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Algo mais sobre a maçã

Ana Cristina Krolow

 

A maçã é uma fruta que geralmente associamos ao amor. Muitas vezes nos vem à lembrança a “maçã do amor”, encontrada nos parques de diversão ou, também, a lembramos como a fruta do paraíso, que Eva comeu; ou, ainda, a fruta que a bruxa malvada envenenou e deu à Branca de Neve.

Hoje, com a grande variedade de frutas que temos à disposição, muitas vezes nem pensamos em comer uma maçã, mas lembramos de levar como “presente” a uma pessoa enferma, pois associamos esta fruta como sendo “leve, de fácil digestão e para recuperação de enfermos”.

Mas será que ela é realmente o que pensamos? Você sabe quais as propriedades que tem uma maçã? Ou será que ela é somente uma fruta para agradar nossos olhos e sentidos?

Segundo pesquisas científicas realizadas em diversos países no mundo, uma maçã contém propriedades terapêuticas que nem sequer podemos imaginar. Você sabia que, segundo o Dr. Rui Hai Liu, professor associado do Departamento de Ciência de Alimentos da Universidade de Cornell, EUA, as maçãs e, especialmente, suas cascas contêm uma elevada quantidade de fitoquímicos, principalmente flavonoides e ácidos fenólicos? Estes fitoquímicos são potentes agentes antioxidantes, ajudando a eliminar compostos prejudiciais ao organismo humano, bem como inibir a produção de substâncias que danificam células normais. Ele ainda afirma que “enquanto outras frutas e vegetais têm efeitos protetores sobre a saúde, as maçãs estão mais associadas com a redução do risco de doenças crônicas em seres humanos”.

Você sabe que uma maçã pode prevenir câncer de mama? No ano de 2008, este mesmo pesquisador publicou diversos artigos em revistas científicas, informando que “extratos de maçã inibiram significativamente o tamanho de tumores mamários em ratos e que estes tiveram menos tumores e de menor tamanho, sendo também menos malignos, bem como cresceram mais lentamente em relação aos tumores dos ratos não tratados com estes extratos”. Este professor e sua equipe conseguiram demonstrar que os extratos de maçã inteira (polpa e casca) tiveram efeito positivo na inibição do crescimento do câncer de mama em ratos, concluindo que o consumo de maçãs pode ser uma estratégia eficaz para a proteção contra o câncer. Eles descobriram, também, que o número de tumores nos ratos foi reduzido em 25%, 25% e 61% naqueles alimentados, respectivamente, com o equivalente a uma, três ou seis maçãs por dia durante 24 semanas. Apesar destes resultados extremamente satisfatórios, ainda não há comprovação desta ação da maçã sobre humanos.

Outros pesquisadores, da Universidade de Michigan, coordenados pelo Dr. Mitch Seymour, concluíram que a inclusão de maçãs e produtos derivados de maçãs na dieta pode ajudar a diminuir o risco do desenvolvimento de doenças cardíacas. Isto porque eles trabalharam com ratos que receberam uma dieta padrão (típica americana, rica em gorduras), uma dieta com pectina de maçã e outra com pó liofilizado de maçãs inteiras (aproximadamente 2 maçãs de tamanho médio com casca e polpa), diariamente. Todas as dietas foram controladas para que a quantidade de alimento, total de calorias, açúcares e teor de fibra das rações, fosse mantida constante para cada grupo. Ao final de quatro meses, avaliaram os animais, e os resultados iniciais mostraram que tanto o pó de maçã inteira como a pectina de maçã reduziram os níveis de colesterol. Além disso, o pó de maçã inteira também reduziu o estresse oxidativo (medido em amostras de sangue) e a pressão arterial, bem como aumentou a função cardíaca.

Em 2001, pesquisadores de Minesota, EUA, conduziram um estudo em laboratório e publicaram em uma revista especializada suas observações de que a quercetina, um dos flavonoides mais abundantes em maçãs, reduziu ou preveniu, in vitro, o crescimento de células cancerígenas humanas da próstata, por bloquearem a atividade dos hormônios andrógenos.

Em trabalho publicado em 2007, na Revista Thorax, pesquisadores avaliaram 1.200 mulheres grávidas, verificando o efeito do consumo materno de alimentos durante a gravidez e a sua relação com asma, doenças respiratórias e atópicas, em crianças de 5 anos. Concluíram que, além de ingestão materna de vitamina E, vitamina D e zinco durante a gravidez, o consumo materno de maçãs e peixes durante a gravidez pode reduzir o risco de as crianças desenvolverem asma ou doença atópica (um grupo de afecções, frequentemente hereditárias, que são mediadas pela IgE, como a rinite alérgica e a asma alérgica).

Diante destes indicativos, nos resta manter ou incluir esta excelente fruta em nossa dieta, pois “É melhor prevenir do que remediar”!

 


Ana Cristina Richter Krolow possui graduação em Farmácia Bioquímica Hab Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (1985), mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas (1996) e doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela Universidade Federal de Pelotas (2007). Atualmente é pesquisadora em Tecnologia de Alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Clima Temperado. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Tecnologia de Produtos de Origem Animal e Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: processamento de leite e derivados lácteos, frutas e hortaliças e agricultura familiar.
Contato:
ackrolow@cnpc.embrapa.br



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Dados para citação bibliográfica(ABNT):

KROLOW, A.C. Algo mais sobre a maçã. 2011. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2011_1/AlgoMais/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 20/01/2011