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Tipos de mudas de Maracujazeiros (Passiflora edulis)


Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto
Adriana Novais Martins
Nobuyoshi Narita
Maura Seiko Tsutsui Esperancini
Fumiko Okamoto
Anelisa de Aquino Vidal

O sucesso na implantação de um pomar de maracujazeiros depende da obtenção de mudas de qualidade que proporcionam alto pegamento no campo, com bom desenvolvimento inicial (Pio et al., 2004). A produção de mudas de maracujazeiro em grande escala tem sido feita utilizando-se como recipientes bandejas, tubetes e sacos plásticos (10 x 20 cm ou 18 x 30 cm).

Lopes et al. (1999) destacaram que a semeadura em tubetes apresenta algumas vantagens quando comparada ao sistema tradicional de sacos plásticos, tais como: redução da ocorrência de pragas e doenças, economia com a mão de obra e substrato, facilidade no transporte e manuseio das mudas e otimização das áreas dos viveiros.

Porém, Zanela et al. (2006) e Zucarelli (2007) alertaram que devido à pequena capacidade do tubete, os substratos comerciais não conseguem suprir as necessidades nutricionais das plantas, não permitindo que a mesma se desenvolva satisfatoriamente. Portanto, para a garantia de mudas vigorosas torna-se necessário suplementar o substrato com adubo específico e testar novas formas e meios para crescimento e desenvolvimento das mudas. O plantio das sementes em sacos plásticos possibilita produção de mudas maiores no momento do transplante para o campo, reduzindo o período de formação do pomar e início da época de colheita.

Verdial et al. (2000) estudaram a formação de mudas de maracujazeiro amarelo quanto à qualidade da muda formada. Os tratamentos utilizados foram: 1- mudas formadas em sacolas plásticas, preenchidas com terra adubada e misturada com esterco de curral curtido, com fertirrigação uma vez por semana; 2- mudas formadas em tubetes de plástico rígido, com substrato à base de casca de pinus e vermiculita, mantidos em bancada e recebendo fertirrigação uma vez por semana; 3- idêntico ao tratamento 2, utilizando-se bandejas de poliestireno expandido; 4- idêntico ao tratamento 3, sem fertirrigação, mas com uso de floating (consiste em um sistema flutuante, onde as plantas ficam sob um recipiente com solução nutritiva) a cada dois dias; 5- idêntico ao tratamento 4, com o uso de fertirrigação. Foram avaliadas a altura da planta, comprimento da raiz, matéria seca da parte aérea, matéria seca da parte radicular, percentagem de pegamento no campo e desenvolvimento vegetativo inicial. Verificou-se pegamento igual para todos os tratamentos, sendo que o tratamento 5 apresentou as maiores médias para altura de plantas.

Em testes experimentais Ribeiro et al. (2005) avaliaram o efeito de diferentes substratos e recipientes no desenvolvimento de mudas de maracujá amarelo. Os tratamentos consistiram na combinação de dois tipos de recipientes (sacos de polietileno com dimensões de 22 x 5,5 cm de altura e largura, respectivamente, e tubetes com dimensões 14,5 x 3,5 cm, altura e diâmetro) com três substratos (solo + esterco bovino na proporção de 1:1, substrato comercial Plantimax® e Vermiculita). Avaliou-se a massa fresca e seca da parte aérea e da raiz, altura das plantas, comprimento da raiz e número de folhas. Concluiu-se que as mudas de maracujá amarelo produzidas com substrato Plantimax® em sacos plásticos obtiveram melhor resposta para todas as características avaliadas.

Chagas et al. (2006) analisaram o efeito do tamanho do recipiente na formação de mudas de maracujá amarelo. Os tratamentos foram constituídos por quatro tamanhos de sacos de polietileno (recipiente 1= 654 cm³ e 11 cm x 19 cm; recipiente 2= 1.398 cm³ e 15 cm x 25 cm; recipiente 3= 2.918 cm³ e 20 cm x 25 cm e recipiente 4= 3.582 cm³ e 20 cm x 32 cm). Avaliou-se quatro tempos de permanência das mudas no viveiro. Foram determinados altura da muda, diâmetro do caule, número de folhas, área foliar e peso seco da parte aérea e do sistema radicular. O tamanho do recipiente e o tempo de permanência influenciaram a formação das mudas. Os recipientes 3 e 4, foram os que apresentaram mudas mais vigorosas. Houve correlação altamente positiva entre todas as características avaliadas.

Pode-se, portanto, observar que o plantio de mudas de maracujazeiros semeadas em sacos plásticos é uma opção a ser considerada pelo empreendedor rural tendo em vista o tamanho das mudas quando plantada no campo (aproximadamente 1,5 m de altura) e o período de plantio (após o período de revoado dos pulgões). Situação esta que reduz a incidência de ataque de pragas e doenças no campo.

Deve-se, no entanto, ressaltar que o transporte das mudas altas deve ser realizado com bastante cuidado devido à maior vulnerabilidade em relação a quebras e danos físicos quando comparada a muda de tubete.

Insta frisar que a tecnologia de plantio de maracujazeiros com uso de mudas altas (semeadas em sacos plásticos) tem sido difundida e implementada em escala crescente, pelo pesquisador científico Dr. Nobuyoshi Narita, na região de Presidente Prudente, onde fica sediado o Pólo Regional da Alta Sorocabana, pertencente à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Observou-se nessa região a produção de frutos com maior qualidade em relação ao plantio convencional, devido à menor incidência de ataque de doenças, por permanecer a planta menor tempo no campo, além da maior produtividade, tendo em vista a recomendação de plantio adensado das mudas. 

Figura 1. Mudas semeadas em tubete (A) e saco plástico (B).
Fonte: APTA/ Pólo Centro Oeste/ Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Marília, 2012

 

Figura 2. Diferença de massa seca (raiz e folha) entre a muda semeada em tubete (A) e saco plástico (B).
Fonte: APTA/ Pólo Centro Oeste/ Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Marília, 2012.

 

Referências bibliográficas 

Chagas, I.M. et al. Formação de mudas de maracujá amarelo em quatro tamanhos de recipiente. Revista Verde, Mossoró, v.1, n.2, p.122-133, 2006. 

LOPES, P.S.N. et al. Adubação nitrogenada e substratos no crescimento de mudas de maracujazeiro amarelo em tubetes. Revista da Universidade de Alfenas, Alfenas, n.5, p.3-8, 1999. 

PIO, R. et al. Produção de mudas de maracujazeiro amarelo em diferentes substratos. Revista Brasileira de Agrociências, Pelotas, v.10, n.4, p.523-525, 2004. 

RIBEIRO, M.C.C. et al. Produção de mudas de maracujá-amarelo com diferentes substratos e recipientes. Caatinga, Mossoró, v.18, n.3, p.155-158, 2005. 

Verdial, M. F. et al. Métodos de formação de mudas de maracujazeiro amarelo. Scientia Agricola, Piracicaba, v.57, n.4, p.795-798, 2000. 

ZANELA, F.;  SONCELA, R.;  LIMA, S.A.L. Formação de mudas de maracujazeiro “amarelo” sob níveis de sombreamento em Ji-Paraná/RO. Revista de Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.30, n. 5, p.880-884, 2006. 

ZUCARELLI, V. Germinação de sementes de Passiflora cincinnata Mast: fases, luz, temperatura e reguladores vegetais. 2007. 111p. Tese (Mestrado em Ciências Biológicas/Botânica)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007.


Autores
 

Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto, Adriana Novais Martins, Fumiko Okamoto e Anelisa de Aquino Vidal são pesquisadoras científicas, APTA Regional, Pólo Centro Oeste, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Marília, SP.

Nobuyoshi Narita é pesquisador científico, APTA Regional, Pólo Alta Sorocabana, Presidente Prudente, SP.

Maura Seiko Tsutsui Esperancini é docente, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Botucatu, Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, Botucatu, SP.

Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

FURLANETO, F. P. B.; MARTINS, A. N.; NARITA, N.; ESPERANCINI, M. S. T.; OKAMOTO, F.; VIDAL, A. A. Tipos de mudas de Maracujazeiros. 2012 Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2012_3/maracujazeiros/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 09/10/2012

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