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Pragas que atacam repolho: alternativas para controle

Teresa Jocys
Akira Paulo Takematsu
 

Segundo alguns historiadores, o repolho (Brassica oleracea var. capitata), uma hortaliça cultivada na Europa desde 5.000 anos a.C, na verdade é uma variedade de couve silvestre (B. oleracea var. silvestris). Consumido por quase todos os povos, cozido, refogado, em sopas, saladas cruas, em conservas (o tradicional chucrute alemão) e o conhecido charutinho árabe.

O repolho é uma hortaliça muito cultivada, principalmente no sul e sudeste do Brasil. Segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola, de 2007, o cultivo dessa olerícola se dá em todo o Estado de São Paulo. Porém, apenas quatro regiões (Sorocaba, Mogi das Cruzes, São João da Boa Vista e São Paulo) concentraram a maior parte da produção.

Da família das couves, tanto o verde como o roxo, superam em consumo o brócolis, couve de Bruxelas e couve flor. Rico em fibras e pobre em calorias (uma xícara de repolho contém menos de 30 calorias), é boa fonte de vitamina C e contém quantidades significativas de potássio, folato (ácido fólico) e betacaroteno.

Várias espécies de insetos atacam a cultura do repolho como pulgões e diversas lagartas (curuquerê, mede palmo, rosca, broca da couve e a traça das crucíferas).

1. Pulgões

1.1. Pulgão da couve (Brevicoryne brassicae) (L., 1758)

As formas aladas são de coloração verde e cabeça e tórax pretos medindo 2 mm de comprimento; a forma áptera tem o corpo de coloração verde, com uma camada cerosa esbranquiçada. Formam grandes colônias na parte superior das folhas (Figura 1).

Fig. 1 - Brevicoryne brassicae (forma áptera)
Foto: A.P. Takematsu

1.2. Pulgão verde (Myzus persicae) (Sulzer, 1776)

Também medem 2 mm de comprimento, a coloração é verde clara na forma áptera e a forma alada apresenta coloração verde com cabeça, antena e tórax pretos. Formam colônias na parte inferior das folhas.

Prejuízos: devido à formação de grandes colônias, provocam enfraquecimento das plantas, pela contínua sucção de seiva. O sintoma típico da presença desses insetos é a presença de folhas totalmente engruvinhadas. Além dos prejuízos diretos, os pulgões podem ser transmissores de viroses.

2. Lagartas

2.1.Lagarta da couve (Ascia monuste orseis) (Latr., 1819)

O curuquerê da couve é uma lagarta que, quando completamente desenvolvida, mede cerca de 30 a 35 mm de comprimento, de cor cinza esverdeada. Alimenta-se das folhas e é muito voraz. Os adultos são borboletas com 50 mm de envergadura e as fêmeas põem seus ovos de coloração amarela na parte inferior das folhas.

Prejuízos: causam grandes danos à produção, chegando a desfolhar quase que totalmente a planta.

2.2 Lagarta rosca (Agrotis ipsilon) (Hufnagel, 1767)

Os adultos são mariposas com 35 mm de envergadura, com asas anteriores marrons e manchas pretas, as posteriores são semitransparentes.

Os ovos de coloração branca são colocados nas folhas de onde eclodem pequenas lagartas de coloração marrom acinzentada escura, que atingem o tamanho máximo de 45 mm. Têm hábitos noturnos, se alimentado à noite e ficando abrigadas no solo durante o dia. Têm o hábito de se enrolar, daí surgindo seu nome popular de lagarta rosca (Figura 2).

Fig. 2 - Agrotis ipsilon
Foto: A.P. Takematsu

Prejuízos: as lagartas cortam as plantas rente ao solo reduzindo o número de plantas por área cultivada.

2.3. Lagarta falsa medideira (Trichoplusia ni) (Hueb., 1802)

As lagartas atingem 30 mm de comprimento, de coloração verde e se locomovem como se estivessem medindo um palmo (o que lhes confere o mesmo nome popular) (Figura 3). Empupam-se na própria folha e tecem casulo envolto de teia branca. Os adultos são mariposas de coloração geral parda.

Fig. 3 - Pseudoplusia ni
Foto: A.P. Takematsu

Prejuízos: perfuram as folhas, tornando-as impróprias para consumo.

2.4. Traça das crucíferas (Plutella xylostella) L., 1758

O adulto da traça é uma mariposa de coloração parda. A fêmea deposita os ovos na página inferior das folhas, isolados ou em grupos de 2 ou 3. Esses ovos são minúsculos, arredondados e de coloração esverdeada. Após 3 ou 4 dias nascem as lagartinhas que penetram no interior da folha, onde permanecem por 2 ou 3 dias. Após esse período, abandonam a galeria e passam a alimentar-se da epiderme da página inferior da folha. As lagartas atingem o máximo desenvolvimento, com 8 a 10 mm de comprimento, 9 a 10 dias após a eclosão. São de coloração verde clara com cabeça de cor parda e sobre o corpo notam-se pequenos pelos escuros e esparsos. Para se transformarem em pupas, tecem um pequeno casulo na face inferior das folhas. Depois de 4 dias, emerge o adulto, para novo ciclo biológico (Figura 4).

Fig. 4 - Plutella xylostella
Foto: A.P. Takematsu

Prejuízos: atacam as plantas logo após o transplante das mudas, causando grandes danos, pois se alimentam da parte externa ou interna das folhas, tornando, assim, o repolho impróprio para comercialização. A perda pode chegar até a 60%.

Fig. 4a - Danos causados por Plutella xylostella
Foto: A.P. Takematsu

2.5. Broca da couve (Hellula phidilealis) (Walker, 1859)

Conhecido como broca da couve, o adulto é uma mariposa com asas pardacentas com faixas brancas e pontos pretos. As lagartas têm coloração verde clara com manchas marrons no sentido do comprimento.

Prejuízos: as lagartas perfuram as hastes das plantas, provocando seu secamento e conseqüente morte.

3. Besouros

3.1. Vaquinha verde amarela (Diabrotica speciosa) (Germ., 1824)

A fêmea faz postura no solo, onde eclodem larvas de coloração branco leitosa que atingem até 10 mm de comprimento.O adulto tem coloração verde, com 5 a 6 mm de comprimento, cabeça castanha e três manchas amareladas no corpo. São conhecidos como vaquinhas ou patriotas (Figura 5).

Fig. 5 - Diabrotica speciosa
Foto: A.P. Takematsu

Prejuízos: perfuram as folhas.

4. Mosca branca

4.1. Bemisia tabaci (Genn., 1889)

Apesar de serem conhecidos como moscas brancas, não são verdadeiramente moscas, mas sim um hemíptero da Família Alevroididae. São insetos pequenos, com 1 mm de comprimento, e 4 asas membranosas pulverulentas. As ninfas, em sua fase inicial, locomovem-se pelas folhas para, em seguida, fixaram-se de maneira semelhantes a cochonilhas. São insetos sugadores (Figura 6).

Fig. 6Bemisia tabaci (ninfa e adulto)
Foto: A.P. Takematsu

Prejuízos: podem injetar toxinas e favorecer o aparecimento de fumagina, que prejudica atividade fotossintética da planta.

Métodos de controle

Para pequenas hortas domésticas ou orgânicas, métodos alternativos poderão ser usados como, por exemplo, a mistura de 5 g de sal de cozinha (1 colher de chá) para 20 mL de vinagre (1 colher de sopa) em 1 L de água. Acrescentar 2,5 mL (meia colher de chá) de detergente líquido. Pulverizar as plantas atacadas a cada 5 a 7 dias.

Extrato de sementes de Nim também pode ser aplicado na cultura. Colocar 15 a 50 g de sementes moídas (amarradas em um pano) em 1 L de água. Deixar macerando por 24 horas e, em seguida, pulverizar as plantas. Se as sementes não estiverem disponíveis para o horticultor, pode-se lançar mão de produtos formulados à base de Nim. Sementes, mudas e produtos formulados são encontrados a venda na Internet (sobre cultivo e utilização do Nim indiano, consulte a Circular Técnica 62 da Embrapa Arroz e Feijão.

Para aumentar a resistência das plantas contra as pragas pode-se aplicar um chá preparado a partir de 100 g de cavalinha seca ou 300 g da planta verde. Deixar macerando em 10 L de água por 24 horas, em seguida ferver por 10 minutos. Diluir em 90 L de água e regar ou pulverizar as plantas.

O uso de formulações comerciais de Bacillus thuringiensis tem se mostrado eficiente para controle de lagartas. Após 24 a 72 horas do consumo das folhas tratadas, as lagartas param de se alimentar e, em seguida, morrem, libertando dessa forma mais Bacillus thuringiensis que poderão infectar novas lagartas.

O emprego de produtos químicos requer os devidos cuidados, como a escolha do inseticida devidamente registrado para o controle da praga, leitura atenta da bula da embalagem, observação do período de carência (intervalo entre a última pulverização e a colheita), descarte adequado das embalagens vazias e uso de equipamento de proteção individual. Esses cuidados permitirão ao produtor oferecer ao mercado uma hortaliça de boa qualidade, diminuindo também os riscos de contaminação do solo, da água e do produto final, protegendo a saúde do produtor, sua família, trabalhadores rurais e do consumidor final.

Quadro 1 – Ingrediente ativo, grupo químico, modo de ação, nome científico e comum das pragas controladas (adaptado de Agrofit , versão eletrônica de 16/06/2008).

Origem: Instituto Biológico - www.bilogico.sp.gov.br


Teresa Jocys é Pesquisadora Científica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico
Contato: jocys@biologico.sp.gov.br

 

Akira Paulo Takematsu é Pesquisador Científico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico
Contato: takematsu@biologico.sp.gov.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

JOYCES, T.; TAKEMATSU, A.P.  Pragas que atacam repolho: alternativas para controle. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/repolho/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 04/01/2010

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