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Imunocastração: mais uma importante ferramenta para o pecuarista

 

Rodrigo da Costa Gomes
Zootecnista, pesquisador de Nutrição Animal na Embrapa Gado de Corte

 

A castração dos machos é uma prática tradicional na pecuária de corte.  O intuito da castração é eliminar os efeitos dos hormônios produzidos nos testículos, deixando o animal mais dócil e facilitando o manejo. Mais um benefício da castração é que o animal castrado possui maior facilidade de depositar o que chamamos de gordura de acabamento de carcaça, que recobre e protege os cortes comerciais de carne como contra-filé, coxão mole e picanha, preservando a sua qualidade. Não fosse isso, se o animal não é castrado ele sofre mais estresse no período que antecede o abate (durante o transporte até o frigorífico, por exemplo), o que muitas vezes resulta em uma carne dura e escura, fato que acontece menos com animais castrados.

Recentemente, uma nova tecnologia revolucionou a prática da castração. Chamada de imunocastração, ela consiste na aplicação de uma vacina, de forma semelhante ao que é feito com a vacina de febre aftosa, por exemplo, substituindo a castração cirúrgica tradicional. Ao eliminar a necessidade de cirurgia, a imunocastração é muito favorável do ponto de vista de bem estar animal, pois evita o sofrimento do animal. Do ponto de vista econômico também pode ser vantajosa, pois no período logo após a castração cirúrgica, o animal perde peso, enquanto que na imunocastração isso não acontece. Além disso, existe o risco de perdas por morte na castração cirúrgica e também gastos com medicamentos, como cicatrizantes e anti-inflamatórios. Já na imunocastração, o único custo é o da própria vacina.

A vacina para imunocastração é facilmente encontrada em casas veterinárias, mas o pecuarista deve estar muito atento ao seu modo de utilização. Existem dois protocolos de uso da vacina, sendo um para animais que serão terminados em confinamento e outro para animais que serão terminados a pasto. Nos dois protocolos existe a necessidade de se aplicar duas doses da vacina, sendo que apenas após a segunda dose (reforço) o animal estará realmente castrado. No protocolo para confinamento, o período entre a primeira e a segunda dose é de 28 dias e após a segunda dose, o animal permanecerá castrado por 90 dias. No protocolo para animais a pasto, o período entre a primeira e a segunda dose é de 90 dias e o animal permanecerá castrado por 150 dias. Caso o animal não seja abatido dentro do período de ação da vacina (90 dias para confinamento e 150 dias para pasto), há necessidade de se aplicar uma nova dose, pois como visto, a ação é temporária, ou seja, não se garante a imunocastração após os períodos indicados.

Importante destacar que os protocolos devem ser seguidos à risca e que, para isso, o produtor deve ter planejamento, prevendo a época de abate do lote de animais e adotando o cronograma correto de aplicação da vacina. Importante também chamar a atenção do produtor de que a vacina “não faz mágica” e por isso ele não pode esperar que ela faça com que o seu boi fique adequadamente “acabado” (com cobertura de gordura de acabamento de carcaça desejado) de um dia para o outro. Neste ponto a imunocastração é semelhante à castração tradicional, havendo a necessidade de o boi ser submetido a uma boa nutrição por um tempo considerável, para que ele então consiga depositar a gordura de acabamento de carcaça desejada. Isto é especialmente importante para animais terminados a pasto e, portanto, recomendamos que junto com a imunocastração, o produtor disponibilize pastagens de ótima qualidade e realize uma suplementação adequada, de acordo com a época do ano.



Reprodução autorizada desde que citado a autoria e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

GOMES, R. C.; Imunocastração: mais uma importante ferramenta para o pecuarista 2014. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2014_1/imunocastracao/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 29/04/2014