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Uso agrícola de resíduos orgânicos

Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes

As atividades agrícola e pecuária, assim como a indústria de transformação de seus produtos, geram grandes quantidades de resíduos orgânicos, incluindo folhas, palhas, cascas, bagaços, tortas, camas e estercos, entre outros. Todos esses resíduos, se não forem devidamente tratados, podem causar poluição no solo e nos rios.

No entanto, uma das melhores formas de tratamento de resíduos é seu uso no solo, como fertilizante de culturas, transformando um problema ambiental em insumo agropecuário barato e permitindo a reciclagem de nutrientes, quando são observadas algumas regras técnicas.

Para fazer a fertilização correta de qualquer cultura, o primeiro passo é conhecer a sua necessidade de nutrientes e quanto tem de nutrientes no solo. A partir disso, verifica-se quanto deve ser fornecido ao solo com o uso de fertilizantes. Para o bom uso de resíduos como fertilizante é essencial conhecer a composição aproximada dos mesmos, o que pode ser feito por análise ou consultando tabelas que já existem em livros ou nos escritórios da assistência técnica.

Ao usar fertilizantes orgânicos, deve-se levar em conta que eles demoram mais para fazer efeito e talvez seja necessário, nas primeiras fertilizações, fazer um complemento com fertilizantes mais solúveis, que agem mais rapidamente. Para diminuir esse atraso, pode-se utilizar os resíduos compostados, que podem disponibilizar os nutrientes mais rapidamente. Depois de algum tempo usando os fertilizantes orgânicos, a entrada e a saída dos nutrientes no solo fica em equilíbrio, e pode-se deixar de depender dos fertilizantes químicos, desde que respeitadas as necessidades das culturas.

 

Aplicação de chorume de dejetos de suínos, no campo experimental da Embrapa em Ponta Porã (MS), para futuro plantio de lavoura de trigo.
Fotos: Mauro Kruker (Embrapa Agropecuária Oeste)

A decisão pelo uso de um resíduo vai depender da sua concentração em nutrientes, da distância entre a fonte e o local de uso, de seu preço, caso seja comprado de terceiros, etc. Alguns resíduos são mais complicados de transportar, principalmente quando estão na forma aquosa, como é o caso de vinhoto, manipueira, chorume, etc, pois sua concentração é muito baixa e gasta-se muito para transportar apenas água. Nesses casos, não vale à pena transportar para muito longe.

Além dos nutrientes, o uso de resíduos ricos em matéria orgânica pode trazer outros benefícios, como tornar o solo mais macio, quando ele é muito argiloso, ou dar mais resistência, quando o solo é muito arenoso. Um outro grande benefício é aumentar a retenção de água, o que é muito bom para os solos arenosos.

A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) desenvolve trabalhos de pesquisa com alguns resíduos disponíveis na região, visando obter doses ótimas a serem utilizadas em algumas culturas de interesse, como mandioca, milho, soja e cana-de-açúcar. Esses dados são repassados à assistência técnica, que pode ajudar no planejamento do uso de resíduos.



Foto por Kadijah Suleiman

Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes possui graduação em Agronomia (1992), mestrado (1998) e doutorado (2003) em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é Pesquisador A da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Agropecuária Oeste/ (Dourados, MS). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Gênese, Morfologia e Classificação dos Solos, Física do Solo, atuando principalmente nos seguintes temas: Física do solo em sistemas de manejo; índices de qualidade física do solo; correção de impactos ambientais; levantamento de solos; recursos naturais; utilização de resíduos da agropecuária. Contato: walder@cpao.embrapa.br



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

NUNES, W.A.G.A  Uso agrícola de resíduos orgânicos. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_1/ResiduosOrganicos/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 11/02/2010

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