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Cultivando a saúde e a segurança no campo

 

No desenvolvimento de práticas de cultivo da agricultura é importante também o cultivo de aspectos de segurança e saúde. Não basta apenas produzir, é preciso fazê-lo com qualidade, preservando as pessoas e o meio ambiente contra os riscos de acidentes e perigos à saúde, inerentes à atividade agrícola.

As características do trabalho rural com relação à saúde e segurança devem ser levadas em conta também para a obtenção de produtividade. As interrupções do trabalho por acidentes ou condições de desconforto ou estresse reduzem o desempenho do trabalhador, refletindo na produtividade. Os prejuízos decorrentes de problemas de saúde e segurança podem atingir o trabalhador, o empregador e o próprio agronegócio.

A melhoria das condições de segurança no trabalho rural precisa ser encarada não só como medida para evitar multas da fiscalização, mas como sinal de respeito ao trabalhador (assumindo responsabilidades com a saúde e bem-estar do mesmo) e como fortalecimento da imagem da empresa na promoção de boas práticas agrícolas.

As particularidades dos diversos sistemas de produção exigem análise criteriosa dos fatores de riscos para definição da gestão da segurança.

O Brasil por ser um dos países que mais faz uso de agrotóxico e também por ser modelo de produção agrícola, a intoxicação causada por agrotóxicos tem muitos registros. A falta de informação da população sobre o assunto, o número insuficiente dos profissionais de saúde que atua em toxicologia e o uso indiscriminado dos produtos, muitas vezes sem nenhum tipo de recomendação ou fiscalização, agravam os problemas decorrentes do uso de agrotóxicos. Assim, programas de conscientização do uso de agrotóxico são necessários.

Na colheita (manual ou mecânica) da cana-de-açúcar, o fornecimento de EPIs, a implantação de banheiros e a manutenção das máquinas são exemplos de cuidados. A queima da cana-de-açúcar, quando permitida requer uma boa identificação da área a ser queimada, com introdução de avisos e disponibilização de caminhão com água.

O uso de EPIs no corte de cana é um grave problema a ser resolvido, pois os equipamentos de segurança, que toda usina tem de fornecer, mesmo tendo CA (Certificado de Aprovação) emitido pelo Ministério do Trabalho, não são bem aceitos pelos trabalhadores. No corte da cana são usadas perneiras, óculos de segurança, luvas de segurança e botinas de proteção. As luvas são as que mais atrapalham, pois o cabo do facão não é aderente à luva, ela endurece em contato com a sacarose e cinzas presentes na cana-de-açúcar, o tamanho é inadequado e na empunhadura do facão ficam as costuras das luvas. Agora, com a Portaria SIT nº 392/2013 - DOU 1 de 26.07.2013 exigindo a certificação de aprovação (CA) para luvas canavieiras, é de se esperar um incremento na qualidade deste tipo de EPI.

As diversas fases da cultura da laranja, como o preparo de mudas (calor no viveiro), tratos culturais (aplicação de agroquímicos, pisadas em buracos no terreno) e na colheita (quedas de escadas e pisadas em buracos) requerem que sejam implantadas ações, tais como: a introdução de pausas na jornada de trabalho, o maior uso de roçadora e operações tapa-buracos, substituição de escadas e redução no uso de agroquímicos, reformas e revisões periódicas de equipamentos e treinamento de pessoal.

Na horticultura, as frutas e hortaliças estão sujeitas a riscos biológicos (bactérias, protozoários, vírus) e riscos químicos (microtoxinas, agrotóxicos). Nem mesmo a agricultura orgânica está livre destes problemas, portanto, cuidados no manuseio destes produtos e a higienização adequada de instalações são necessárias para contornar os perigos existentes e garantir a segurança alimentar.

A adoção da segurança como filosofia da empresa, analisando criteriosamente os fatores de riscos e estabelecendo limites da responsabilidade dos envolvidos, é um dos elementos de gestão que também contribui para a redução dos impactos ambientais causados pelas operações agrícolas. A excessiva aplicação de agroquímicos e fertilizantes, vazamentos/derramamento de óleos e lubrificantes podem contaminar o solo e os recursos hídricos; máquinas mal reguladas ou conservadas, práticas equivocadas de operação, além de oferecer risco ao operador, podem aumentar a emissão de carbono, desencadear processos erosivos do solo e causar poluição sonora pela geração de ruídos e vibrações excessivas que afugentam a fauna silvestre. O transporte inadequado de material particulado e pulverulento pode contaminar o ar, causando alergias e doenças respiratórias. O armazenamento e a destinação final de resíduos perigosos (tintas, solventes, agrotóxicos, etc.) também são fatores de riscos ambientais.

Os problemas potenciais apresentados acima requerem um plano de ação específico para cada sistema de produção. Para definir este plano precisamos primeiro olhar a propriedade buscando descobrir os riscos existentes, e depois apontar soluções. Vamos exercitar nosso olhar para a prática da segurança?

 

Ila Maria Corrêa
Pesquisadora do Centro de Engenharia e Automação/IAC


Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CORRÊA M. I.; Cultivando a saúde e a segurança no campo 2013. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2013_2/campo/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 28/06/2013

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