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Aspectos morfológicos, biologia, danos e controle do percevejo-do-colmo-do-arroz, Tibraca limbativentris Stal, 1860

Thiago Della Nina Idalgo1
Josué Sant’Ana2

O Percevejo-do-colmo-do-arroz é considerado um dos insetos mais prejudiciais à cultura do arroz no Brasil, principalmente em cultivos irrigados (Ferreira et al. 1997; Martins et al.,2004).

As posturas de Tibraca limbativentris ocorrem na superfície das folhas e possuem, aproximadamente, 20 ovos agrupados dispostos alternadamente em duas ou mais fileiras. Os ovos são de formato cilíndricos, medindo 1 mm de comprimento e 0,8 mm de largura possuem coloração esverdeada, escurecendo com a proximidade da eclosão (Botton et al., 1996; Ferreira et al., 1997; Silva et al., 2004).

O período ninfal apresenta cinco ínstares. No primeiro, as ninfas têm 1,5 mm de comprimento e 1,0 mm de largura, são de coloração marrom avermelhado, sendo o abdome verde amarelado com manchas marrons. As ninfas de segundo ínstar têm 2,3 mm de comprimento e 1,5 mm de largura, apresentam pequenas pontuações claras na cabeça e tórax sendo de cor predominante verde, o abdome tem três manchas grandes na linha média dorsal, e parte ventral verde. No terceiro ínstar, essas têm em média, 4,0 mm de comprimento e 2,2 mm de largura, cabeça marrom escura, tórax com pontuações marrom claras, sobre o fundo branco amarelado na parte dorsal, abdome com três manchas dorsais em cores semelhantes ao tórax, porém claras, estendendo-se na parte ventral. As de quarto ínstar medem 5,5 mm de comprimento e 3,2 mm de largura, cabeça, com pontuações marrom escuras, em geral branco amareladas, tórax com coloração semelhante a da cabeça e pernas branco amareladas, tecas alares começam a aparecer, o abdome tem pontuações marrom claras sobre fundo branco brilhante, coloração clara também na parte ventral. No quinto e último ínstar as ninfas medem 9,5 mm de comprimento e 6,5 mm de largura, cabeça branco amarelada com pontuações cinza escuras, tórax com superfície colorida semelhante á da cabeça, manchas claras arredondadas no pronoto, o abdome é preto brilhante com manchas grandes no dorso de cor alaranjadas, pernas de cores mais claras como no quarto ínstar (Ferreira et al. 1997).

As fêmeas medem, em média, 13,7 mm de comprimento e 7,4 mm de largura, são maiores que os machos, os quais medem 12,5 mm de comprimento e 7,1 mm de largura. Os adultos apresentam cabeça de formato triangular, marrom, com pontuação preta e bordas alaranjadas. Os olhos são salientes, marrom-escuros contornados de branco-amarelado, dois ocelos vermelho-escuros localizados entre e um pouco atrás dos olhos compostos. Antenas da cor da cabeça com 5,5 mm de comprimento, tendo cinco segmentos pilosos dos quais o terceiro é o maior, lábio de aproximadamente 6 mm de comprimento, indo um pouco além do terceiro par de pernas, possui quatro segmentos marrons, sendo o último mais escuro. O tórax tem pronoto bem desenvolvido, marrom com laterais amarelo brilhantes e pontuado como as demais partes dorsais, ângulos antero-laterais com saliências pouco pronunciadas, escutelo triangular, com ápice semi-arredondado, base apresentando três pontos, sendo um no meio e um junto a cada vértice, hemiélitros do comprimento do abdome, cada um com um ponto amarelo no córion. Pernas totalmente marrons com tarsos trímeros. O abdome é coberto pelo escutelo e hemiélitros, com apenas parte do conexivo visível, o qual é marrom, com quatro manchas pretas de cada lado. O corpo do adulto, em geral, apresenta-se marrom claro na parte dorsal e marrom escuro na parte ventral, com uma faixa na margem do abdome (Ferreira et al. 1997; Gallo et al., 2002).

A fase de ovo tem duração média de sete dias (Botton et al., 1996; Silva et al., 2004) e sobrevivência de 89%.  Em condições controladas, em laboratório, Silva et al. (2004) observaram duração do período ninfal 55,4 dias, sendo o 4° e o 5° ínstar foram os mais longos, tendência similar à ocorrida para outros pentatomídeos, como Euschistos heros (Costa et al., 1998).

O ciclo de vida de T. limbativentris é de cerca de 60 dias (Prando et al., 1993; Silva et al., 2004) a uma temperatura média de 26 °C. Em casa de vegetação, com temperatura média de 28 °C, Botton et al. (1996) obtiveram duração menor do ciclo de vida, 37,5 dias. Ciclo este considerado longo, quando comparado a de outros pentatomídeos como Nezara viridula  (Linnaeus) e Euschistus heros (Fabricius), com 37 e 38,6 dias, respectivamente (Costa et al., 1998). De acordo com Silva et al. (2004) fêmeas de T. limbativentris atingiram maturidade sexual, registro da primeira cópula, em 14,2 ± 7,48 dias após a emergência, período maior do que o observado nos machos, 11,3 ± 6,86 dias. As fêmeas apresentaram período de oviposição de 39,2 ± 30,3 dias em que depositaram 92,2 ± 27,4 ovos/fêmea, e longevidade de 59,3 ± 25,2 dias, menor que a longevidade dos machos, 68,5 ± 23,6 dias (Silva et al., 2004).

Em regiões de clima temperado, após a colheita, as populações infestantes podem migrar para sítios de hibernação, em áreas de refúgio, como restos culturais ou gramíneas e ciperáceas nativas, permanecendo nestes locais em diapausa reprodutiva, ao redor das áreas de lavoura, retornando quando o arroz inicia o perfilhamento (Link et al., 2006; Costa & Link, 1992b).

Em altas infestações, T. limbativentris provoca perdas consideráveis na produção, principalmente se o ataque ocorrer nas fases de pré-floração e formação dos grãos (Costa & Link, 1992a). Os danos desta espécie são observados a partir do segundo ínstar, cuja picada na base das plantas provoca o aparecimento do sintoma conhecido como “coração-morto” na fase vegetativa e o sintoma da “panícula-branca” na fase reprodutiva (Costa & Link, 1992a; Ferreira et al, 1997; Silva et al., 2004).

Costa & Link (1992a), verificaram que o nível de dano econômico desta praga está associado à fase fenológica da planta, na fase vegetativa reduz a produção em 58,7 kg/ ha e na fase reprodutiva, um percevejo/ m2, reduz a produção em 65,16 kg/ ha.

No Brasil, recomenda-se que o controle químico deva ser realizado quando a infestação, em plantas com 40 a 50 dias de idade, for de 1 a 2 percevejos por 15 colmos (Ferreira et al., 1997; Martins et al., 2000). Para tal controle as recomendações indicam o uso de  Actara 250 WG (neonicotinóide), Baytroid EC (piretróide) ou  Malathion 500 CE Sultox (organofosforado) (AGROFIT, 2009). 

Referências Bibliográficas 

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GALLO, D.; NAKANO, O.; NETO, S. S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; FILHO, E. B.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D,; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola, Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p.

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Thiago Della Nina Idalgo Engenheiro Agrº Mestrando PPGFitotecnia Faculdade de Agronomia (della_nina1@yahoo.com.br) – UFRGS

Josué Sant’Ana - Prof. Dr. Faculdade de Agronomia - UFRGS



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

IDALGO, T.D.N; SANT'ANA, J.  Aspectos morfológicos, biologia, danos e controle do percevejo-do-colmo-do-arroz, Tibraca limbativentris Stal, 1860. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_2/tibraca/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 04/06/2010