Infobibos - Informações Tecnológicas - www.infobibos.com

EROSÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS: uma ameaça para o futuro da humanidade!?!? 

                                                                                                                      Arno Rieder

 

A história da humanidade se escreve com os acontecimentos ocorridos nas gerações humanas que se sucedem.

No sentido biológico, cada geração precisou de recursos e procedimentos que garantissem a sua sobrevivência e procriação. Todas tiveram que enfrentar e vencer enfermidades para não sucumbir e cumprir o papel da perpetuação da espécie humana.

 Graças ao êxito “histórico e seletivo” da humanidade diante deste desafio, somos os sortudos e estamos aqui, hoje, para continuar a cumprir, visando sucesso, o papel de fazer  prosseguir o desenvolvimento da humanidade.

 Entretanto, só as gerações recentes (séculos atual-XXI e passado-XX) passaram a dispor os recursos modernos da medicina oficial para cuidar da saúde. Conseqüentemente, estão melhorando as chances da sobrevivência e procriação, e esperam também melhorar a qualidade de vida individual e coletiva.

Contudo este período de euforia com os avanços propiciados pela ciência, traduzidos em desenvolvimento de produtos e serviços mais precisos, focados e eficazes, pode estar induzindo descartes do conhecimento sobre recursos utilizados anteriormente (Ex.: baseados no etnoconhecimento transmitido sucessivamente entre gerações). Entre os avanços indutores disto está a síntese e produção industrial de fármacos e o poder selvagem e atropelador do interesse comercial nisto.

 A interrupção ou abandono da transmissão deste etnoconhecimento (etnobotânica, etnofarmacológia, etnomedicina, etc.) pode estar gerando um tipo de “erosão de conhecimentos” construídos ao longo da história da humanidade, cuja riqueza e diversidade de opções deram sustentação a perpetuação da espécie humana até a atualidade.

O “Doutor” anterior a “medicina moderna” funcionava também como um ótimo “captador-processador-transmissor-multiplicador de conhecimentos = professor” cuja aplicação prática era assimilada pelos integrantes da família/comunidade usuária ou necessitada para cuidar da saúde.

Na atualidade, com a “medicina moderna”, o cidadão-paciente fica praticamente a mercê exclusiva do conhecimento e do domínio de técnicas que estão posse do seu profissional-de-saúde, expressos em uma linguagem excludente. Se este sistema efetivamente conseguir atender a todos, de modo eficaz, no lugar e na hora que precisa e, para todas as futuras gerações, então as chances de continuidade da sobrevivência e procriação, a princípio, não estariam comprometidas.

Contudo, o processo de não-erosão do saber popular (historicamente transmitido e adquirido) não estaria assegurado. E isto poderia reduzir progressivamente as chances de sucesso na busca de novas alternativas junto aos recursos naturais, como por exemplo, na flora portadora de substâncias bioativas ou utilizáveis como bioativas para interesses da humanidade. Este impacto pode dar-se de modo direto, pela perda de saberes, como também indiretamente, pela não preservação de recursos naturais com este potencial medicamentoso, por motivos de desconhecimento.

Através do saber popular em comunidades específicas, principalmente onde há riqueza cultural e diversidade florística pouco estudada, pode se chegar a novas descobertas medicamentosas promissoras e importantes para cuidar-se da saúde.

Talvez isto, junto com os desafios de encontrar formas mais eficazes de tratar ou curar doenças ainda incuráveis, tenha despertado a necessidade revalorizar o etnoconhecimento e, em especial, o saber sobre plantas medicinais.

De fato, constatam-se menções como as de Guarim Neto & Morais (2003) que há grande tendência mundial de aumento na utilização de fitoterápicos.

Arno Rieder possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (1975), mestrado em Agricultura Tropical pela Universidade Federal de Mato Grosso (1995), doutorado em Saúde e Ambiente (Química ambiental- Pesticidas na saúde e ambiente) pela Universidade Federal de Mato Grosso (1999) e doutorado em Ciências (Química analítica- Biogeoquímica Ambiental) pela Universidade Federal de São Carlos (2005), pós-doutorado [Ciências Biológicas e C. da Saúde: plantas medicinais utilizadas para controle da diabetes em Mato Grosso] pela UFMT(IB/Dep.Bot-Ecol/Grupo Pesquisa FLOVET; 2009) . Atualmente é professor adjunto I da Universidade do Estado de Mato Grosso. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em: Química e Física do Solo, Química e Poluentes Ambientais, Pragas de Importância à Saúde, Fitotecnia, Fitoterápicos, Educação Ambiental, Estatística, atuando principalmente nos seguintes temas: Plantas com bioatividade, pragas em saúde (domésticas, urbanas e hospitalares), pesticidas; na região do Alto Pantanal, Cáceres, MT, Brasil.
Contato: riederarno@gmail.com


Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

RIEDER, A.  EROSÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS: uma ameaça para o futuro da humanidade!?!?. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/PlantasMedicinais/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 02/08/2010