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Pragas de plantas ornamentais

Teresa Jocys
Akira Paulo Takematsu
 

Toda planta cultivada está sujeita ao ataque de pragas que tiram seu vigor, diminuem a sua beleza e, em casos extremos, podem provocar a morte. O termo pragas está relacionado ao ataque de agente visível geralmente insetos (formigas, besouros, pulgões, cigarrinhas, lagartas, etc.), aracnídeos (ácaros) ou molusco (lesmas e caracóis); ou seja, com apenas algum conhecimento sobre essas pragas, é possível a qualquer pessoa determinar o causador do dano à planta.

Principais pragas das plantas ornamentais

As pragas podem atacar as diversas partes das plantas utilizadas em jardins, vasos e grandes culturas, podendo ser classificadas em sugadoras ou mastigadoras, de acordo com o aparelho bucal. Dentre as principais pragas destacamos os ácaros, besouros, cigarrinhas, cupins, formigas, gafanhotos, grilos, paquinhas, lagartas, percevejos, pulgões, moscas e tripes.

Os ácaros são semelhantes a diminutas aranhas que tecem teias e formam grandes colônias nas folhas. Alimentam-se raspando ou sugando a seiva do lado inferior das folhas. Em consequência disso, surgem manchas bronzeadas. Podem ser vetores de viroses.

Algumas espécies de besouros podem alimentar-se de folhas, botões florais, flores e raízes. Outras espécies possuem larvas que penetram nos caules e ramos formando galerias em seu interior (são as chamadas coleobrocas).

Cigarrinhas são insetos alados que sugam continuamente a seiva das plantas, injetando toxinas que causam deformações nas folhas. Quando presentes em gramados podem ocultar as formas jovens em uma espuma protetora. As árvores severamente atacadas apresentam parte dos galhos cobertos de espuma branca que lembra neve. No interior da espuma crescem as ninfas que sugam a seiva e excretam grande quantidade de líquido que escorre pelos galhos e pingam no solo; esse fenômeno é conhecido popularmente como “árvore que chora”.

Já as cochonilhas são pequenos insetos sugadores que vivem em colônias e quase não se movimentam sobre as plantas. Podem ter o corpo nu ou recoberto por carapaça. Sugam seiva e excretam um líquido açucarado que pode atrair formigas. Esse líquido açucarado, sobre as folhas sadias, pode favorecer o crescimento de fungos que provocam a diminuição da área fotossintética da folha (a conhecida fumagina).

 

Os cupins são insetos sociais que se alimentam de materiais ligno-celulósicos (papéis, árvores e madeira em geral). Formam grandes colônias, atacando desde mudas recém transplantadas até árvores adultas. Formam galerias, destruindo completamente o tronco, tornando-o frágil e susceptível à queda durante ventos fortes. Algumas espécies podem invadir residências, destruindo móveis, assoalhos, telhados, etc.

As formigas também são insetos sociais e vivem em colônias ou ninhos. As principais espécies relacionadas, saúvas e quenquéns, cortam folhas e brotações, causando danos consideráveis às plantas cultivadas. A espécie lava-pés tem importância devido aos acidentes provocados pelas picadas e mordidas e a grande quantidade de formigas na colônia.

Os gafanhotos, grilos e paquinhas são insetos aparentados e todos possuem aparelho bucal mastigador. Os gafanhotos vivem na superfície do solo, podendo ser sedentários ou migradores. Os grilos e paquinhas são subterrâneos, atacam raízes e colo das plantas.

As lagartas são formas jovens de borboletas e mariposas. São muito vorazes, consumindo grande quantidade de alimento. Podem ter o corpo recoberto de pelos que, em algumas famílias, podem ser urticantes (conhecidas como taturanas). Algumas espécies são gregárias e outras formam galerias nos troncos ou folhas.

As moscas brancas não são moscas verdadeiras. Na verdade são parentes das cigarrinhas. Formam grandes colônias. Seus ovos e formas jovens (ninfas) encontram-se na face inferior das folhas. São sugadoras e provocam o enfraquecimento das plantas e também propiciam a formação de fumagina.

As larvas minadoras penetram no interior das folhas e constroem minas, destruindo assim o tecido foliar. Facilitam a penetração de agentes patogênicos como fungos, bactérias, vírus, etc.

Os percevejos são insetos sugadores de tamanho e formas variáveis. Certas espécies exalam odor desagradável ao serem tocadas (as conhecidas maria-fedidas). Provocam a seca das folhas.

Os pulgões são insetos sugadores de tamanho reduzido (variam de 1 a 5 mm). Podem apresentar formas ápteras ou aladas e atacam principalmente as brotações. Podem transmitir vírus de plantas doentes para sadias. Excretam líquido açucarado (da mesma forma que as cochonilhas) e podem provocar o aparecimento de fumagina.

Os tripes são insetos muito pequenos (0,5 a 13 mm) com asas franjadas. Raspam e sugam a seiva de folhas e flores, causando estrias e deformações. Sob ataque intenso, as folhas adquirem coloração prateada. São vetores de vírus de plantas.

Já as lesmas são moluscos que deixam um rastro brilhante e pegajoso por onde passam. Raspam e consomem folhas, destruindo mudas pequenas e tenras. Têm preferência por locais escuros e úmidos.

Liriomyza huidobrensis - mosca minadora

 

Bemisia sp - mosca branca

 

Capitophorus rosarum - pulgão

 

Diabrotica speciosa

 

Lagarta rosca

 

Controle de pragas em jardins

Na floricultura em escala comercial é comum o uso de controle químico de pragas, porém, em pequenas áreas, podemos empregar outros métodos de controle: pulverizações com produtos alternativos (extratos vegetais, etc);

• Utilização de mudas sadias;

• Substrato de boa qualidade;

• Catação manual de larvas, pupas, ovos e adultos;

• Utilização de iscas ou armadilhas, além de podas de limpeza.

Podemos também fazer uso de produtos comerciais, geralmente na formulação de aerosol à base de inseticidas de baixa toxicidade (malatiom, piretrinas, etc.) facilmente encontrados em supermercados ou lojas especializadas. Para uso nas plantas verifique sempre se o inseticida é diluído em água e não em querosene, que pode queimar as folhas.

Receituário agronômico

O receituário agronômico foi implantado com a preocupação voltada para a proteção do produtor rural, do consumidor e do ambiente. A receita deve ser elaborada obedecendo as seguintes condições:

1. Identificação do técnico com suas qualificações e área de atuação;

2. Identificação do consulente e seu endereço;

3. Identificação do problema;

4. Prescrição técnica: após a identificação do problema, o técnico deve definir a metodologia a ser empregada para solucionar o caso;

5. Recomendação do produto químico, com seu ingrediente ativo, formulação e quantidade a ser aplicada;

6. Fazer constar os efeitos colaterais que podem surgir, se as aplicações não obedecerem as Boas Práticas Agrícolas;

7. Ao assinar, o técnico deve colocar a data e o número do CREA que o habilitou.

Referências

Almeida, I.M.G.; Malavolta Jr., V.A.; Imenes, S.L. Problemas fitossanitários em plantas ornamentais. Campinas: Instituto Biológico. 109p. 1997

Gallo, D.; Nakano, O.; Silveira Neto, S.; Carvalho, R.P.L.; Baptista, G.C. de; Berti Filho, E.; Parra, J.R.P.; Zucchi, R.A.; Alves, S.B.; Vendramim, J.D.; Marchini, L.C.; Lopes, J.R.S.; Omoto, C. Entomologia Agrícola. São Paulo: FEALQ. 920p. 2002

Mariconi, F.A.M. Insetos daninhos às plantas cultivadas. 2.ed. São Paulo: Nobel. 197p. 1973

Kanashiro, S.; Jocys, T. Manual de jardinagem: aspectos básicos e aplicados. São Paulo: Instituto de Botânica, 2001. 108p. : il. (manual; 8)

Origem: Instituto Biológico - www.biológico.sp.gov.br


Teresa Jocys é Pesquisadora Científica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico
Contato: jocys@biologico.sp.gov.br

 

Akira Paulo Takematsu é Pesquisador Científico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico
Contato: takematsu@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

JOYCES, T.; TAKEMATSU, A.P.  Pragas de plantas ornamentais. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/PragasOrnamentais/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 27/02/2010

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