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História da fruticultura de clima temperado no Brasil, com ênfase no melhoramento genético 

As frutíferas de clima temperado são originárias de países que possuem inverno bem frio, onde são cultivadas há centenas de anos. No Brasil elas são consideradas exóticas, pois foram introduzidas de várias regiões mundiais. É do conhecimento comum que nos primeiros registros de Pero Vaz de Caminha, em maio de 1500, não se faz menção às plantas hortícolas.  Há indícios, no entanto, que as primeiras mudas ou sementes de frutíferas de clima temperado tenham sido trazidas pouco mais tarde, durante a expedição colonizadora de Martin Afonso de Souza, entre 1531 e 1532. Além das frutíferas, também, foram trazidas as hortaliças, o trigo e a cana-de-açúcar. Essas introduções européias foram plantadas ou semeadas em São Vicente (SP) e, posteriormente, em terras do Planalto Atlântico de vários estados brasileiros, devido às melhores condições de clima e solo.

 

Com certeza, entre os séculos XVI e XVIII, deve haver muitas informações e curiosidades relativas às frutas de clima temperado no Brasil, como aquelas mencionadas por Martins et al. (2010). Entre as histórias, levantadas e descritas por estes autores, a principal  delas talvez seja a de que Braz Cubas poderia ser considerado o primeiro viticultor brasileiro. Esse explorador português cultivou videiras por volta de 1551 no Planalto de Piratininga (hoje Grande São Paulo), onde fabricou os primeiros vinhos nacionais. A partir de meados do século XIX se pode encontrar textos que descrevem o cultivo de frutas de clima temperado na forma de pomares, bem como o uso maquinários apropriados para processamento de frutos. No Estado de São Paulo, importantes introduções de videiras norte-americanas, mais resistentes às doenças e de melhor adaptação aos climas locais, ocorreram entre 1830 e 1840 e que se expandiram para várias regiões brasileiras, ocupando lugar de destaque na economia da época. Ainda com videira, destaca-se a introdução de propágulos da uva Niagara em 1894, por Benedito Marengo, o que possibilitou seu cultivo comercial com sucesso a partir de 1910 (Santos Neto, 1969).

 

No Rio Grande do Sul, há relatos que o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, durante sua visita à Pelotas, em setembro de 1820, faz menção ao cultivo de pessegueiro e outras frutíferas. Quando se criou a Colônia Francesa, em 1880, o Diário Liberal da época relatou a existência de mais de 100 mil pés de pessegueiros e que seus frutos eram destinados à fabricação de compotas (Bach, 2009). Ainda em Pelotas (RS), o imigrante Amadeo Gustavo Gastal introduziu, da França, a primeira indústria de conservas de frutas e legumes, sendo que em 1878, o mesmo chegou a produzir as primeiras compotas experimentais de pêssegos. Segundo Grando (1990), citado por Nakasu; Raseira (2002), a primeira fábrica comercial de conservas de pêssego em calda, na região, foi a Quinta Pastorello, datada de 1900. Outro nome importante, que faz parte da história do pêssego nesse estado é Ambrósio Perret. Esse imigrante francês introduziu e testou diversas cultivares oriundas da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália. Seu viveiro, de mesmo nome e muito conhecido na época, já comercializava sementes e mudas em 1938 (EMBRAPA, 2010). Em Santa Catarina, há informações de que a macieira era plantada em jardins desde os primeiros anos do século XX. Santos (1994) relata que ‘Bismark’ pode ter sido a primeira maçã a ser cultivada na região, perto de Indaial e Brusque. Em documentos do Ministério de Agricultura, citado por Petri et al. (2011), se encontram relatos que no município de São Joaquim havia, em 1913, macieiras, pessegueiros, ameixeiras, marmeleiros e figueira produzindo boas frutas.

 

No Estado de São Paulo, em 1889, dois anos após a instalação da Estação Imperial Agronômica (Figura 1), hoje Instituto Agronômico (IAC), Franz Wilhelm Dafert iniciava seus relatos sobre o comportamento das introduções européias de várias coleções de frutíferas de clima temperado.

 

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Figura 1.
Edifício Dom Pedro II, primeira sede de pesquisa do IAC fundada em 1888.

 

São dessa época, também, os relatos de A. Noack, A. Kempel, H. Potel e J. Herrmann sobre os primeiros estudos das introduções das frutíferas temperadas, suas pragas e seu controle, citados por Ojima et al. (1993) e por Pommer (1993). Outro fato histórico, merecedor de destaque, diz respeito à primeira exportação de produto frutícola brasileiro na época da proclamação da república. A marmelada, muito produzida nos arredores da capital paulista, Minas Gerais e Rio de Janeiro, se tornou importante fonte de renda nos tempos do império (Rigitano, 1957). Logo depois que Dafert, fundador do IAC, deixou o Brasil, o fitopatologista russo G. Bondar veio trabalhar na instituição, onde publicou após dois anos de estudos, em 1913, o boletim: “Pragas da figueira cultivada”. Nessa época, o pomólogo alemão João Hermann ficou incumbido de chefiar a Fazenda Santa Elisa (Figura 2), hoje Centro Experimental Central, do IAC, em Campinas (SP), onde introduziu elevado número de acessos de frutíferas de clima temperado, notadamente uva, pêssego, ameixa, maçã, pêra e marmelo. Em 1925, esse mesmo pesquisador implantou a Estação Experimental de São Roque (SP), onde reuniu mais de 400 acessos de fruteiras. Além daquelas espécies já plantadas em Campinas, Hermann organizou o plantio de coleções de castanhas, cerejas, citrus, figos, framboesas, morangos e nozes (Ojima et al., 1993).


Figura 2.
Vista parcial da Fazenda Santa Elisa adquirida pelo IAC em 23/02/1898.

Ressalte-se que, as frutíferas de clima temperado começaram a ganharam lugar de destaque na agricultura brasileira, graças aos resultados experimentais de pesquisas consolidadas após os anos de 1930 (Seção de Viticultura e Frutas de Clima Temperado, 1950), no IAC. As primeiras experimentações, realizadas em vários municípios paulistas, resultaram em trabalhos científicos e em boletins técnicos (ABC do Lavrador Prático), com instruções para as culturas da videira, do pessegueiro, da figueira, do marmeleiro, da macieira, do caquizeiro, da nogueira-pecã e outras.

Ainda com bases experimentais, outras pesquisas pioneiras foram efetivadas na região sul entre as décadas de 1930 e 1950, principalmente no Rio Grande do Sul. Resultados importantes, também, promoveram o cultivo em larga escala do pessegueiro, macieira, videira e pereira.

Várias ações políticas importantes ocorreram entre 1950 e 1970. A fundação do Fórum Paulista de Fruticultura, em Piracicaba em 1951 é um exemplo. Era uma associação de técnicos e de fruticultores que, ao longo dos anos, através de sucessivas reuniões, passou a dar decisiva contribuição ao desenvolvimento do programa de fruticultura de clima temperado no Estado de São Paulo. Outro exemplo foi a criação, em 19 de outubro de 1970, da Sociedade Brasileira de Fruticultura. Na assembléia de fundação, em Campinas, foi eleito o Dr. Orlando Rigitano como o primeiro presidente. Com apoio de seus renomados parceiros da fruticultura nacional, ele presidiu as sessões de abertura do I e do II Congresso Brasileiro de Fruticultura, realizados em 1971 e 1973, em Campinas (SP) e em Viçosa (MG) respectivamente. 

Se hoje a fruticultura temperada é um setor dos mais importantes do agronegócio, muito se deve a esses e a outros ilustres pesquisadores, professores e técnicos extensionistas, merecedores de todo respeito e admiração dos brasileiros. Seus trabalhos de pesquisa, ensino, desenvolvimento de tecnologia e extensão rural foram essenciais para a gestão, divulgação e  adaptação das frutíferas ao nosso clima pouco frio. Como se sabe, a exigência de frio é bem variável entre as espécies frutíferas e cultivares, daí a razão principal do trabalho meticuloso de adaptação climática realizado há décadas no Brasil. As frutíferas de caroço, por exemplo, cultivadas nas regiões tradicionais mundiais tem, em geral, uma exigência em frio equivalente a um total acumulado no inverno de cerca de 800 horas de temperatura abaixo de 7,2oC.

Já as macieiras e pereiras, cultivadas nessas regiões de inverno rigoroso, tem necessidades ainda maiores de temperaturas abaixo de 7,2oC, em média acima 1000 horas. Com isso, o assunto mais discutido nos trabalhos da área é que de nada adianta, simplesmente, introduzir as variedades das principais áreas produtoras do estrangeiro e selecionadas para as condições de inverno que lhes são peculiares, pois elas não encontram boa adaptação ao clima ameno dos estados produtores brasileiros. Há inevitavelmente, a necessidade de se realizar todo um trabalho de melhoramento genético para seleção de material que consiga se desenvolver e frutificar normalmente nos climas temperados-subtropicais a tropicais, característicos de nosso país.

      
Figura 3
. Participantes do I Congresso Brasileiro de Fruticultura realizado em Campinas-SP, de 02 a 08 de julho de 1971. Ao centro Victória Rossetti e à sua direita Orlando Rigitano.

Há pelo menos cinco décadas, o cultivo comercial de frutíferas temperadas se distribui por diversas regiões de clima ameno, graças às ações de programas locais de pesquisas, principalmente de introdução e avaliação de cultivares, de melhoramento genético e de sistemas de cultivo. Os resultados de maior expressão foram alcançados após 1950, estimulando definitivamente os fruticultores a investirem nesse mercado. Assim sendo, ocorreu grande popularização de cultivos como o da videira, das frutíferas de caroço, das pomoideas e outras. Com isso, muitos pomares de frutas de clima temperado foram instalados em regiões novas e pouco pesquisadas quanto à adaptação climática e cultural, demandando trabalhos científicos mais especializados (Barbosa et al., 2003).

A seguir são relatados os principais resultados de pesquisa, principalmente do IAC, obtidos depois de 1950 que, de certa forma, revolucionaram o cultivo das frutíferas de clima temperado. Importante enfatizar que, seria impossível discorrer sobre os avanços da fruticultura de clima temperado, se não considerar prioritariamente os relevantes trabalhos de melhoramento de cultivares, visando adaptação plena aos climas típicos regionais.

 

     
Figura 4.
Quatro gerações de pesquisadores científicos que atuaram efetivamente no melhoramento genético de frutíferas de clima temperado do IAC em cerca de 60 anos de atividades. Da direita para a esquerda: Mario Ojima, Orlando Rigitano, Wilson Barbosa e Fernando Antonio Campo Dall’Orto.
Jundiaí-SP, 1998.

 

Pessegueiro, nectarineira e ameixeira

Antes de 1950, as pesquisas com essas culturas se baseavam, em geral, na introdução de cultivares de várias procedências, verificando-se suas características e comportamento ecofisilógico frente ao clima de inverno ameno dos estados do sudeste e sul brasileiro. Foi graças a esse trabalho pioneiro, que possibilitou o cultivo dessas fruteiras em moldes comerciais e com elevado nivel de aceitação por parte dos fruticultores. Sem essas pesquisas, provavelmente não haveria, na época, produções dos pêssegos nos arredores de São Paulo, a exemplo de: ‘Suber’, ‘Jewel’ ou ‘Pingo-de-mel’ e ‘Tos China’ (introduzidos dos Estados Unidos e Itália) e ‘Rei da Conserva’, ‘Sawabe’ e ‘Pérola de Itaquera’ (selecionados por produtores locais), segundo Ojima et al., (1988). Há registros que a primeira entrada oficial de pessegueiro no país ocorreu em 1935, por meio da então Seção de Introdução de Plantas, hoje Quarentenário IAC, sendo esses observados e plantados em campo. Nos primeiros anos da década de 1940, Dr. Orlando Rigitano enfatizava, em seus relatórios anuais, fatos econômicos e sociais bastante interessantes. Um desses relatos mencionava que a cultura do pêssego começava a “tomar cada dia maior vulto no comércio especializado do ramo, angariando adeptos em número crescente, cada vez maior, que levam ao varejo o seu produto cuidadosamente obtido numa cultura que se empenham de executar, de ponta a ponta, aprimoradamente, tanto quanto possível”.  Até essa época, os consumidores nacionais estavam habituados a consumir pêssegos importados, especialmente, da Califórnia e Argentina. Mas os altos preços alcançados pelos fruticultores, principalmente de Itaquera e Mogi das Cruzes, motivaram o plantio do pessegueiro em escala maior, tornando-se negócio importante à economia do Estado de São Paulo. Isso fez com que se reduzisse a importação de pêssegos, pois a produção nacional aumentara consideravelmente (Instituto Agronômico, 1947).

O trabalho de estudos de coleções e viabilização de material ao cultivo comercial foi essencial para dar origem no IAC, em 1947, ao primeiro programa brasileiro de melhoramento genético do pessegueiro. Nas décadas de 1950 e 1960 foram obtidas cultivares que revolucionaram a persicultura paulista, tais como: ‘Talismã’, ‘Tutu’, ‘Ouromel’, ‘Natal’, ‘Biuti’ dentre outros (Rigitano, 1964; Ojima et al. 1993). Estes pêssegos, lançados na década de 1960, dominaram o mercado por 20 anos, sendo paulatinamente substituídos por outros mais atrativos desenvolvidos nas décadas posteriores. Com a expansão da cultura, logo vieram os problemas fitossanitários. A infestação de mosca-da-fruta, cochonilha branca, pulgão, mariposa oriental, ferrugem, crespeira, sarna e podridão parda começou a dificultar esse novo empreendimento frutícola. Parte dos problemas fora resolvido com a aplicação de calda sulfocálcica a l:8, calda  bordaleza a 2%, óleo miscível a l%, sulfato de nicotina a 0,3%; o ensacamento dos frutos, no entanto, era imprescindível.  As pesquisas com inseticidas foram iniciadas mais tarde, na década de 1960, pelo Instituto Biológico de São Paulo, resolvendo os problemas como o da mosca-da-fruta. Os principais pomares de pêssego foram implantados em Itaquera, o que motivou a Secretaria da Agricultura Paulista a realizar, todos os anos, a Festa do Pêssego, sempre em novembro. Nesse evento promocional, mais de 100 fruticultores mostravam seus produtos e concorriam a prêmios de melhores amostras de suas colheitas.

No inicio da década de 1950, Sérgio Sachs e outros pesquisadores da então Estação Fitotécnica de Taquari, depois Estação Experimental de Pelotas, iniciaram o melhoramento do pêssego no Rio Grande do Sul. Segundo relatos, desde 1940 já havia alguns cultivos de ‘Elberta’, ‘Cristal’, ‘Leader’ e ‘Abóbora’, introduzidos da Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e Califórnia, principalmente, da Universidade de Rutgers. Segundo Byrne; Bacon (1999), metade de suas seleções de pêssego dessa época, tipo consumo in natura, possuía a genética de ‘Delicioso’, ‘Precoce Rosado’ e ‘15 de Novembro’. Essas e outras cultivares, juntamente com ‘Aldrighi’, constituíram a base do melhoramento genético do pessegueiro das citadas estações experimentais, hoje EMBRAPA Clima Temperado. Nas décadas de 1960 a 1980 foram lançadas diversas cultivares de pêssego de superior qualidade, bem adaptadas ao clima regional e muito plantadas em várias regiões frutícolas do Sul e do Sudeste brasileiro. ‘Premier’, ‘Coral’, ‘Marli’ ‘Cerrito’, ‘Magno’, ‘Precocinho’, ‘Bolinha’, ‘série BR e ‘Diamante’ foram algumas das seleções dessa época, sendo a última cultivada inclusive no México, onde ainda lidera a indústria de pêssegos, juntamente com seus descendentes diretos. Esse programa de melhoramento modificou completamente o panorama da persicultura  gaucha, possibilitando a redução drástica da importação de pêssegos da Argentina e Uruguai e a  liderança absoluta na indústria de compotas no país (Raseira et al, 2008).

Com o passar dos anos, outros pêssegos e nectarinas bem avermelhados foram sendo introduzidos por pesquisadores e produtores, principalmente dos Estados Unidos. Essas introduções logo lideraram os novos plantios comerciais nas regiões Sudeste e Sul, marcando nova fase na cultura de frutas de caroço. Exemplo disso são as introduções de: ‘Sunred’ e ‘Colombina’ (nectarinas) e ‘Maravilha’ e ‘Flordaprince’ (pêssegos), extremamente atrativos e incomuns no Brasil. Com isso, os institutos de pesquisas nacionais tiveram que repensar sua programação, para poder continuar competindo no mercado interno com suas principais seleções. Rapidamente, os pesquisadores formaram parcerias com universidades norte-americanas e iniciaram os trabalhos de cruzamentos entre os pêssegos nacionais e introduzidos. Assim, nas décadas de 1960 e 1970, os acessos das Universidades da Flórida e da Califórnia dominaram os cruzamentos nessa nova fase dos programas de melhoramento do IAC e da EMBRAPA. Graças a essas ações, logo se desenvolveram seleções de pêssego e nectarina de pele mais avermelhadas e com menor ciclo de maturação dos frutos, voltando a competir em condições de igualdade ou até de superioridade em relação às cultivares estrangeiras. No IAC foram desenvolvidos, na década de 1980, os pêssegos da série Aurora, Doçura, Dourado, Jóia e Ouromel, que reinaram absolutos na persicultura paulista até meados da década de 1990. Dentre as nectarinas, as de maior destaque foram: ‘Rosalina’, ‘Josefina’ e ‘Centenária’ (Barbosa et al., 1997), porém menos plantadas que as cultivares da Flórida. Essas seleções do IAC apresentam alta produtividade e adaptação climática e boa precocidade de maturação.  Seus frutos são, na maioria, de coloração avermelhada e de sabor doce-acidulado bem agradável. Em termos de pêssego de curto ciclo de maturação, o IAC desenvolveu na década de 1980 seleções das mais precoces já obtidas em programas de melhoramento genético nacional. Com o indispensável auxílio da cultura in vitro de embriões (Barbosa et al., 1985), obtiveram-se inúmeras plântulas da linhagem IAC 180 (371-2 = F2 ‘Tutu’ x ‘Rubro-sol’), em |Jundiaí, de onde se selecionaram o  pêssego ‘Tropical’, de polpa amarela e pele com até 95% vermelho-escuro. Essa cultivar amadurece seus frutos em tempo recorde, entre 70 e 80 dias após a floração, durante fins de agosto a inicio de setembro em regiões mais quentes do interior paulista (Barbosa et al. 1990).

Cultivares importantes, dessa nova etapa do melhoramento genético de frutas de caroço no país, foram divulgadas, também, pela EMBRAPA Clima Temperado. Dentre essas se destacam: ‘Chimarrita’, ‘Chiripá’, ‘Chula’, ‘Eldorado’, ‘Jubileu', ‘Maciel’, ‘Leonense’, ‘Planalto’, ‘Turmalina‘ e Vanguarda’ (Raseira et al., 2008; EMBRAPA, 2011). Suas principais características são: alta produtividade das plantas e beleza e sabor bem agradável dos frutos, predominando o doce-acidulado. Chama atenção a qualidade das cultivares para conserva, cuja película é amarelo-alaranjada pouco avermelhada e com polpa bem amarela e firme. As compotas, das seleções tipo indústria, apresentam sabor ácido agradável, textura macia, cor atraente e com boa uniformidade, sem escurecimento (oxidação). Algumas dessas seleções apresentam moderada a boa resistência à infestação de Xanthomonas arboricola pv. Pruni. Interessante citar que, devido à relativa baixa exigência em frio desses pêssegos da EMBRAPA, vários deles penetraram fortemente, principalmente, em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, diversificando ainda mais os tipos cultivados nestes estados.

Os pêssegos ‘Okinawa’, introduzido da Flórida e resistente a nematóides, e ‘Capdeboscq’ (seleção local de Pelotas, RS), se tornaram, ao longo das décadas, os principais porta-enxertos para frutas de caroço. Ambas cultivares apresentam alta produtividade de sementes e considerável rusticidade no manejo das plântulas e das mudas enxertadas. Aos poucos foram sendo introduzidos, na cultura, uma série de porta-enxertos diferenciados, visando maior densidade de plantio e tolerância a pragas, mas que ainda precisam ser melhor pesquisados para validação definitiva de sua contribuição.

Os objetivos propostos, nos dois principais programas de melhoramento genético do país, vêm sendo gradativamente atingidos, acumulando e combinando os genes favoráveis nos indivíduos das diferentes gerações. No IAC, por exemplo, os pessegueiros e nectarineiras, selecionados e promovidos ao longo dos anos, apresentam grande variabilidade em tipos de planta, fruto e época de maturação. Como exemplos fenotípicos, se destacam as cultivares de pêssegos esverdeados como Talismã, Nectar, Cristal; de pele rosada (Jóia-1 e 2) ou vermelha (Centenário); de polpa amarela (Petisco-2, Canário, Dourado-1) ou branca (Natal, Delicioso Precoce, Jóia-4); textura firme (Aurora-1) ou macia (Catita, Tutu, Jóia-3); de caroço preso (Colibri, Brasão) ou solto (Dourado-2, Jóia-5); de sabor bem doce (Supermel, Ouromel-2) ou doce mais acidulado (Petisco, Arlequim); de consumo industrializado (Régis, Real, Biuti); de maturação bem precoce (Tropical, Tropical-2), mediana (Doçura-2, Aurora-2) ou tardia (Bolão, Momo); e, de frutos bem grandes (Douradão), segundo Barbosa et al. (1997). Constatou-se que há cerca de 55 cultivares de pêssegos e nectarinas em cultivo no Brasil, sendo 20 deles cultivados em maior escala comercial (Barbosa et al., 2003; Mayer e Antunes, 2010). Importante registrar a relevante contribuição da pesquisa nacional, nos programas de melhoramento do pessegueiro e nectarineira.  Mesmo com a excelência das cultivares estrangeiras, mais de 70% dos pêssegos e nectarinas plantados no Brasil são oriundas de programas nacionais, visando na sua essência adaptação plenas aos climas regionais.

Com a maior restrição de recursos públicos para pesquisa, após os anos de 1990, algumas instituições de pesquisa tiveram que reduzir o volume de trabalho e readequar seus projetos frente a essa nova realidade. Com isso, se reduziu a quantidade de campos experimentais e, consequentemente, o aparecimento de resultados inovadores à fruticultura de clima temperada. Hoje, a EMBRAPA Clima Temperado é, com certeza, o maior centro de pesquisa em frutas de caroço do país e do mundo, principalmente quanto ao desenvolvimento de pêssego tipo conserva. Essa unidade, localizada em Pelotas, possui um banco ativo de germoplasma com mais de 900 acessos, em que são mantidos genótipos de baixa exigência em frio hibernal e de boa resistência á Monilinia fructicola, causadora da bacteriose, principal doença do pessegueiro (Raseira et. al. 1988). Mesmo com a crise de recursos financeiros e humanos, de unidades paulistas de pesquisa, novos pomares ainda deverão ser estabelecidos com as cultivares do IAC, de muito baixa exigência em frio. Com isso, a fruticultura de clima temperado continuará avançando para regiões cada vez mais quentes do Estado de São Paulo (Chagas et al., 2009) e circunvizinhança, inclusive norte de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Espírito Santo.

Mesmo havendo grande diversidade de tipos, há sempre muita procura por novas opções varietais, especialmente para antecipação de safra e melhoria da qualidade do produto final.  Em fins da década de 1990 e inicio dos anos 2000, se verificou nova demanda por cultivares de frutíferas de clima temperado mais diferenciadas, sendo que essas deveriam apresentar frutos bem precoces, graúdos e atraentes e de adequada conservação pós-colheita. Havia e há grande interesse por cultivares cujas plantas sejam mais compactas, bem adaptadas a diferentes climas regionais e, se possível, tolerantes às pragas e doenças. Ressalte-se que, quanto mais precoces são as safras, menores são os custos de produção e a competição pelas frutas de época, provenientes de outras regiões produtoras; daí o interesse contínuo e imediatista do mercado por cultivares mais vantajosas. Em resposta a essa demanda, o IAC e a EMBRAPA lançaram na primeira década dos anos 2000 novas cultivares de pêssego e nectarina que, em parte, atenderam os anseios do mercado. O pêssego ‘Douradão’, por exemplo, lançado pelo IAC e testado em várias regiões do Estado de São Paulo, encontrou inicialmente melhores condições de desenvolvimento em locais cujas latitudes estavam acima de 23o00´S (Barbosa et al., 2000). Essa cultivar, mesmo antes de seu lançamento oficial,  já era extensamente cultivada no centro-sul do Estado. Devido ao seu maior tamanho (massa média de 160 gramas) e a grande aceitação dos mercados produtor, atacadista e consumidor, essa cultivar vem sendo uma interessante opção para os novos plantios em várias regiões frutícolas do país. Como vários cultivos de ‘Douradão’ foram efetivados em regiões subtropicais-tropicais, com latitudes abaixo de 23o00´S, às vezes de pouca ou nenhuma tradição no cultivo do pessegueiro, novas pesquisas ecofisiológicas e de manejo de planta se tornaram imprescindíveis. O IAC, ainda, lançou a nectarina ‘Aurojima’ como opção às nectarinas de polpa amarela e doce, de pele bem avermelhada e de alta adaptação ao clima subtropical-tropical.

Nessa mesma década a EMBRAPA Clima Temperado, por sua vez, lançou com destaque o pêssego ‘BRS Kampai’, de baixa exigência em frio hibernal e de polpa branca e bem adocicada, tipo esse bem apreciado nos estados de São Paulo e Paraná (Raseira et al. 2010). A ‘BRS Kampai’, que significa brinde em japonês, é a primeira cultivar de pessegueiro a receber o certificado de proteção no Brasil, junto ao Registro Nacional de Cultivar, do  Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Outros recentes lançamentos de pêssegos como: ‘Rubimel’ e ‘BRS Fascínio’ para consumo in natura’ e ‘Bonão’, ‘BRS Libra’ e ‘BRS Âmbar’, para consumo industrializado, também, vem sendo divulgados com ênfase nas diversas regiões produtoras do Sul e Sudeste.

Outras instituições de pesquisa e universidades, também, pesquisam o melhoramento genético do pessegueiro e nectarineira, das quais se destacam: o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de Santa Catarina (EPAGRI), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP - Jaboticabal). As cultivares de pêssego Ouro e de nectarina Bruna foram lançadas pelo IAPAR, sendo que essa última resultou de trabalho em cooperação com a Embrapa Clima Temperado. A cultivar Della Nona foi lançada pela EPAGRI, também, em cooperação com a EMBRAPA Clima Temperado.    

Na década de 1990, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e o Instituto de Economia Agrícola (IEA) realizaram um censo agropecuário no Estado de São Paulo, denominado Projeto LUPA-SP (Pino et al., 1997). Para cada tipo de frutífera temperada pesquisaram-se: regiões e municípios produtores, área de cultivo, quantidade de plantas, bem como o número de propriedades rurais envolvidas. Verificou-se naquela época a presença de 1,9 milhão de pessegueiros jovens e adultos, constituindo-se na segunda frutífera temperada mais plantada no Estado, atrás somente da videira. Neste dado, incluiu-se a nectarineira, que era equivalente a 12% da persicultura paulista em número de plantas. De todas as fruteiras temperadas, o pessegueiro foi a cultura que mais tinha evoluído em termos de plantas cultivadas. Comparando os dados disponibilizados em 1982, verificou-se crescimento de cerca de 420% (Programa Integrado de Pesquisa, 1985). Em Guapiara, na região de Itapeva, se encontrava o principal pólo de cultivo do pessegueiro. Já para nectarineira, Paranapanema era o principal município produtor, seguido por Guapiara. Cultivares pouco mais exigentes em frio foram bastante citadas no Sudoeste, região de Itapeva. Eram introduções do Rio Grande do Sul (Embrapa - Clima Temperado), como: 'Coral', 'Marli', 'Diamante', 'Premier', 'Chimarrita', 'Eldorado', 'Maciel' e 'Granada' e da Universidade da Flórida (UFL): 'Sunripe', 'Rubro-sol', 'Colombina', 'Sunblaze', Fla 84-16N e Fla 84-13N. As cultivares lançadas pelo IAC, de baixa exigência em frio, foram mencionadas principalmente pelos persicultores das regiões de Itapetininga, Avaré, Itapeva, Campinas e Bragança Paulista. São elas: séries Aurora, Dourado, Ouromel, Doçura e Jóia, além de 'Biuti', 'Douradão' e da nectarina 'Centenária'. Na cultura, as cultivares com fenótipos assemelhados eram agrupadas por tipos como, por exemplo: 'Aurora-1 e 2', 'Jóia-1, 2, 3, 4 e 5' e outras. Segundo Maia et al. (1996), as cultivares 'Flordaprince' e as dos tipos Aurora e Dourado eram as responsáveis, na década de 1990, por 15%, 30% e 20% da persicultura paulista. 'Flordaprince', pêssego introduzido, foi citado em todas as regiões persícolas. Ressaltou-se na pesquisa o município de Barretos, ao norte do Estado, que se apresentou como a sexta maior área persícola paulista, com 19,5 mil plantas em 93 ha. Para todas as cultivares citadas na pesquisa, verificaram-se safras entre agosto e janeiro, com ciclo de desenvolvimento dos frutos desde 80 até 180 dias (Barbosa et al. 2003).


Figura 5.
Exemplos de cultivares desenvolvidas, por pesquisadores nacionais, ao longo das décadas e que marcaram época na fruticultura de clima temperada brasileira. Pêssegos ‘Talismã’(A), ‘Diamante’ (B), ‘Douradão’ (C) e ‘Kampai’ (D); Ameixa ‘Carmesim’ (E); Maçã ‘Eva’ (F). 

A história do cultivo da ameixeira no Brasil não difere muito das outras frutíferas de clima temperado. Durante a primeira metade do século XX, aos poucos as ameixeiras foram sendo trazidas dos principais centros produtores mundiais e plantadas em várias regiões de clima ameno do Sul e Sudeste. As cultivares tradicionais de clima frio, logicamente, não se prosperavam nas condições climáticas locais, pois suas plantas eram deficientes na brotação das gemas após o inverno. Algumas introduções, porém, conseguiam se desenvolver e frutificar razoavelmente, a exemplo de ‘Kelsey’, pertencente a espécie Prunus salicina Lindl. Ao que parece, a ameixa ‘Kelsey’, introduzida nos Estados Unidos há mais de 100 anos, foi o principal paternal das ameixas de melhor adaptação a regiões de pouco frio hibernal, como ‘Santa Rosa’ e ‘Satsuma’. No Estado de São Paulo, fruticultores dos arredores da capital e interior propagaram descendentes de ‘Kelsey’ e ‘Satsuma’ e selecionaram algumas plantas produtivas, que constituíram a base do cultivo da ameixa no território paulista. Aparentemente, as ameixas ‘Roxa de Itaquera’ e ‘Kelsey Paulista’ são descendentes dessas duas introduções, que surgiram em Itaquera e em Limeira (SP) por volta de 1925 e 1940 respectivamente (Rigitano e Ojima, 1973; Castro et al. 2008; Ojima, et al., 1992).

Entre as diversas cultivares, inicialmente pesquisadas nas Estações Experimentais do IAC, apenas as duas acima referidas tinham-se destacada pela adaptabilidade, mostrando condições de ser recomendadas para exploração comercial em São Paulo. ‘Kelsey Paulista’, de pele e polpa amarela, apresentava a safra em janeiro e fevereiro. ‘Roxa de Itaquera’, de pele e polpa vermelho-escura, amadurecia os frutos em dezembro. As duas ameixas, no entanto, apresentavam o inconveniente de frutificar melhor em anos alternados. Com esse panorama, o futuro da cultura da ameixeira em São Paulo e regiões de ecologia similar, dependia da obtenção de novas cultivares para servirem de alternativas viáveis. Objetivando criar tais alternativas, através de seleção de material pouco exigente de frio, o IAC iniciou em 1966 os trabalhos de melhoramento genético.

Como resultado inicial desse projeto, selecionou-se já em 1969 a ‘Carmesim’, descendente justamente dessas duas melhores ameixeiras acima referidas, assim como as demais cultivares lançadas pelo IAC nas décadas seguintes.

Na região Sul, segundo Castro et al. (2008), também, ocorreram várias tentativas de introdução de ameixas desde o inicio do século XX,  por imigrantes europeus. No entanto foram os franceses, vindos de Marrocos, que trouxeram as principais cultivares para Fraiburgo (SC), na década de 1960. Posteriormente, algumas coleções foram instaladas em Fraiburgo e São Joaquim (SC) e em Vacaria e Pelotas (RS). Devido à alta exigência em frio, calculada em mais de 700 horas com temperatura inferior a 7,2ºC, somente as coleções de São Joaquim e Vacaria apresentaram algumas cultivares promissoras. Do material pesquisado, somente ‘D’Agen’ e ‘Stanley’ (ambas P. domestica), mostraram possibilidades de exploração na região de Cima da Serra Gaúcha e nos altiplanos do Planalto das Araucárias de Santa Catarina. A cultivar ‘Santa Rosa’, lançada em 1906 nos Estados Unidos chegou a representar cerca 90% da área plantada com ameixeiras nos Estados do Sul do Brasil (Nakasu e Raseira, 2002).

Todos os programas de melhoramento genético da ameixeira no Brasil utilizam em maior escala a espécie P. salicina Lindl., por ser a que mais se adapta aos climas locais. Ao longo dos anos, por meio de hibridações e polinizações abertas, foram desenvolvidas cerca de 20 cultivares ou seleções, com boa adaptação a diversas regiões de clima temperado ameno a subtropical. Afora ‘Carmesim’, o IAC lançou entre as décadas de 1960 e 1990 as seguintes seleções: ‘Rosa Paulista’, ‘Grancuore’, ‘Golden Talismã’, ‘Gema-de-ouro’, ‘Rosa Mineira’, ‘Januária’, ‘Centenária’ e ‘Kelsey-31’, cujas safras podem ocorrer desde setembro até fevereiro.

A Embrapa Clima Temperado mantém, desde 1953, o seu programa de melhoramento genético de ameixeira, do qual selecionou a série Pluma 1 a 7. A base genética deste programa é constituída por ‘Santa Rosa’, ‘Amarelinha’ e ‘Reubennel’, pela precocidade de maturação e qualidade da fruta. ‘Amarelinha’, selecionada por um produtor de Porto Alegre (RS) é altamente produtiva e apresenta frutos grandes, com epiderme e polpa amarela (Castro et al., 2008). O IAPAR iniciou seu programa de melhoramento da ameixa na década de 1980, tendo como base: ‘Amarelinha’, ‘Blood Plum; ‘Carmesim’, ‘Harry Pickstone’, ‘Methley’, ‘Pluma-7’, ‘Reubennel’ e ’15 de Novembro’. A ameixa ‘Irati’, principal seleção desse programa e cultivada em todos os estados produtores, apresenta baixa exigência em frio hibernal, semelhante a ‘Reubennel’. Seus frutos são vermelhos e bem atraentes, amadurecendo cerca de um mês antes de ‘Santa Rosa’ (Hauagge, 1991). O programa da EPAGRI, também, vem se dedicando à obtenção de cultivares de ameixa de superior qualidade e mais tolerantes a doenças. Lançou recentemente as cultivares Piúna e Camila, ambas de maturação tardia (Dalbó, 2012).

Segundo Eidam et al. (2012), os maiores estados produtores de ameixas são: Rio Grande do Sul, com produção anual estimada de 12.200 toneladas, seguido por Santa Catarina, com 11.000 toneladas, Paraná com 7.000 toneladas, São Paulo com 6.000 toneladas e Minas Gerais com 1.600 toneladas. Esses autores relatam que sete ameixas são as mais cultivadas nestes estados: ‘Gulfblaze’, ‘Irati’, ‘Reubennel’, ‘Harry Pickstone’, ‘Polli Rosa’, ‘Fortune’ e ‘Letícia’. Mesmo com o esforço de décadas, dos pesquisadores envolvidos nos programas nacionais de melhoramento, verifica-se carência de cultivares nacionais como opção vantajosa ao plantio comercial, principalmente para regiões com menor número de horas de frio hibernal. Em levantamento recente, sobre produção de mudas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, se detectou o envolvimento de 27 cultivares (Mayer e Antunes, 2010). Dessas, cerca de 90% são ameixeiras de origem estrangeira. Ultimamente, com a expansão do cultivo para outras regiões nunca antes cogitadas, a exemplo do semiárido brasileiro, vem ocorrendo demanda por cultivares e por manejos diferenciados (Lopes e Oliveira, 2010). Em locais de clima tropical de altitude, como em Mucugê, na Bahia (13º00’S, 41º22’O e altitude 980m), há cultivos de seleções nacionais e estrangeiras, em que as ameixeiras conseguem se desenvolver e produzir satisfatoriamente (Barbosa, 2006).

Com 291 mil indivíduos plantados em 886 ha, a ameixeira era na década de 1990, a sexta frutífera de clima temperado mais cultivada no Estado de São Paulo, segundo o Projeto LUPA-SP. Em termos regionais, Itapetininga era o seu maior pólo de cultivo, onde havia mais de 50% do total de plantas cultivadas no Estado. 'Reubennel', 'Harry Pickstone' e 'Gulfblaze' introduzidos, respectivamente, da África do Sul e da Flórida, além de 'Gema-de-Ouro', foram as cultivares mais plantadas. Afora estas quatro, outras ameixeiras foram relatadas: 'Carmesim', 'Grancuore' e 'Januária', além de 'Roxa de Itaquera' e 'Irati'. A 'Kelsey Paulista', uma das principais cultivares responsáveis pela expansão da cultura no planalto paulista, não foi citada em nenhum cultivo comercial. O pico de colheita das ameixas citadas se dava em dezembro e janeiro, embora houvessem cultivares que conseguiam produzir frutos em épocas extemporâneas (Barbosa et al. 2003). 

Macieira, pereira e marmeleiro

Cultivos da macieira e da pereira são mais restritos à região Sul do Brasil, onde as plantas encontram melhores condições climáticas para seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Regiões como as de Fraiburgo e São Joaquim (SC) e Vacaria (RS) respondem pela produção da grande maioria das maçãs brasileiras.

Há registros que a primeira produção comercial de maçãs ocorreu na vizinhança de Campinas (SP), na década de 1920. As mudas da macieira ‘Ohio Beauty’ (ou ‘Valinhense’), já eram produzidas em Valinhos (SP) e vendidas para toda região. Isso foi decisivo para que, nas décadas seguintes, houvesse centenas de milhares de macieiras sendo cultivadas comercialmente no Estado de São Paulo. Esses plantios de macieiras podem ter sido iniciados por influência dos trabalhos realizados no IAC, principalmente por João Hermann, que orientou as atividades com as fruteiras de clima temperado nessa época. É dele a famosa publicação de 1908 intitulada: “Sobre o tratamento das árvores frutíferas”. Esse mesmo pesquisador foi o responsável, a partir de 1925, pela implantação da principal coleção de macieira e outras frutíferas na antiga Estação Experimental de São Roque, do IAC (hoje UPD São Roque - Pólo Regional Sede - da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA). Nas décadas de 1940 e 1950, as coleções do IAC somavam cerca de 90 acessos, cujo objetivo principal era a verificação regional da adaptação climática das plantas. Em fins da década de 1950, pesquisadores do IAC, depois de constatarem o comportamento pouco satisfatório da grande maioria das maçãs das coleções de Campinas, Monte Alegre do Sul, Jundiaí e São Roque, iniciaram os trabalhos de melhoramento, objetivando novas seleções mais adaptadas ao clima de São Paulo. Assim sendo, efetuaram cruzamentos de ‘Valinhense’ com ‘Rome Beauty’, ‘Golden Delicious’, ‘Glengyle Red’, ‘Delicious’ (ou ‘Red Delicious’), ‘King David’, ‘Jonathan’ e ‘Primasia’, que vinham apresentando comportamento promissor. Na década de 1960 selecionaram-se as primeiras cultivares paulistas de maçãs: ‘Rainha’, ‘Culinária’, ‘Dulcina’, ‘Paulista’, ‘Delícia’ e ‘Bonita’, que tiveram penetração em culturas comerciais em São Paulo, porém em escala limitada (Rigitano et al. 1975; Ojima e  Campo-Dall’Orto, 1980). A 'Rainha', a mais importante seleção do IAC, apresentou em cultivo comercial no Vale do Paranapanema padrão de qualidade similar ao das melhores maçãs estrangeiras, segundo Rigitano et al. (1984). Depois disso, ‘Rainha’ foi utilizada quase que apenas como cultivar polinizante para ‘Gala’, quando cultivada em regiões subtropicais. Após anos de trabalhos de hibridação e seleção contínuos, o IAC ainda divulgou na década de 1980 outras maçãs, como: ‘Centenária’, ‘Galícia’, ‘Marquesa’ e ‘Soberana’(Campo-Dall’Orto et. al. 1987). Mesmo apresentando característica de baixa exigência em frio, ciclo de maturação dos frutos bem precoces e razoável qualidade do produto final, essas seleções não tiveram a desejada penetração na cultura. Ainda, na década de 1980, foi verificado o comportamento de 22 seleções e novos acessos de germoplasma IAC, em Capão Bonito, região fria do Sudoeste paulista. Dentre elas se destacaram as maçãs: ‘Michal’, ‘Anna’, ‘EinShemer’, ‘Mutsu’, e ‘Red Home’ (introduzidas), além de ‘Dulcina’, Rainha’ e ‘Culinária’. Essas cultivares foram recomendadas para servirem de opção às maçãs ‘Valinhense’ e Brasil (Bruckner), esta última selecionada na década de 1940 por produtor alemão da região de Campinas (SP). As tradicionais maçãs cultivadas na região Sul, como ‘Gala’ e ‘Fuji’ tiveram comportamento vegetativo irregular e baixas produções de frutos (Campo-Dall’Orto et al. 1987). Após essa época, dada à competição das maçãs produzidas na região Sul e a outros fatores, a maioria dos produtores paulistas desistiu dessa cultura, iniciando empreendimentos com outras frutíferas. O censo paulista LUPA-SP, da década de 1990, revelou que havia 391 mil macieiras sendo cultivadas em 450 ha, representando a quinta frutífera temperada mais plantada em quantidade de indivíduos. Paranapanema, na região de Avaré, era considerado o maior município produtor, seguido de Taquarivaí. As principais cultivares da época eram: 'Anna', 'Brasil', 'Dorset Golden', 'Malus 4', 'Princesa' e 'Rainha', cujas safras ocorriam entre dezembro e março. Em menor quantidade foram citados cultivos de 'Gala' e 'Fuji'. Em 1983, estimava-se uma área de 3.250 ha sendo cultivada com macieira, representando 15% do total nacional (Penteado, 1986). Analisando os dados estatísticos, apresentados nessa época (Programa Integrado de Pesquisa, 1985), constata-se que a macieira foi a cultura de clima temperado que mais sofreu redução de área e de número de plantas cultivadas no Estado de São Paulo,  cerca de 90% (Barbosa et al. 2003).

Nos estados do Sul, a cultura da maçã começou a ganhar impulso após 1960. Em Fraiburgo (SC), por exemplo, com condições climáticas favoráveis, as macieiras foram mais facilmente cultivadas. Vários emigrantes europeus e seus descendentes foram os principais responsáveis pela implantação de pomares no sul do Brasil. Esses pomicultores utilizaram ao longo dos anos as maçãs dos grupos ‘Gala’ e ‘Fuji’, que aos poucos chegaram a representar 90% da produção brasileira nos primeiros anos da década de 2000. Em pomares menores se distribuíam as cultivares: ‘Eva’, ‘Golden Delicious’, ‘Brasil’, ‘Anna’, ‘Condessa’, ‘Catarina’ e ‘Granny Smith’. A maçã ‘Gala’ (original) teve a tendência de, aos poucos, ser substituída por clones de coloração mais vermelha dos frutos, como: ‘Royal Gala’, ‘Imperial Gala’ e ‘Galaxy’ (Petri at al., 2011; Sato e Roberto, 2009). Estes autores, assim como Hauagge et al., (2008) relataram pormenorizadamente os trabalhos realizados pelas unidades sulinas de pesquisa (EMBRAPA, EPAGRI e IAPAR)  e ensino, principalmente do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, bem como as cultivares desenvolvidas pelas mesmas durante as últimas quatro décadas. A maçã ‘Eva’, a mais difundida nos cultivos do Sul e Sudeste brasileiro, inclusive na Bahia, possui larga adaptação climática, podendo ser cultivada em locais onde há poucas horas de frio abaixo abaixo de 7,2º. Essa cultivar é extremamente produtiva, sendo sua safra colhida precocemente durante dezembro e inicio de janeiro. Ao longo de mais de 50 anos de melhoramento genético da macieira, os institutos de pesquisa chegaram a desenvolver cerca de 30 cultivares (Hauagge e Brukner, 2002; Hauagge et al., 2008), as quais apresentam características bioagronômicas bastante importantes tanto à cultura quanto ao prosseguimento dos trabalhos nacionais de melhoramento genético. Graças às ações de instituições de pesquisa e extensão, de empresas produtoras e de associações do setor, a produção brasileira de maçã se tornou auto-suficiente, sendo até exportada para outros países. Haja vista o espetacular aumento de 6000% na produção de maçãs brasileiras, nas últimas três décadas (FINEP, 2012).

A história do desenvolvimento da cultura da pereira, em região subtropical brasileira, é bem similar a da macieira. Numa primeira fase ocorreram várias introduções de peras, de diversos tipos, desde o inicio do século XX, sendo as mesmas observadas por décadas e distribuídas a fruticultores regionais. Numa segunda fase se iniciou o melhoramento genético, em fins da década de 1950, objetivando a seleção de novos tipos mais adaptados ao clima regional. Nessa época a cultura da pereira, talvez, tenha alcançado o seu auge nas regiões produtoras do Estado de São Paulo, principalmente com as cultivares: ‘D’água’ (ou Francesa) e Kieffer’ (ou Parda). O IAC, também, de forma pioneira iniciou os trabalhos de cruzamento entre os melhores acessos das coleções existentes nas estações experimentais de Campinas, Monte Alegre do Sul, Jundiaí e São Roque. O melhoramento teve por base a pêra ‘Packham’s Triumph’, em cruzamentos controlados com ‘Hood’, ‘Kieffer’, ‘Garber’, ‘Madame Sieboldt’, ‘Smith’, ‘Grazzine nº2’, ‘Bela Aliança’ e ‘Marguerite Marillat’. O primeiro lote de seleção constituído de 833 plântulas de pêra foi plantado, em 1960, na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul. Dele resultou as primeiras cultivares lançadas pelo IAC, visando atender os fruticultores paulistas: ‘Seleta’, ‘Triunfo’ e ‘Tenra’. Dando continuidade aos trabalhos, esse mesmo programa desenvolveu na década de 1980, as peras ‘Primorosa’ e ‘Centenária’, que apresentaram perspectivas bastante promissoras, tendo em vista a fina qualidade dos frutos e o bom comportamento geral das plantas quando enxertadas sobre marmeleiro (Ojima et al. 1988). Nessa época, ainda predominavam nos cultivos as peras rústicas, como: ‘D’água’, ‘Schmidt’ (Smith) e ‘Kieffer’, sendo as cultivares ‘Seleta’ e ‘Triunfo’ paulatinamente adotadas em novos plantios, principalmente em pomares compactos e sob porta-enxertos ananicantes.

Nos estados do Sul, encontram-se plantios de peras européias (Pyrus communis) e asiáticas (P. pyrifolia e P. ussurienses) de alta qualidade, como ‘Bartlett’, ‘P. Triumph’, ‘Abate Fatel’, ‘Clapp Favorita’, ‘Rocha’, ‘Houssui’, ‘Koussui’, ‘Nijisseik’, ‘Ya Li’ e outras, que requerem acima de 700 horas de frio hibernais (Faoro e Nakasu, 2002; Nakasu et et., 2008). Segundo estes autores, enquanto novas cultivares mais competitivas não forem criadas, os produtores terão que optar, por hora, peras existentes no mercado. Nessa linha de pesquisa, programas de melhoramento da pereira vêm sendo executados nas últimas décadas na EMBRAPA Clima Temperado, EPAGRI e IAPAR, com a apresentação de novas seleções como a ‘Cascatense’ (Donadio, 2000).

No Estado de São Paulo, nas décadas de 1980 e 1990, as maiores concentrações de pereira eram do tipo asiático, principalmente nas regiões de Presidente Prudente e Sorocaba, onde se cultivavam mais de 50 mil plantas de ‘Okusankichi’, ‘Atago’, ‘Koussui’, ‘Houssui’, e ‘Shinko’ (Barbosa et al., 2003). Dentre várias cultivares experimentadas, somente as citadas acima correspondiam às expectativas dos produtores. Mesmo apresentando desenvolvimento vegetativo e reprodutivo apenas razoável, tais cultivares constituíam a base da cultura da pereira asiática em municípios paulistas. Havia, portanto, demanda por outras opções varietais que apresentassem características complementares, notadamente maior qualidade de fruto e alta adaptação ao clima subtropical-tropical nas regiões produtoras. Assim sendo, novas pesquisas foram realizadas no IAC após a década de 1980, visando estudar e melhorar cultivares e seleções de pereira asiática e seus híbridos interespecíficos. No início da década de 1990, foram iniciados os primeiros cruzamentos envolvendo as pereiras asiáticas citadas acima, além de outras introduzidas da EPAGRI – E. E. de  São Joaquim. A pêra D’água foi  a única polinizante utilizada devido, principalmente, às suas características de rusticidade e de elevada adaptação ao clima subtropical. Os híbridos descendentes, plantados em Pindorama, Monte Alegre do Sul de Guapiara, apresentaram características de fruto e planta bem diversificadas (Barbosa et. al. 2007). As seleções mais promissoras, cerca de 20, foram cultivadas em propriedades de fruticultores para definição de material apto ao cultivo comercial. Dentre essas seleções, as peras Alegria (consumo in natura) e Limeira (consumo industrializado) foram as que as tiveram maior repercussão e aceitação nas regiões testadas.  Nessa época, as experimentações regionais do IAC, também, mostravam adequado comportamento de algumas seleções de pêra, remanescentes da década de 1960, as quais foram divulgadas ao meio produtivo. São elas: ‘Culinária’ e ‘Princesinha’, sendo esta última cultivada experimentalmente com sucesso em área irrigada do Submédio do Vale do São Francisco (Chagas et al. 2007; EMBRAPA, 2008).

Quando se realizou o projeto LUPA-SP, a pereira representava a sétima frutífera de clima temperado mais cultivada no território paulista. Com 164 mil plantas cultivadas em 411 ha, a cultura estava presente em 43 municípios de 31 regionais agrícolas. O município com maior concentração de plantas cultivadas era Narandiba, região de Presidente Prudente. As principais cultivares relatadas foram: européias - 'D'Água', 'Schmidt' ('Smith') e 'Packham's Triumph'; asiáticas - 'Okusankichi', 'Koussui', 'Houssui' e 'Atago', estas últimas nas regiões de Presidente Prudente e Sorocaba. Ainda foram registradas 'Kieffer', 'Primorosa', 'Centenária', 'Seleta', 'Tenra' e 'Triunfo', que mesmo sendo de boa qualidade organoléptica, estavam presentes apenas em pequenos cultivos. Outras espécies botânicas citadas na pesquisa foram: Pyrus calleryana Decne. (‘Taiwan Nashi-C’),  P. betulaefolia Bunge (‘Manshu Mamenahi’), como porta-enxertos e  P. bretschneideri Reidher (‘Ya-li’), como copa. A colheita dessas peras iniciava-se em dezembro e persistia até abril, quando amadureciam as cultivares de origem asiática (Barbosa et al. 2003; Barbosa et al., 1998).

Na década de 1990, por meio do projeto LUPA-SP, se verificou que o marmeleiro com somente 1.140 plantas era cultivado em 4,3 ha, tendo como principal cultivar o tipo 'Portugal'. Tietê e Vargem Grande do Sul eram os principais municípios produtores de marmelo. Mesmo com as diversas pesquisas desenvolvidas, a cultura do marmeleiro não continuou avançando no Estado de São Paulo, como se imaginava nas décadas anteriores. 

Caquizeiro, nespereira e figueira

O caqui foi introduzido no Estado de São Paulo pelo fruticultor Pereira Barreto. Segundo Rigitano (1956), poucas são as frutiferas de clima temperado que se adaptaram tão bem às condições climáticas paulistas como o caquizeiro. É dele a frase: Logo depois da chegada das primeiras introduções de caquis em São Paulo, nos fins do século XIX, a sua cultura aqui se desenvolveu com facilidade, demonstrando, bem cedo, que havia encontrado ambiente dos mais propícios à sua expansão. Embora o caquizeiro já tivesse dispersado para vários estados do Sudeste e Sul, devido à presença da colônia japonesa, a cultura permaneceu, por décadas, concentrada nos arredores da capital paulista, principalmente em Moji das Cruzes (SP), o maior centro produtor de todos os tempos, com cerca de 50% da produção brasileira. Depois da década de 1950, a cultura se expandiu de vez ao interior paulista e a outros estados brasileiros. Dentre as cultivares disponíveis na época, ‘Taubaté’ foi a mais plantada por muito tempo, devido ser as plantas bem vigorosas e produtivas, apresentando frutos vistosos e de sabor doce agradável. Em 1951, em reunião do Fórum Paulista de Fruticultores, estabeleceu-se que as cultivares de caqui, das diversas coleções do IAC, seriam agrupadas em três tipos apenas, ao contrário do que acontecia, na época, no Japão. O tipo Sibugaki (taninoso) compreendia as cultivares sempre taninosas, apresentando sementes ou não: ‘Taubaté’, ‘Hatchia’, ‘Coração de Boi’, ‘Trakoukaki’, ‘Hiratanenashi’, ‘Yoshihito’,  ‘Costata’ e outras.  No  tipo Amagaki (doce) se agrupou o ‘Jiro’, ‘Fuyu’ e ‘Hanagosho’. Além destes acima, os caquís que se apresentavam taninosos (quando não possuíam sementes) e não taninosos, parcial ou totalmente (quando continham uma ou mais sementes), se enquadraram no tipo Variável: ‘Giombo’, ‘Luís de Queiróz’, ‘Hyakume’, ‘Mazeli’, ‘Okame’, ‘Chocolate’, ‘Karioka’, ‘Rama Forte’, ‘Ushida’ e outros. Estes caquís quando possuem sementes tem  polpa achocolatada e doce e, ao contrário, não possuindo sementes apresentam  polpa amarela normal e taninosa. Mesmo com os esforços para o desenvolvimento de novas cultivares, ainda se cultivam tipos introduzidos há mais de seis décadas, principalmente nos estados do Sul, que produzem cerca de um quarto do caqui nacional.


Figura 6.
Exemplos de cultivares de frutas e nozes de clima temperado introduzidos de outros países e que marcaram época no Brasil, ao longo dos anos. Pera ‘D’água’ (A); Nêspera ‘Mizuho’ (B); Figo ‘Roxo de Valinhos’ (C); Caqui ‘Fuyu’ (D); Nectarina ‘Rubro-sol’ (E); Ameixa ‘Reubennel’ (F), Maçãs ‘Ohio Beauty’ (G) e ‘Gala’ (H); e, Noz-macadâmia ‘Keauhou’ (I). 

Após muitos anos de observação regional, quanto ao comportamento das cultivares existentes nas coleções, tiveram início, em 1950, os cruzamentos controlados visando  obtenção de novos tipos de caqui, selecionados quanto à: produtividade, qualidade dos frutos e adaptação às condições climáticas do Estado.  Os melhores acessos produziam flores hermafroditas, com pólen fértil, de modo que puderam ser utilizados reciprocamente nos cruzamentos, tanto como progenitores masculinos como femininos. As primeiras seleções de caqui do IAC, lançadas como resultados deste programa foram: ‘Pomelo’, ‘Rubi’, ‘Kaoru’, ‘Regina’, ‘Coral’ e ‘IAC 5’ (Rigitano, 1956; Ojima et al. 1988). As seleções de polpa doce ‘Fuyutian' e ‘Fuyuhana’ foram lançadas posteriormente, sendo a última experimentada em clima tropical do Vale do São Francisco (PE), assim como ‘Taubaté’, ‘Rama’ Forte’ e ‘Gimbo’ (Marodin, 2008). Por meio do Projeto LUPA-SP, se verificou que o caquizeiro constituía a quarta frutífera temperada mais plantada, com 740 mil plantas em 4.372 ha de 1.559 propriedades rurais. Comparando os dados estatísticos das décadas de 70, 80 e 90, verificou-se que o caqui foi uma das culturas que se manteve mais estável quanto ao número total de plantas cultivadas no Estado. As cultivares mais citadas na década de 1990 eram: 'Rama Forte', 'Giombô', 'Taubaté', 'Fuyu' e 'Fuyuhana'. Em menor escala, verificou-se o cultivo de 'Jirô', 'Kioto' e 'Tokyogosho'. A colheita dessas cultivares ocorriam desde janeiro até maio, dependendo da região de cultivo (Barbosa et al. 2003).

A nespereira apresentou alta adaptação no Sudeste e Sul do Brasil. Embora sua origem seja de região fria, suas folhas não caem no inverno e permanecem o ano todo na planta. Assim como o caquizeiro, Moji das Cruzes (SP) sempre foi o maior produtor de nêsperas do Brasil. Após muitos anos de observação dos acessos, nas coleções de trabalho, decidiu-se iniciar um programa de melhoramento genético buscando ampliar as alternativas ao cultivo comercial. Até então, as principais cultivares do mercado eram ‘Mizuho’ e ‘Precoce de Itaquera’. Mesmo apresentado boas características ‘Early Red’, ‘Mogui’, ‘Togoshi’ e ‘Tanaka’ não ganharam espaço importante na cultura. De 1963 a 1967 efetuaram-se cruzamentos e autofecundações com as cultivares citadas, possibilitando a seleção de ‘Parmogi’, ‘Nectar de Cristal’, ‘Centenária’ e ‘Precoce de Campinas’, esta última a mais aceita pelos fruticultores devido sua alta produtividade de frutos médios a graúdos, saborosos e quase sem mancha arroxeada na casca. O Projeto LUPA-SP mostrou que, na década de 1990, a nespereira constituía-se na oitava frutífera mais plantada, sendo Mogi das Cruzes o principal pólo de cultivo, com 66 mil indivíduos em 204 ha. Esta frutífera foi encontrada em 27 municípios, de 11 regiões paulistas, com 147 mil plantas cultivadas em 381 há. Nos últimos 30 anos, o número de plantas cultivadas diminuiu em cerca de 35% (Programa Integrado de Pesquisa, 1985). Os principais cultivares detectados foram: 'Mizuho', 'Precoce de Itaquera' (Fukuhara) e 'Precoce de Campinas'. Também foram relatados cultivos de 'Centenária', 'Mizumo', 'Mizauto', 'Parmogi' e 'Nectar de Cristal', porém em menor quantidade. O período de safra das nêsperas é bastante extenso, de abril a outubro, época de pouca chuva no Estado de São Paulo (Barbosa et al. 2003).

A figueira se difundiu por todas as regiões tropicais, subtropicais e temperadas das Américas e, segundo consta, haviam figueiras no Perú e na Flórida já em 1526 e 1575 respectivamente. Segundo Rigitano (1981), “não seria fora de propósito assegurar-se que a introdução em São Paulo se tenha verificado ao mesmo tempo que a da videira, marmeleiro e outras espécies, as quais foram trazidas pelos participantes da primeira expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, no ano de 1532”. Convencionou-se, no entanto, atribuir o mérito da primeira introdução de figueira com frutos roxos, na região de Valinhos (SP), ao imigrante italiano Lino Busatto; daí a denominação da cultivar Figo Roxo de Valinhos. Na verdade, o nome correto deste figo é ‘Brown Turkey’.

A figueira, a exemplo de outras frutíferas de clima temperado, possuía no IAC, coleções com diversos acessos, principalmente em São Roque (SP). Das várias introduções ocorridas ao longo do século XX, somente a ‘Brown Turkey’ ou ‘Roxo de Valinhos’ apresentou elevado vigor, rusticidade e produtividade. Outros figos da coleção, como: ‘Kadotta’ (ou ‘Figo Branco’), ‘Uruguay’ e ‘Celeste’, mesmo tendo apresentado razoável comportamento vegetativo não foram propagados comercialmente.

Nas regiões produtoras brasileiras, ‘Roxo de Valinhos’ constituiu-se no único cultivar utilizado comercialmente. Esse clone, já muito envelhecido, apresentou sérios problemas fitossanitários, em Valinhos e em outras regiões paulistas, como: a ferrugem (Phakopsora nishidiana) e a seca (Ceratocystes frimbriata). Após o ataque do besouro Phloetribus picipennis Eggers às figueiras, ocorre à transmissão do fungo Ceratocystes frimbriata, que é a provável causa dos sintomas de estresse verificado na espécie. Esse e outros fatores foram responsáveis pela diminuição dos plantios nessa região, migrando-se para outros estados brasileiros.

Na década de 1990, o Projeto LUPA-SP revelava que a figueira era a terceira frutífera, em número de plantas, mais cultivada no Estado de São Paulo. Com 835 mil plantas, em área de 642 ha, a ficicultura estava presente em 70 municípios paulistas, distribuídos em 25 regionais agrícolas. A figueira, nos moldes da videira e macieira, apresentou nessa pesquisa um maior número de indivíduos por área, devido à adoção de pequenos espaçamentos de plantio (Barbosa et al. 2003). Em Valinhos, na região de Campinas, encontrava-se o principal pólo, embora houvesse tendência de migração da cultura mais para o interior do Estado. Devido a problemas diversos, a cultura da figueira foi reduzida em cerca de 60%, quanto ao número de plantas cultivadas. Na década de 80 havia cerca de 2.200 mil plantas, produzindo 31 mil toneladas de figos (Programa Paulista de Fruticultura de Clima Temperado, 1983). A indústria do figo do Estado São Paulo, perdeu o seu posto, de maior pólo produtor, para o Rio Grande do Sul, porém a produção de frutos dos estados do Sudeste, ainda, é pouco maior que aos do Sul (Schneider et al., 2010). Ao contrário dos figos produzidos em São Paulo, a maioria dos frutos colhidos em Minas Gerais e Rio Grande do Sul é destinada ao processamento industrial. Em fins da década de 1990 e inicio de 2000, a figueira já era produzida na região Nordeste, como no Vale do São Francisco (PE), apresentando frutificação durante 10 meses no ano. Exportações de figo tropicais cearenses, para a Europa, já vem ocorrendo desde 2005. 

Outras frutíferas e nozes

Muitas outras frutíferas de clima temperado foram introduzidas no passado, porém poucas delas, por enquanto, obtiveram algum êxito no agronegócio brasileiro. No IAC, há relatos pormenorizados sobre a introdução e o comportamento agronômico de cereja, abricó, umê, pistache, azeitona, framboeza, amora-preta, kiwi, castanha, avelã, pecã e macadâmia.

Dentre essas, a nogueira-macadâmia foi a que obteve maior penetração na agricultura, devido às pesquisas de introdução, comportamento regional, agroindústria, economia e, principalmente, melhoramento genético de cultivares. O primeiro relato de plantio desta espécie no Brasil data de 1931, com a introdução de algumas plantas provenientes de viveiros americanos na Fazenda Cintra, em Limeira-SP (Silva e Cantuarias-Avilés, 2010). No IAC, embora existissem desde 1948, algumas plantas em observação, foi a partir de 1955 que os trabalhos experimentais com essa cultura puderam ser intensificados no IAC.  Com a introdução de 17 kg de sementes procedentes do Havaí, foram obtidas as primeiras 500 plântulas provenientes de ‘Keauhou’, ‘Waialua’ e ‘Kakea’, cujos descendentes formaram campos de observação no interior paulista, como em Campinas, Limeira e Ribeirão Preto. A partir de sementes de segunda geração destas cultivares, obtiveram-se mais 2.700 mudas que, em 1965, formaram novos campos de observação, sendo o maior deles localizado em Tietê.

Os trabalhos de melhoramento e seleção do IAC permitiram o lançamento de cerca de 20 novas cultivares e seleções bem adaptadas, sendo que as denominações ‘Keaudo’, ‘Keauré’, ‘Keaumi’, ‘Keaufa’ e ‘Waiasol’ se referem ao nome de seus paternais, acrescidos das notas musicais.  Essas e outras cultivares abriram perspectivas para a produção desse tipo de noz, em larga escala, em São Paulo e em outras regiões do País. Na década de 1970,  já se dizia que essa nogueira estava fadada a ocupar posição de realce na agricultura paulista e nacional. Os trabalhos científicos indicavam algumas cultivares mais promissores, como:  Keaudo, Keaumi, IAC 4-12B e Campinas-B, selecionadas pela boa produtividade e qualidade superior das nozes (Tombolato et al. 1986; Ojima et al., 2002). Na década de 1990, o projeto LUPA-SP registrava que a macadâmia constituía na principal nogueira de clima temperado-subtropical cultivada no Estado de São Paulo. Em área de 2.166 ha eram cultivadas 587 mil plantas, num total de 199 propriedades. Dois Córregos, região de Jaú, era o principal município produtor. Em seguida estavam classificados os municípios de Bauru, Avaré e São Sebastião da Grama que, juntos, correspondiam a 45% da área cultivada com essa nogueira no Estado. Segundo a Associação dos Produtores de Macadâmia de São Paulo (1993), havia no início da década de 1990, cerca de 370 mil nogueiras-macadâmia sendo cultivadas em 2.065 ha, representando 38% da área nacional. As cultivares mais citadas e que eram colhidas de março a maio foram: 'Keauhou', 'Keaau', 'Kau' e 'Mauka', introduzidas do Havaí, 'Keaumi', 'Keaudo' e 'Campinas-B', desenvolvidas pelo IAC e 'Aloha', obtida pela Dierberger Agrícola (Barbosa et al., 2003). Em fins da década de 2000 se estimava, no Brasil, uma área de 5.345 ha em cultivo, com produção anual de 3.350 toneladas de noz em casca, sendo São Paulo (51%), Espírito Santo (15,8%), Minas Gerais (11,9%), Bahia (9%), Rio de Janeiro (7%) e Mato Grosso (5,1%) os principais estados produtores (Silva e Cantuarias-Avilés, 2010).

O umezeiro (Prunus X mume Sieb & Zucc.) ou damasqueiro-japonês vinha sendo cultivado, especialmente pela colônia japonesa, com base em cultivares trazidas do Japão. Com a perspectiva dessa espécie, como porta-enxerto para pessegueiro, o IAC iniciou trabalhos de melhoramento genético e de manejo de planta visando obtenção de novas cultivares de umê, além de clones ananicantes de baixa exigência de frio. Nesse sentido foram desenvolvidas três cultivares tanto produtor de fruto como porta-enxerto para Prunus. São eles: ‘Umécia’, ‘Iacume’ e Umecha’, cujas características são: alta rusticidade e produtividade das plantas e completa adaptação climática às regiões subtropical-tropicais (Campo-Dall’Orto et al., 1998). Outra cultivar foi desenvolvida, em fins da primeira década de 2000, pela UNESP-Jaboticabal. Trata-se do porta-enxerto ‘Rigitano’, resultante de um projeto de pesquisa em colaboração com o IAC.  Quando testado em região quente, esse porta-enxerto proporcionou ao pêssego ‘Aurora-1’ adequada produtividade e frutos com boas qualidades pomológicas e tecnológicas (Pereira et  al., 2007). 

Videira e outras frutíferas de clima temperado – O histórico da videira e das demais frutíferas pode ser facilmente encontrado na internet, em livros e em artigos de revistas científicas. 

Manejo cultural. Concomitante às pesquisas de melhoramento, vários outros temas foram sendo desenvolvidos ao longo dos anos visando melhorar o manejo das plantas e a produtividade de frutos, com qualidade ambiental. Para atingir esses objetivos, contribuíram, em destaque, as pesquisas relacionadas à propagação seminífera e vegetativa, espaçamento, poda, raleio, nutrição, fitossanidade, ecofisiologia e pós-colheita. Existem muito exemplos desse tipo de pesquisas na literatura nacional, que muito colaboraram para a atual situação de destaque da fruticultura de clima temperado no Brasil. Exemplos desses relevantes trabalhos, realizados ao longo das décadas, podem ser encontrados na internet, em revistas técnicas e científicas, livros e em boletins bibliográficos nacionais da área (Castro et al. 1989; Neves et al, 1991; Pommer e Barbosa, 1994; Fachinello et al., 1995; Barbosa et al. 1999; Donadio, 2000, Pio, 2008).  

Conclusões 

1. Em quase 200 anos de história se observa um esforço extraordinário para se pesquisar a adaptação, a seleção de material produtivo e o desenvolvimento adequado das fruteiras de clima temperado nas condições de clima e solo de diversas regiões brasileiras. 

2. Mesmo com os notáveis esforços realizados nos séculos XIX e XX, se verifica que os maiores avanços nas pesquisas frutícolas ocorreram nos últimos 60 anos. O intercâmbio de novo material genético e de conhecimentos científicos foi um dos principais responsáveis por uma fruticultura temperada moderna e mais competitiva, em todos os setores do agronegócio nacional. 

3. Neste século XXI, novos e importantes desafios deverão ser enfrentados pelos pesquisadores da ativa e por aqueles outros que ingressarão na área. Com certeza, as dificuldades para obtenção de resultados, de real valia à fruticultura, serão cada vez maiores, haja vista a excelência da contribuição científica da velha guarda de pesquisadores. A nova geração de profissionais deverá enfrentar grandes disputas por verbas para pesquisa e maior cobrança por resultados ambientalmente sustentáveis. 

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Wilson Barbosa
Pesquisador Científico, Instituto Agronômico (IAC)
 
Rafael Pio
Engº Agrônomo


Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

BARBOSA W., PIO R.; História da fruticultura de clima temperado no Brasil, com ênfase no melhoramento genético. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2013_1/brasil/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 23/04/2013

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