de forma rápida e sem nenhum sacrifício, o que para o povo daquela época parecia ser o próspero e irrevogável destino da Nação Americana!

 

Apenas a ação fraudulenta dos consórcios de investimento e das holding companies é insuficiente na construção de quadro explicativo da crise de 1929. Os mecanismos de regulação que atuavam sobre o mercado financeiro padeciam de uma imensa fragilidade, que, associada à omissão dos membros do Federal Reserve, permitiu que uma orgia em torno dos títulos fosse construída. Isto em tudo se assemelha à pirâmide de Madoff5.

 

Assim, empresas virtuais, operadores gananciosos, sistema financeiro incipiente no quesito regulação e população embevecida com seu afortunado futuro formaram, no conjunto, os ingredientes para o colapso financeiro aos quais se seguiram quase 10 anos de castigo sobre toda a economia estadunidense.

 

A cafeicultura brasileira era naquela oportunidade um segmento eminentemente exportador. Desde o Acordo de Taubaté, os mecanismos de regulação das exportações e todo um aparato de mecanismos de financiamento imprimiram a esse mercado cotações excessivamente elevadas, induzindo a expansão das lavouras e ciclos permanentes de excesso de oferta. Os empréstimos tomados em Londres, para a consecução da Política Permanente de Defesa do Café, resultavam em pesadas aquisições do produto no interior paulista, na praça de Santos e em Nova Iorque. Comprar e armazenar café, essa era a rotina do Ministério da Fazenda, do Banco do Brasil e do Instituto do Café do Estado de São Paulo6.

 

As más notícias de Nova Iorque empurraram as cotações do café para patamares ridículos. Diferentemente do quadro atual, naquela oportunidade a crise financeira significou no Brasil crise no negócio café. A gravidade do quadro se intensificou, pois a safra 1927/28 foi cheia, com colheita de 31 milhões de sacas7, e os bons preços praticados então, associados às condições favoráveis do clima para o desenvolvimento da cultura, propiciaram colheita na safra concomitante de aproximadamente 20 milhões de sacas. Com o colapso da bolsa, ruiu a política de defesa permanente, assim como submergiram as cotações do café. Tal qual hoje, o travamento dos mercados interbancários fez ruir a demanda pelo produto.

 

Problemas macroeconômicos de diversas naturezas incidiram sobre o país, como deflação, instabilidade cambial, baixa na receita em divisas e queda abrupta tanto das reservas em ouro como do meio circulante – preferência pelo entesouramento8. O governo de Washington Luís reconheceu de pronto que não se tratava de nenhuma marola, mas de uma onda de padrão tsunami que se abatia sobre a economia brasileira, e partiu imediatamente para a reversão das políticas precedentes. Disso resultou a orientação pelo embarque do café excedente ao preço irrisório de então, pois salvar as finanças púbicas se tornou prioritário, assim como a reorganização do sistema bancário e a contratação de novo empréstimo para a quitação das dívidas de curto prazo com vencimento em dez anos. Os eventos negativos sobre a economia brasileira decretaram o fim da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

 

79 anos depois

 

É chegada à hora do salto. Transcorridos 79 anos daquela que foi a maior crise, quais paralelismos e divergências são possíveis de serem construídos e, sobretudo, que reflexos poderiam desencadear sobre o agronegócio café? Em primeiro lugar, a economia coetânea é sumamente mais complexa do que aquela dos anos 20. O problema é sistêmico, não havendo um foco exclusivo de sua origem. A economia brasileira, felizmente, deixou de depender do café, que se tornou, na atualidade, apenas mais um item na pauta de produtos de exportação com algum papel no desenvolvimento rural e no emprego de específicos cinturões do agronegócio nacional.

 

O colapso atual distingue-se em suas causas daquele de 29, mas seus reflexos sobre a dinâmica econômica são muito similares. Todavia, o cardápio de eventuais soluções para a atual crise, em termos de política econômica, é de muito maior escopo. A aquisição de dívida privada pelo Estado (compra de ativos podres); a capitalização dos bancos; as operações para o salvamento de instituições de relevância sistêmica; a diminuição de impostos; o abaixamento das taxas de juros domésticas e o apoio às empresas na preservação dos empregos tem sido o cerne das ações públicas mais destacadas até o momento. Todo o esforço segue orientado no sentido do destravamento das linhas de crédito. Ainda que falte alguma harmonização entre as ações dos diversos estados nacionais, existe um relativo consenso no sentido de que é possível se tolerar até uma ligeira recessão de curto prazo. Porém o que precisa verdadeiramente ser evitado é o surgimento de um processo de deflação, que paralisaria o sistema econômico por muitos anos9.

 

Antes mesmo da caracterização do atual colapso financeiro, as principais commodities começaram a exibir baixas significativas. Esse fenômeno caracteriza bem a problemática do colapso financeiro, na medida em que se perdem as referências quanto aos critérios de avaliação da riqueza que até então prevaleciam norteando a formação dos preços. A trajetória do CCI-INDEX da agência Reuters (17 commodities agrícolas e metálicas) mostra que o indicador composto exibe um longo período de exuberância iniciado em 2003, declinando acentuadamente a partir de julho de 2008. Portanto, o mercado de matérias-primas básicas já sinalizava redução na demanda pelas principais matérias primas básicas da indústria de transformação. A participação do petróleo na ponderação foi bastante importante na queda do índice, uma vez que, depois de atingir mais de US$ 140/barril, caiu a valores próximos dos R$ 40,00/barril (figura 1).

 

Figura 1 – Trajetória do CCI INDEX, 1956-2008

Fonte: http://www.crbtrader.com/ (consulta efetuada em 03/02/2009).

 

 Ao início de 2009, os corretores das bolsas e seus clientes, aparentemente, passaram a atentar para os verdadeiros fundamentos dos diferentes mercados. No caso do café, janeiro foi um mês de forte majoração nas cotações, com avanços significativos nas Bolsas em que o produto é negociado. Em Nova Iorque, por exemplo, houve em janeiro majoração de 7,08%, com a cotação atingindo US$ 156,97 a saca, ou seja, US$ 10,38/sc de incremento frente à cotação média de dezembro de 2008 (figura 2). Todavia, nessa mesma bolsa, a perda acumulada em doze meses foi da ordem de 11.83%. Assim, a reação é bem-vinda, mas ainda foi sequer suficiente para reverter as perdas ocorridas em 2008. Ademais, mesmo com essa ligeira alta em janeiro, as cotações encontram-se US$ 24,34/sc abaixo da média de janeiro de 2008. Conforme se aludiu em artigos anteriores, o primeiro trimestre do ano exibe alta nas cotações do café, fato que está a se confirmar em 2009.

 

O movimento altista na Bolsa de Nova Iorque foi acompanhado pela BM&F-Bovespa (segunda posição) e pela Bolsa de Londres, cujas cotações médias obtiveram valorização de 5,36% e 5,73%, respectivamente. Em ambos os mercados, os ganhos frente à média das cotações de dezembro atingiram os US$ 10,00/sc.

 

Figura 2 - Cotações médias mensais do café em diferentes mercados de futuros (segunda posição) e do OIC-Composto diário, janeiro de 2004 a janeiro de 2009

Fonte: Elaborada a partir de dados da Gazeta Mercantil10.

 

Partindo-se para a parte mais delicada dessa análise, o que se pode esperar do mercado de café no ano de 2009? Conforme já delineado, o cenário macroeconômico antecipa algumas tendências desfavoráveis para os mercados de comodidades. O mais claramente delineado é a Lei de Gresham11 que determina que, havendo duas ou mais moedas iguais em poder de pagamento de dívidas, mas desiguais em valor intrínseco, se estabeleça a tendência de se guardar a mais valiosa e deixar em circulação a menos valiosa. Traduzindo, a demanda global por dólares americanos passa a ser desinteressante em troca dos títulos de seu tesouro.

 

Tal fenômeno restringe muito a margem de manobra estadunidense em seu esforço de evitar a deflação, pois o papel do Federal Reserve como emprestador global de última instância é diminuído. Evidentemente que a intensificação da procura por esse valor esvazia seu contrário que é a criação de valor social por meio do investimento produtivo. Essa lei em parte faz criar um segundo fenômeno macroeconômico, que é o paradoxo da poupança de Keynes (poupança percebida enquanto lastro para o investimento). Passa a prevalecer, devido ao carregado clima de incerteza vigente, a preferência ao entesouramento frente a investimento e consumo conspícuo, como um dos fenômenos de maior eficácia no travamento da dinâmica econômica e desencadeamento de uma recessão. Sob esse cenário não se pode ser absolutamente otimista quanto à demanda por comodidades.

 

O ciclo de ascensão das cotações das principais matérias-primas básicas não foi muito generoso com o café, que, ao contrário, desde 2005 não exibe cotações que permitam captura de margem por parte dos produtores. O longo período de valorização do real explica parte desse andar de lado, mas outra parte é que o produto não sustentou elevadas cotações e, desde o segundo semestre de 2005, ficou com preços praticamente estáveis em reais.

 

O provável encolhimento da demanda, associado ao clima de pessimismo reinante nas instituições financeiras, não criará ambiente favorável para pressão altista sobre as cotações do café, o que é relativamente neutralizado pela característica de inelasticidade do produto. Diante disso, um cenário plausível para o ano apontaria para um ligeiro incremento nas cotações, algo entre US$ 10/sc e US$ 20/sc, com alguma diminuição no volume exportado. Fato aliás que também vem incidindo junto a grande parte de nossos concorrentes em âmbito americano. Mais do que em anos anteriores, o agronegócio café dependerá mais da demanda doméstica, aproveitando-se principalmente do incremento real do salário mínimo e das ações e políticas governamentais, visando capitanear a dinâmica econômica.

 

Deve-se destacar que o mercado futuro do produto, cotação para dezembro de 2009, exibe razoável precificação. Ademais, considerado o mesmo patamar de câmbio que está sendo negociado para aquela data, permite-se a captura de excelente margem para o produtor (acima dos 25%). Planejar a comercialização é, no momento de instabilidade atual, a decisão mais acertada que o produtor pode tomar. Evidentemente, assim que o governo lançar os contratos de opções, o cafeicultor deve também inserir-se nessa política. Somando-se as duas estratégias, ainda pode sobrar volume interessante para apostar em movimentos especulativos altistas.

 

Reenfatizando proposta já apresentada, o momento seria extremamente oportuno no sentido de se apoiar o segmento exportador com linhas de financiamento destinadas a garantir todos os compromissos com os importadores e ainda incentivar com subsídios a captura de fatias de mercado de países concorrentes menos céleres na resposta frente à crise. A inelasticidade típica do café permite o sucesso de estratégias desse modo delineadas. O que nos falta é uma boa dose de espírito animal entre os empreendedores de nossa classe exportadora.

 

Verdadeiro ou falso

 

Existe uma imensa dificuldade para a elaboração de cenários alternativos para a evolução do mercado de café. A maior parte dos analistas focaliza as estimativas de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Já o dado de consumo interno contabilizado pela Associação Brasileira das Indústrias do Café (ABIC) apontou em 2008 um crescimento do consumo da ordem de 3,43% (período considerado de maio de 2007 a abril de 2008). Quer parecer que há aqui uma imensa divergência, pois a Nielsen aponta declínio no volume comercializado nos supermercados da região Centro-Sul (figura 3), enquanto a ABIC reafirma a trajetória de demanda crescente pelo produto. Em qual das fontes deve-se apostar?

 

Figura 3: Valor da vendas e variação percentual nos volumes dos produtos mais vendidos nos supermercados, Brasil, 2008

Fonte: Jornal Valor Econômico, 29/01/2009 – pg.B5

 

A metodologia da ABIC contabiliza o volume processado pelas torrefadoras sócias da entidade, estimando volume das não-associadas e o processamento em âmbito das propriedades rurais. A essa estimativa soma-se o processamento de café destinado ao preparo do café solúvel, resultando no dado agregado divulgado para a mídia. Já a Nielsen computa as vendas efetuadas pelo varejo supermercadista contabilizadas pelas caixas registradoras. De fato, uma pequena parcela do varejo não é considerada (toda a região Norte, quitandas, empórios, padarias, etc.), assim como a oferta de café fora do lar que, como outras pesquisas demonstraram, é a parcela de mercado mais dinâmica no contexto do mercado de café atual.

 

Entretanto, pergunta-se: quanto deveria crescer todo esse resto não-contabilizado pela Nielsen para que neutralizasse a queda de 3,1% no varejo tradicional e ainda permitisse crescimento de 3,43% do mercado doméstico, conforme ratifica a ABIC? Está claramente delineado que os números da associação estão inflados por uma dose de otimismo que não corresponde à realidade, e uma séria revisão nessas estatísticas é tão urgente (ou até mais) do que a própria melhoria contínua nos números elaborados pela CONAB (algo ano a ano tem já conseguido).

 

(*) O autor agradece ao técnico de apoio Gilberto Bernardi pela colaboração na coleta e sistematização dos dados básicos e, ainda, ao pesquisador José Sidnei Gonçalves pelas sugestões de leitura e outras orientações passadas. Ademais, agradeço os comentários e sugestões do prof. da FGV/SP, Dr. Felix Schouchana.

 

1 GALBRAITH, J.K. O Colapso da Bolsa de 1929: anatomia de uma crise. Ed. Expressão e Cultura, 1972. 245p.

 

2 “Bolsa de Nova York registrou ontem um formidável desastre financeiro – em poucas horas foram vendidos quatorze milhões de títulos com prejuízo total de quatro billiões de dollares” Jornal o Estado de S. Paulo, 25/11/1929 (sexta-feira).

 

3 Um megaespeculador da época, que mais tarde confessou que agia de forma inidônea, foi Richard Whitney, tendo sido inclusive condenado a reclusão em 1938. Dentre suas firmas com ações na Bolsa, havia: extração de colóides (nada mais que uma olaria em que se amassa argila); comercialização de turfa da Flórida e de produção de aguardente de maçã. Detalhes em GALBRAITH, 1972, p.202.

 

4 Declaração proferida pelo eminente prof. Irving Fischer (mais tarde Nobel de Economia) da Universidade de Yale no outono de 1929, ou seja, nos estertores da detonação da crise. Detalhes em GALBRAITH, 1972, p.108.

 

5 Em meados de dezembro de 2008, a comunidade financeira internacional foi surpreendida com a ruptura de uma espécie de pirâmide de investimentos conduzida há muitos anos por um dos até então mais celebrados estrategistas de negócios em ações: o Sr. Bernard Madoff, cujos prejuízos à carteira de clientes foram conservadoramente estimados em US$ 50 bilhões. Entre o atual escândalo e os relatados em 1929, somente se altera o montante da fraude, de milhão e bilhão de ontem para bilhão e trilhão de agora. Em síntese, tratou-se de ganhar dinheiro por parte de poucos em cima da esperança de muitos incautos em ganhar dinheiro, mas que no final ficam sem nada.

 

6 “O sistema, portanto, por maior que fosse o seu bom êxito e a curto prazo (medido, quer do ponto de vista do agricultor, eu queria mais mil réis por saca, quer do ponto de vista do governo, que desejava mais libras esterlinas por saca), continha em si mesmo a contradição que o acabaria liquidando. Mantidos os preços altos interna e externamente, a liquidação do sistema era uma questão de tempo, pois em breve haveria uma superprodução incontrolável (ou brasileira ou de nossos concorrentes) e seria impossível repetir-se a operação com êxito” NETO, Delfim. O problema do café no Brasil. Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de São Paulo/USP, 1959. p.111.

 

7 O consumo mundial atingia ao final da década de vinte cerca de 23 milhões de sacas e os concorrentes brasileiros já ofertavam em torno de 7 milhões. Para tal tamanho de excedentes, a destruição por meio da queima e o lançamento ao mar eram soluções inescapáveis, como de fato passaram a ser empregadas a partir de 1931.

 

8 A semelhança com o contexto atual não é casual e demonstra a existência de padrão cíclico para o processo de acumulação capitalista.

 

9 A esse respeito, consultar: REZENDE, A.L. Sem lugar para festas. Jornal Valor Econômico/Caderno Eu e Fim de Semana, 09/01/2009. 4-13p.

 

10 Disponível em www.gazetamercantil.com.br (somente para assinantes)

 

11 Lei de Economia formulada pelo humanista inglês Sir Thomas Gresham (1519-1579).

 


Celso Luis Rodrigues Vegro é Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura "Luíz de Queiróz" - USP/Piracicaba com especialização em Sistemas Agrários pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Concluiu mestrado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1992). Atualmente, atua como Pesquisador Científico nível VI do Instituto de Economia Agrícola - IEA, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Dentre as diversas áreas de estudo, há uma concentração de trabalhos em temas ligados à coordenação de cadeias agroindustriais, inovação tecnológica e tendências do mercado de consumo de alimentos e bebidas.
CV lattes: http://lattes.cnpq.br/6901958396106801

Contato: celvegro@iea.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

VEGRO, C.L.R.  Café: o castigo da opulência. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/cafe/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 01/07/2009

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